Uma anti-metáfora da doença em "Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/intellectus.2025.89234

Palavras-chave:

cripstemologia, , contra-arquivo, , subversão formal, , cinema contemporâneo

Resumo

Em “Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas” (2010), uma subversão narrativa e formal emerge a partir do uso da doença como uma anti-metáfora do adoecimento. A partir das noções de patologias fílmicas, dos crip studies e teoria de cineastas, proponho analisar como a longa-metragem de Apichatpong Weerasethakul desafia narrativas capacitistas e hegemônicas, abordando o corpo doente como espaço de memória, resistência e transformação. A doença e as vidas passadas, nesse contexto, são incorporadas à estética cinematográfica em um gesto de contra-arquivo, criando um corpo-fílmico dissidente onde o adoecimento é elemento ativo na representação de uma potência de vida.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Lucas Camargo de Barros, Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa

Pesquisador e realizador cinematográfico. Especializou-se em criar narrativas reais e ficcionais em mais de 15 anos trabalhando como diretor, roteirista, montador e produtor em produtoras no Brasil e em sua própria produtora independente, a Fratura. Realizou sete curta-metragens e duas longa-metragens, "O Pequeno Mal" (2018) e "O Tubérculo" (2023), exibidas em festivais como FIDMarseille, Mostra de São Paulo, Mostra de Tiradentes e Festival de Brasília. Atualmente, Barros é programador do festival Indie Lisboa e investigador financiado com a bolsa FCT (Portugal) no programa de doutoramento em Artes na Universidade de Lisboa onde investiga patologias fílmicas e subversão formal. Barros vive e trabalha entre Lisboa e São Paulo.

Referências

Filmes

A Letter to Uncle Boonmee (2009), Dir. Apichatpong Weerasethakul, Reino Unido/Tailândia, 23 min.

Babel (2006), Dir. Alejandro González Iñárritu, EUA/México/França, 143 min.

Crash (2004), Dir. Paul Haggis, EUA/Alemanha, 112 min.

Cemitério do Esplendor (Rak ti Khon Kaen). (2015). Dir. Apichatpong Weerasethakul. Tailândia/Reino Unido/ Alemanha/França/Malásia/Coréia do Sul/México/EUA/Noruega, 122 min.

Phantoms of Nabua (2009), Dir. Apichatpong Weerasethakul, Reino Unido/Tailândia, 10 min.

Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas (2010), Dir. Apichatpong Weerasethakul, Tailândia/Reino Unido/Espanha/França/Alemanha, 115 min.

Fontes Online

Chronic Kidney Disease (CKD) (s.d.). Disponível em: https://www.kidney.org/kidney-topics/chronic-kidney-disease-ckd. Acesso em: 10 jan. 2025.

Cinematic Transformation: A Talk with Apichatpong Weerasethakul (s.d.). Disponível em: https://mubi.com/en/notebook/posts/cinematic-transformation-a-talk-with-apichatpong-weerasethakul. Acesso em: 11 jan. 2025.

O fogo encantado de Apichatpong Weerasethakul (s.d.). Disponível em: https://www.publico.pt/2010/06/09/culturaipsilon/noticia/o-fogo-encantado-de-apichatpong-weerasethakul-258657. Acesso em: 15 jan. 2025.

Primitive (s.d.). Disponível em: https://www.kickthemachine.com/page80/page22/page13/page62/index.html. Acesso em: 05 fev. 2025.

Somateca 2013: Vivir y resistir en la condición neoliberal (s.d.). Disponível em: https://www.museoreinasofia.es/actividades/somateca-2013-vivir-resistir-condicion-neoliberal. Acesso em: 02 fev. 2025.

Uncle Apichatpong Who Ruminates on the Past, Present and Future (s.d.). Disponível em: https://asiasociety.org/uncle-apichatpong-who-ruminates-past-present-and-future. Acesso em: 05 fev. 2025.

Referências Bibliográficas

AUMONT, Jacques (2004). As teorias dos cineastas. Campinas: Papirus.

BOUQUET, Stephane (2002). Plan contre flux. Cahiers du Cinéma, Paris, n. 566, pp. 46-47.

BARROS, Lucas (2021). Patologias fílmicas: subversão formal em narrativas doentes. Dissertação (Mestrado em Estudos Artísticos) – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade de Lisboa, Lisboa.

COELHO, Cassiano.; ÁVILA, Lazslo (2007). Controvérsias sobre a somatização. Revista Psiquiatria Clínica, São José do Rio Preto: FAMERP, v. 34, n. 6, pp. 278-284.

COELHO, Maria.; FERREIRA, Amauri. (2025). Cuidados paliativos: narrativas do sofrimento na escuta do outro. Revista Bioética, Brasília, v. 23, n. 2, pp. 340-348. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1983-80422015232073. Acesso em: 24 jun.

DAMÁSIO, António (2017). A estranha ordem das coisas: a vida, os sentimentos e as culturas humanas. Lisboa: Temas e Debates.

CERTEAU, Michel (2016). La escritura de la historia. México, DF: Universidad Iberoamericana.

FUKUSHIMA, Masato (2017). Sick bodies and the political body: the political theology of Apichatpong Weerasethakul’s Cemetery of Splendor. In: FRANKE, A.; KIM, H. (Org.). 2 or 3 Tigers. Berlim: Haus der Kulturen der Welt. pp. 1-10. Disponível em: https://www.hkw.de/en/tigers_publication/. Acesso em: 15 nov. 2020.

GREINER, Christine (2023). Corpos crip: instaurar estranheza para existir. São Paulo: N-1 Edições.

hooks, bell (2023). Cinema vivido: raça, classe e sexo nas telas. Tradução de Natália Engler. São Paulo: Elefante.

HOU, Susan; et al. (1983). Hospital-acquired renal insufficiency: a prospective study. American Journal of Medicine, [S.l.], v. 74, n. 2, pp. 243-248.

LALANNE, Jean-Marc (2002) C’est quoi ce plan?. Cahiers du Cinéma, Paris, n. 569, pp. 26-27.

LORDE, Audre (1984) A burst of light. Ann Habour: Firebrand Books.

MCKEE, Robert. (2017) Story: substância, estrutura, estilo e os princípios da escrita de roteiro. Curitiba: Arte & Letra.

MBEMBE, Achille (2002). The power of the archive and its limits. In: HAMILTON, C. et al. (Ed.). Refiguring the archive. Dordrecht; Boston; Londres: Kluwer Academic Publishers.

MORIN, Edgard (2015). O cinema ou o homem imaginário: ensaio de antropologia sociológica. São Paulo: É Publicações.

VIERNES, Noah. (2013). The politics of health in the films of Apichatpong Weerasethakul. Akita International University Global Review, Akita, v. 5, pp. 1-28. Disponível em: https://www.jstage.jst.go.jp/article/aiugr/5/0/5_1/_article/-char/en. Acesso em: 24 jun. 2025.

OLIVEIRA, Luiz C (2010). O cinema de fluxo e a mise en scène. São Paulo: Universidade de São Paulo.

QUANDT, James (Org.) (2009). Apichatpong Weerasethakul. Viena: Filmmuseum Synema Publikationen.

QUANDT, James (2009). "Exquisite Corpus: An Interview with Apichatpong Weerasethakul". In: James Quandt (Ed.), Apichatpong Weerasethakul. Viena: SYNEMA, pp. 125.

SCAINI, Giselli; FERREIRA, Gabriela; STRECK, Emilio (2010). Mecanismos básicos da encefalopatia urêmica. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, [S.l.]. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbti/a/W93KqTxFb8B5VQ67RrMhX7D/?lang=pt#. Acesso em: 27 jan. 2025.

SONTAG, Susan (1984). A doença como metáfora. Rio de Janeiro: Edições Graal.

TEH, David (2011). Itinerant cinema: the social surrealism of Apichatpong Weerasethakul. Third Text, [S.l.], v. 25, n. 5, pp. 595-609. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1080/09528822.2011.608973. Acesso em: 10 nov. 2020.

VARELA, Francisco; ROSCH, Eleanor; THOMPSON, Evan (1992). The embodied mind: cognitive science and human experience. Cambridge: MIT Press.

Downloads

Publicado

2025-07-10

Como Citar

CAMARGO DE BARROS, Lucas. Uma anti-metáfora da doença em "Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas”. Intellèctus, Rio de Janeiro, v. 24, n. 2, p. 69–92, 2025. DOI: 10.12957/intellectus.2025.89234. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/intellectus/article/view/89234. Acesso em: 27 jul. 2025.