Peripécias do saci, formação docente e aulas antropofágicas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/riae.2022.65318

Palavras-chave:

Saci Pererê, Formação Docente, Pedagogia Antropofágica, Cultura

Resumo

O texto evoca e reflete sobre o mito popular brasileiro do Saci Pererê como relevante elemento cultural e pedagógico no âmbito da formação docente. Ao problematizar a presença ou negação desta entidade cultural no âmbito da educação formal e das formações docentes, temos como objetivo primordial, analisar as potencialidades da figura mitológica do Saci como impulsionador de uma formação de docentes situada no contexto cultural brasileiro, numa perspectiva decolonial, crítica e criativa. Autores como Bourdieu (2001), Lobato (2005), Andrade (1924; 1928), Moraes (2015; 2016) Moraes & Therrien (2018), Paiva (2018), dentre outros, compõem a fundamentação teórica deste trabalho. Por meio de um questionário online aplicado junto a seis estudantes egressos do Mestrado de dois Programas de Pós-Graduação em Educação – PPGE – situados no Nordeste do Brasil, foi possível realizar o presente estudo. Com base nos relatos e em experiências antropofágico-formativas realizadas, percebemos o quanto a presença metafórica do Saci repercute nas formações desses sujeitos, instigando-os a alimentarem-se de saberes culturais essenciais às suas intervenções pedagógicas.

Biografia do Autor

Ana Cristina de Moraes, Universidade Estadual do Ceará

Pós-doutora em Educação (Universidade Federal do Ceará – UFC). Doutora em Educação (Universidade Estadual de Campinas-SP – UNICAMP). Mestra em Educação (UFC). Especialista em Metodologia do Ensino de Artes (Universidade Estadual do Ceará – UECE). Graduada em Arte-educação (UniGrande) e em Serviço Social (UECE). Professora Adjunta da UECE. Vinculada aos Programas de Pós-Graduação em Educação da UECE – PPGE – e ao Mestrado Acadêmico Intercampi em Educação – MAIE. Líder do Grupo de Pesquisa: Investigações em Arte, Ensino e História – IARTEH.

Referências

ANDRADE. Oswald. O Manifesto Poesia Pau-Brasil. Jornal Correio da Manhã. São Paulo, março, 1924.

ANDRADE. Oswald. Manifesto Antropófago. Revista de Antropofagia. Piratininga, ano I, n. 1, maio 1928.

BALLESTRIN, L. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 11, p. 89-117, 2013.

BARCELOS, Valdo; SILVA, Ivete S. Antropofagia cultural brasileira e educação – contribuições ecologistas para uma pedagogia da “devoração”. Revista Poiesis, v. 1, n. 1, p. 20-41, jan./abr. 2008.

BONDÍA, Jorge L. Pedagogia profana: danças, piruetas e mascaradas. 5. Ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

CANCLINI, Nestor G. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: EDUSP, 2008.

CHAVES, Pedro J. Didática, decolonialidade e epistemologias do Sul: uma proposta insurgente contra a neoliberalização do ensino escolar e universitário. Curitiba: CRV, 2021.

DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2006.

LOBATO, Monteiro. O Saci. São Paulo: Brasiliense, 2005.

MENDES, Gabriela da S.; FONSECA, Alexandre B. C. da. A questão de gênero numa perspectiva decolonial. Revista Educação Pupilar, Uberlândia, v. 19, n. 1, p. 82-101, jan./abr. 2020.

MORAES, Ana C. Pedagogia Antropofágica: Diálogos. Fortaleza: EdUece, 2015.

MORAES, Ana C. Educação Estética na Universidade: antropofagias e repertórios artístico-culturais de estudantes. Fortaleza: EdUece, 2016.

MORAES, Ana C.; Therrien, Jacques. Pedagogia antropofágica no aprofundamento do repertório de saberes culturais de estudantes de Pedagogia e seus professores. Eccos revista científica, São Paulo, n. 46, p. 53-69, mai./ago. 2018.

MORAIS, Regis. Cultura Brasileira e Educação. Campinas-SP: Papirus, 2002.

OLIVEIRA, Rosana M. Descolonizar os livros didáticos: raça, gênero e colonialidade nos livros de educação do campo. Revista Brasileira de Educação, Brasília, v. 22, n. 68, p. 11-33, jan./mar. 2017.

PAIVA, Flavio. Saciologia Brasileira. In: SOARES, Cristina; SIEBRA, L. M. Gonçalves;

ALMEIDA, M. T. Pinheiro; BATISTA, V. Louise (Orgs.). Escola: lugar de brincadeira, cultura e diversidade. Fortaleza: Editora Imprece, 2018. p. 197-204.

PEREIRA, Ondina. No horizonte do outro. Editora Universa-UCB: Brasília, 2004.

SANTOS, Vivian M. dos. Notas desobedientes: decolonialidade e a contribuição para a crítica feminista à ciência. Psicologia & Sociedade-UNOESC, Belo Horizonte, v. 30, p. 2-11, 2018.

SCHILLER, Friedrich. A Educação estética do homem. São Paulo: Iluminuras, 2011.

SILVA, Tomaz T. (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis-RJ: Vozes, 2008.

SILVA, Tomaz T. O currículo como fetiche: a poética e a política do texto curricular. Belo Horizonte: autêntica Editora, 2010.

SILVA, João P. Estágio supervisionado na formação inicial de docentes: reflexões sobre a inserção de alunos estrangeiros no curso de letras da UNILAB. 2021. 160 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Educação e Ensino) – Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos, Universidade Estadual do Ceará. 2021. 160 f. Disponível em: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=101353. Acesso em: 15 de setembro de 2021.

Downloads

Publicado

11-02-2022

Como Citar

DE MORAES, Ana Cristina. Peripécias do saci, formação docente e aulas antropofágicas. Revista Interinstitucional Artes de Educar, [S. l.], v. 8, n. 1, p. 148–164, 2022. DOI: 10.12957/riae.2022.65318. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/riae/article/view/65318. Acesso em: 26 abr. 2024.