As experiências formativas da atriz Aracy Cortes e sua qualidade mulata: o teatro de revistas como espaço de práticas educativas difusas no Rio de Janeiro dos anos 1920

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/riae.2021.63427

Palavras-chave:

gênero, Pós-Abolição, Rio de Janeiro, teatro

Resumo

A partir da trajetória de Zilda de Carvalho Espíndola (1905-1985), também conhecida como Aracy Côrtes, este trabalho se propõe a refletir sobre as desigualdades de gênero e raça na capital federal, nos anos 1920. Desta forma, suas origens, processos educativos e os espaços por onde atuou, nos permitem iluminar um caminho possível, e muitas vezes tortuoso, para a ascensão social através no universo do entretenimento. Na tentativa de articular cultura e educação, busco apreender através de suas experiências artísticas, especialmente a personagem "Mulata", um destaque na carreira dessa atriz e cantora, como os debates sobre nação, gênero e raça eram construídas nos palcos do Teatro de Revistas do Rio de Janeiro, no alvorecer do novecentos.

Referências

ABREU, M.; Marzano, A. Entre palcos e músicas: caminhos de cidadania no início da República. In: Carvalho, J. M. de; Neves, L. M. B. P. (orgs.). Repensando o Brasil do oitocentos: cidadania, política e liberdade. 2009.

ABREU, M. Da senzala ao palco: canções escravas e racismo nas Américas (1870-1930). 2017. E-book.

____. Sobre Mulatas Orgulhosas e Crioulos Atrevidos: conflitos raciais, gênero e nação nas canções populares (Sudeste do Brasil, 1890-1920). Tempo. v. 8, n. 16. 2004.

AGUIAR, M. de A. O teatro de revista carioca e a construção da identidade nacional: O popular e o moderno na década de 1920. 2013. Dissertação (Mestrado em História). Programa de Pós-Graduação em História, Universidade do Rio de Janeiro.

ALMANACK dos Theatros. Publicação Ilustrada de Alvarenga Fonseca. Typ. Villas-Boas & C., 1910.

ANJOS, J. J. T. A educação da criança pela família no século XIX: da historiografia a um problema de pesquisa. Rev. bras. hist. educ. v. 15, n. 1 (37), p. 51-81. jan./abr. 2015.

AZEVEDO, C. Onda Negra, Medo Branco: O Negro no Imaginário das Elites. 1987.

BARROS, O. Corações de Chocolat: A história da Companhia Negra de Revistas (1926-27). 2005.

BATALHA, C. H. M. A geografia associativa: associações operárias, protesto e espaço urbano no Rio de Janeiro da Primeira República. In: Azevedo, Elciene et al (org.). Trabalhadores na cidade: cotidiano e cultura no Rio de Janeiro e em São Paulo - séculos XIX e XX. 2009.

BERTUCCI, L. M., Faria Filho, L. M. & Oliveira, M. A. T. Edward P. Thompson: história e formação. 2010.

BRAGA, C. Em busca da brasilidade: teatro brasileiro na primeira república. 2003.

BRANDÃO, C. H. O que é Educação. 2005.

BRASIL. Depoimentos, v.III, 1977.

CABRAL, S. Pixinguinha: vida e obra. 2007.

CARULA, K. Darwinismo, raça e gênero: Projetos modernizadores da nação em conferências e cursos públicos (Rio de Janeiro, 1870-1889). 1ª ed., 2016.

CHARTIER, R. Pierre Bourdieu e a história – debate com José Sérgio Leite Lopes. Palestra proferida na UFRJ. 30 abr. 2002.

CHIARADIA, F. A companhia de teatro São José: a menina-dos-olhos de Paschoal Segreto. 2012.

CORRÊA, M. Sobre a invenção da mulata. Cadernos Pagu. n. 6 / 7, p. 35-50. 1996.

DANTAS, C. V. O Brasil café com leite: debates intelectuais sobre mestiçagem e preconceito de cor na primeira república. Tempo. vol.13, n. 26, p. 56-79. 2009.

DAVIS, A. Mulheres, raça e classe. 2016.

DAVIS, Natalie Zenon. Culturas do povo: sociedade e cultura no início da França moderna. 1990.

FRANCA, L. P. Teatro amador: a cena carioca muito além dos arrabaldes. 2011. Dissertação (Mestrado em História) – Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal Fluminense.

GOMES, T. de M. Um Espelho no Palco. 2004.

GONDRA, J. G. & Schueler, A. Educação, poder e sociedade no Império Brasileiro. 2008.

GUIMARÃES, A. S. A. Classes, Raças e Democracia. 2002.

HOOKS, B. Intelectuais negras. Estudos Feministas. n. 2, v. 3, 1995.

LANZARINI, J. As representações dos personagens "de cor" nas obras dramáticas de Artur Azevedo. In: Anais do XVI Encontro Regional de História da ANPUH-Rio: Saberes e práticas científicas. 2014.

LOPES, A. H. Vem cá, mulata! Tempo. v. 13, n. 26, p. 80-100. 2009.

MATTOS, H. Prefácio. In: Cooper, F, HOLT, T. C.& SCOTT, R. J. Além da escravidão: Investigações sobre raça, trabalho e cidadania em sociedades pós-emancipação. 2005.

MATTOS, H. Raça e cidadania no crepúsculo da modernidade escravista. In: Grinberg, Keila; Salles, Ricardo. (orgs.) O Brasil imperial: 1870-1889. 2009. v.3.

MENDES, J. T. O Plano Agache: Propostas para uma Cidade-Jardim Desigual. Revista Habitus: revista eletrônica dos alunos de graduação em Ciências Sociais - IFCS/UFRJ. v. 10, n. 2, p. 116-127. dez. 2012.

MOURA, R. Tia Ciata e a pequena África do Rio de Janeiro. 2a ed. 1995.

MULLER, M. L. R. A produção de sentidos sobre mulheres negras e o branqueamento do magistério no Rio de Janeiro na Primeira República. Interfaces da Educ. v. 5, n. 14, p. 68-81. 2014.

MUNANGA, K. Negros e Mestiços na obra de Nina Rodrigues. In: Almeida, A. & Ferretti, L. (orgs). Religião, Raça e Identidade: colóquio do centenário da morte de Nina Rodrigues. 2009;

NUNES, M. 40 anos de teatro, v. 1. 1956.

ORTIZ, R. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo: Brasiliense, 1986;

PEREIRA, A. A. O Mundo Negro: as relações raciais e a constituição do movimento negro contemporâneo no Brasil. 2013.

PEREIRA, L. A. de M. “Prazer das Morenas”: bailes, ritmos e identidades nos clubes dançantes da primeira República. In: Marzano, A. & Melo, V. (org.) Vida divertida: histórias do lazer no Rio de Janeiro (1830-1930). 2010;

REIS, Â. de C. Aprendizado atorial em âmbito familiar: paralelos entre o "teatro antigo" e o circo tradicional no Brasil. In: Anais do XXVIII Simpósio Nacional de História: Lugares de Historiadores: velhos e novos desafios. 2015.

____. Cinira Polônio, a divette carioca: estudo da imagem pública e do trabalho de uma atriz no teatro brasileiro da virada do século XIX. 1999.

RUIZ, R. Araci Cortes: Linda Flor. 1984.

SÁ, C. M. de. Teatro Idealizado, Teatro Possível: uma estratégia educativa em Ouro Preto (1850-1860). 2009. 244f. Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pós-Graduação em Educação.

SCHWARCZ, L. M. Nem preto nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na sociabilidade brasileira. 1ª ed. 2012.

____. O Espetáculo das Raças. 1996;

SCOTT, J. W. Gênero: uma categoria útil para análise histórica. 1991.

SOUZA, J. G. R. da C. Corpos em Busca do Belo: as mulheres negras e a beleza na Era Vargas. In: Anais do Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress. 2017.

SOUZA, S. C. M. de. Do tablado às livrarias: edição e transmissão de textos teatrais no Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX. In: Anais do IV Congresso Internacional de História. 2009.

SUSSEKIND, F. O Negro como Arlequim: Teatro e Discriminação Social. 1982.

TAVEIRA, L. de M. A Mulata e o Malandro: aspectos vocais do personagem-tipo na música do Teatro de Revista brasileiro, entre as décadas de 1880 e 1930. 2009. Dissertação (Mestrado em Música) – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

THOMPSON, E. P. A formação da classe operária inglesa: a força dos trabalhadores. 2. ed. 1989. Vol. III.

VASCONCELOS, M. C. C. A casa e seus mestres: a educação no Brasil do Oitocentos. 2005.

VELLOSO, M. P. Modernismo no Rio de Janeiro. Turunas e quixotes. 1996.

____. Os cafés como espaço na moderna sociabilidade In: LOPES, Antônio Herculano (org.). Entre Europa e África: a invenção do carioca. 2000.

VENEZIANO, N. O teatro de revista no Brasil: dramaturgia e convenções. 1991.

XAVIER, G. A hora da estrela: Maria de Lourdes Vale Nascimento e as ‘amigas leitoras’ do jornal O Quilombo. In: Pinto, A. F. M & Chalhoub, S.(orgs.). Pensadores negros – Pensadoras negras: Brasil século XIX e XX. 2016.

____. Brancas de almas negras? Beleza, racialização e cosmética na imprensa negra pós-emancipação (EUA, 1890-1930). 2012. 464f. Tese (Doutorado em História) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas.

____. Esculpindo a ‘Nova Mulher Negra’: feminilidade e respeitabilidade nos escritos de algumas representantes da raça nos EUA (1895-1904). Cadernos Pagu. n. 40, p. 255-287, jan./jun., 2013.

____. Segredos de penteadeira: conversas transnacionais sobre raça, beleza e cidadania na imprensa negra pós-abolição do Brasil e dos EUA. Estudos Históricos. vol. 26, nº 52, p. 429-450. jul./dez. 2013.

Downloads

Publicado

17-11-2021

Como Citar

PINTO, Rebeca Natacha de Oliveira. As experiências formativas da atriz Aracy Cortes e sua qualidade mulata: o teatro de revistas como espaço de práticas educativas difusas no Rio de Janeiro dos anos 1920. Revista Interinstitucional Artes de Educar, [S. l.], v. 7, n. 2, p. 754–776, 2021. DOI: 10.12957/riae.2021.63427. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/riae/article/view/63427. Acesso em: 16 abr. 2024.