Reconfigurações biopolíticas no governo da infância: O dispositivo da psiquiatrização

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/riae.2020.54583

Palavras-chave:

Dispositivo da Psiquiatrização, Inclusão Neoliberal, Biopolítica

Resumo

Neste artigo, indago quais são as condições que têm possibilitado que a psiquiatrização da infância torne-se uma de nossas grandes verdades pedagógicas. Apropriando-me da ferramenta foucaultiana de governamentalidade e biopolítica, a partir da apresentação de fragmentos em forma de dossiê do prontuário de uma criança, teço uma análise sobre o funcionamento do dispositivo da psiquiatrização e de como este engendra um tipo de regulação que, sob uma base identitária, reinsere os corpos desviantes em novos gradientes de normalidade, garantindo que mesmo os que ocupam as franjas da inclusão – os que têm escapado do já estabilizado, decifrável e bem montado script das classificações - sejam abocanhados.

Biografia do Autor

Juslaine de Fátima Abreu Nogueira, Universidade Estadual do Paraná

Doutora em Educação (UFPR). Professora adjunta do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual do Paraná (Unespar). Pesquisadora do Gilda – Grupo Interdisciplinar em Linguagem, Diferença e Subjetivação (UFPR/CNPq). E-mail: juabreunogueira@gmail.com 

Referências

BUTLER, Judith. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do sexo. In: LOURO, Guacira Lopes (Org). O Corpo Educado: pedagogias da sexualidade. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

CÉSAR, Maria Rita de Assis. Da escola disciplinar à Pedagogia do controle. Tese de doutorado. Universidade Estadual e Campinas. Faculdade de Educação. Doutorado em Educação, 2004.

COUTINHO, Karyne Dias. A emergência da psicopedagogia no Brasil. Tese de doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação. Porto Alegre: URGS, 2008.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. 17 ed. Rio de Janeiro: Graal, 2002.

FOUCAULT, Michel. Segurança, território, população. São Paulo: Martins Fontes, 2008a.

FOUCAULT, Michel. Nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008b.

FOUCAULT, Michel. A vida dos homens infames. In: ______. Ditos & Escritos. Vol. IV. Estratégia, Poder-Saber. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010, p.203-222.

JERUSALINSKY, Alfredo; FENDRIK, Silvia (Orgs.). O livro negro da psicopatologia contemporânea. 2. ed. São Paulo: Via Lettera, 2011.

LOPES, Maura Corcini. Políticas de Inclusão e Governamentalidade. Educação & Realidade, V. 34, n. 2, p. 153-169, mai./ago. 2009.

LOPES, Maura Corcini; VEIGA-NETO, Alfredo. Inclusão, Exclusão, In/Exclusão. Revista Verve, n. 20, 2011, p. 121-135.

MOYSÉS, Maria Aparecida Affonso; COLLARES, Cecília Azevedo Lima. O lado escuro da dislexia e do TDAH. In: FACCI, M. G. D.; MEIRA, M. E. E. M. (Orgs.). A exclusão dos incluídos. 2. ed. Maringá: EDUEM, 2013a.

MOYSÉS, Maria Aparecida Affonso; COLLARES, Cecília Azevedo Lima. Medicalización del comportamiento y del aprendizaje. Una coartada para el uso de la violencia contra niños y adolescentes. In: DUEÑAS, G; KAHANSKY, R; SILVER, R. (Orgs.). Patologización de la Infancia. Problemas y desafíos en las aulas. 1. ed. Buenos Aires: Noveduc, 2013b.

MOYSÉS, Maria Aparecida Affonso; COLLARES, Cecília Azevedo Lima. Medicalização: o Obscurantismo Reinventado. In: COLLARES, Cecília Azevedo Lima; MOYSÉS, Maria Aparecida Affonso; RIBEIRO, Mônica Cintrão França (Orgs.). Novas capturas, antigos diagnósticos na Era dos Transtornos. 1. ed. Campinas: Mercado de Letras, 2013c.

MOYSÉS, Maria Aparecida Affonso; COLLARES, Cecília Azevedo Lima. Dislexia y TDAH: Dónde están las evidencias? In: UNTOIGLICH, G. (Org.). En la infancia los diagnósticos se escriben en lápiz. Consecuencias de la patologización de las diferencias en la clínica y la educación. 1. ed. Buenos Aires: Noveduc, 2013d.

RAMOS do Ó, Jorge. Tecnologias de subjetivação no proceso histórico de transformação da criança em aluno a partir dos finais do século XIX. In: VEIGA-NETO, Alfredo; CASTELO BRANCO, Guilherme (Orgs.). Foucault: filosofia & política. Belo Horizonte: Autêntica, 2011, p. 175-194.

SIERRA, Jamil Cabral. Marcos da vida viável, marcas da vida vivível: o governamento da diversidade sexual e o desafio de uma ética/estética pós-identitária para teorização politico-educacional LGBT. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade Federal do Paraná. Curitiba: UFPR, 2013.

SILVA, Tomaz Tadeu da. As pedagogias psi e o governo do eu nos regimes neoliberais. In: ______(org.). Liberdades Reguladas: a pedagogia construtivista e outras formas de governamento do eu. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999, p. 7-13.

Downloads

Publicado

23-09-2020

Como Citar

NOGUEIRA, Juslaine de Fátima Abreu. Reconfigurações biopolíticas no governo da infância: O dispositivo da psiquiatrização. Revista Interinstitucional Artes de Educar, [S. l.], v. 6, n. 3, p. 983–1001, 2020. DOI: 10.12957/riae.2020.54583. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/riae/article/view/54583. Acesso em: 28 mar. 2024.