Luta antirracista na educação infantil em tempos de pandemia: o que as táticas docentes revelam?

Daise Santos Pereira, Marcia Guerra Pereira, Alana Alves Pereira, Maria Cecília Ribeiro Paixão

Resumo


A opção pela continuidade do ano letivo de 2020, na forma remota emergencial no Estado do Rio de Janeiro, resultou de deliberação político-administrativa exclusiva das instâncias de governo, cuja aplicação não foi acompanhada de um debate amplo e participativo na sociedade e, em particular, entre os profissionais de ensino, responsáveis pelos discentes e comunidade acadêmica. O objetivo deste artigo é apresentar táticas usadas por professores da educação infantil para uma educação antirracista, em meio às inadequações das instituições, realidades locais e as limitações de atendimento mínimo dos objetivos previstos na legislação brasileira relativos a cada nível de ensino. Tais astúcias dos praticantes do cotidiano são apontadas como decisivas, no sentido de evitar que a acentuada desigualdade social no interior da sociedade seja agravada pelas precárias condições de inclusão digital presentes nos lares brasileiros. Como demonstração do resultado da pesquisa, alicerçada em narrativas de docentes atuantes na educação infantil do município de Magé e interpretadas por meio da combinação dos conceitos de Boaventura de Souza Santos, Michel de Certeau e de Paulo Freire, são apresentadas três experiências do emprego de táticas que subvertem às funções atribuídas ao ensino remoto pelos gestores educacionais.


Palavras-chave


PANDEMIA 2021. ENSINO REMOTO. EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA. NARRATIVAS DOCENTES. PRODUÇÃO AUDIOVISUAL. EDUCAÇÃO INFANTIL

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DOI: https://doi.org/10.12957/redoc.2021.57270

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