a experiencialidade como resposta à tendência analítica da filosofia para crianças
DOI:
https://doi.org/10.12957/childphilo.2016.23032Resumo
As sessões de Filosofia para Crianças foram fundadas em muitos autores (como Oscar Brenifier) nos padrões analíticos e conceituais. Ainda quando são estudados elementos afetivos e emocionais, as metodologias desenvolvidas na sala de aula respondem a este formato, ou seja, as principais ferramentas de trabalho costumam ser a argumentação, a criação de definições e de descrições, a análise conceitual, a confrontação da tese ou a construção de novas teorias ou estruturas ideacionais, entre outras. Isso devido ao tipo de racionalidade sobre a qual descansam muitas teorias de Filosofia para Crianças: uma filosofia entendida como processo argumentativo, que estabelece e critica hipóteses e estrutura analiticamente a realidade. No entanto, os séculos XX e XXI trouxeram outras formas de filosofia: a razão vital e narrativa de Ortega y Gasset, a razão poética de Maria Zambrano, a razão dramática de Sartre, os sons místicos de Heidegger e a razão ontológico-estética de Gadamer ou de Bejnamin, para citar apenas alguns exemplos. Alguns autores fizeram aproximações estéticas na Filosofia para Crianças, por exemplo, as reflexões artísticas de Kohan e Vaksman, que têm trabalhado com objetos de arte e Sátiro, que materializou traduções do plástico para o oral e vice-versa. Não obstante, é urgente refletir sobre uma modalidade de Filosofia para Crianças cujo foco de interesse não seja exclusivamente a reflexão sobre material novo senão o trabalho com material novo. Dessa forma, se criaria um pensamento para além dos modos analíticos tradicionais: compreender não consistiria somente em uma ação crítica, mas em uma forma de pensar sem palavras. O presente trabalho propõe uma aproximação à Filosofia para Crianças desde uma dessas racionalidades: a experiência da vida ou a experiencialidade.