Caracterização sociodemográfica e ecológica da malária entre indígenas da Amazônia paraense de 2013 a 2022
DOI:
https://doi.org/10.12957/reuerj.2024.87139Palavras-chave:
Sistemas de Informação Geográfica, Perfil Epidemiológico, Análise Espacial, Malária, Povos IndígenasResumo
Objetivo: analisar a dinâmica sociodemográfica e ecológica da incidência da malária entre indígenas segundo os distritos sanitários especiais indígenas da Amazônia paraense. Método: estudo epidemiológico, de corte transversal e abordagem quantitativa, realizado com dados secundários do estado do Pará, correspondentes ao período de 2013 a 2022. Os dados são originados do Ministério da Saúde e foram analisados por meio de estatística descritiva, dispensando apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: o estudo apontou maior ocorrência de malária entre jovens (n=7.304, 31,3%), no sexo masculino (n=13.137, 56,3%) e em pessoas com ensino fundamental incompleto (n=11.761, 50,4%). Predominou a forma clínica da doença por Plasmodium vivax (n=21.485, 92,1%) e maior proporção de diagnóstico por gota espessa/esfregaço (n=17.358, 74,4%). Houve tendência de crescimento da incidência parasitária anual no Distrito Rio Tapajós (p=0,022). Conclusão: a ocorrência da malária é desigual entre os distritos sanitários indígenas, sendo mais incidente no Rio Tapajós, configurando maior risco de adoecimento.
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