Percepções de estudantes de graduação em Nutrição sobre atitudes e características atribuídas às pessoas com excesso de peso e estigmas associados
DOI:
https://doi.org/10.12957/demetra.2025.79375Palabras clave:
Excesso de peso. Estigma de peso. Nutrição. Nutricionista.Resumen
Introdução: O excesso de peso é um problema social e de saúde pública complexo. Vivendo o paradoxo entre um ambiente obesogênico e a lipofobia social, pessoas se afastam dos serviços de saúde devido ao estigma de peso. Objetivo: O objetivo deste estudo foi analisar as percepções de estudantes de Nutrição sobre excesso de peso, atitudes e características atribuídas às pessoas com excesso de peso e os estigmas associados a elas. Método: Participaram 20 estudantes de universidade pública, com idade entre 18 e 30 anos, a maioria mulheres solteiras. Foram aplicadas as Escalas de Atitudes Antiobesidade e entrevistas coletivas semiestruturadas. Os dados foram analisados com auxílio do Excel e as entrevistas submetidas à análise temática segundo Bardin. Resultado: Atitudes negativas em relação às pessoas com excesso de peso foram associadas à crença de que o peso pode ser controlado pelo próprio indivíduo, com percepções focadas em aspectos biológicos e da clínica nutricional. As abordagens e estratégias nutricionais foram focadas em mudanças comportamentais, sem considerar as condições de vida e os contextos econômico, social e cultural das pessoas. As atitudes antiobesidade foram refutadas quando relacionadas ao julgamento do caráter e da depreciação social, mas passaram despercebidas quando motivadas na responsabilização e culpabilização do indivíduo. Tais atitudes, reforçada pela gordofobia social e por pressões mercadológicas, acentuam o preconceito e tornam-se um obstáculo ao cuidado nutricional humanizado. Conclusão: A formação de nutricionistas deve ampliar o debate sobre o estigma social em relação às pessoas com excesso de peso.
Descargas
Citas
1. World Health Organization (WHO). TacklingNCDs: 'bestbuys' and other recommended interventions for the preventionand control of non communicable diseases. World Health Organization. 2017. [Acesso 10 jan. 2022]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/259232.
2. Poulain JP. Sociologia da obesidade. São Paulo: Editora Senac, 2013.
3. Ferreira FR, Prado SD, Carvalho MC, Kraemer FB. Biopower and biopolitics in the field of Food and Nutrition. Revista de Nutrição [online]. 2015, fev;28(1): 109-119. https://doi.org/10.1590/1415-52732015000100010.
4. Swinburn BA, Kraak VI, Allender S, Atkins VJ, Baker PI, Bogard JR, et al. The Global Syndemic of Obesity, Undernutrition, and Climate Change: The Lancet Commission report. The Lancet [online], 2019, Jan. 27;393(10173): 791-846. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32822-8.
5. Martins, APB. É preciso tratar a obesidade como um problema de saúde pública. Revista de Administração de Empresas [online], 2018, maio; 58(3): 337-341. https://doi.org/10.1590/S0034-759020180312.
6. Alvarenga M, Figueiredo M, Timerman F, Antonaccio C, (orgs.). Nutrição Comportamental. 2 ed. São Paulo: Manole, 2019.
7. Padrão SM, Aguiar OB, Barão GOD. Educação alimentar e nutricional: a defesa de uma perspectiva contra hegemônica e histórico-crítica para educação.DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde [online], 2017, jul;12(3): 665-682. https://doi.org/10.12957/demetra.2017.28642.
8. Almeida GM de, Oliveira KHD de, Monteiro JS, Medeiros MAT de, Recine, EGIG. Educational training of nutritionists in Public Health Nutrition: A systematic review. Revista de Nutrição [online]. 2018, fev;31(1): 97-117. https://doi.org/10.1590/1678-98652018000100009.
9. Sant’Anna DB. Gordos, magros e obesos: uma história de peso no Brasil. São Paulo: Estação Liberdade, 2016.
10. Copetti AVS, Quiroga CV. A influência da mídia nos transtornos alimentares e na autoimagem em adolescentes.Revista de Psicologia da IMED [online]. 2018, dez. 11;10(2): 161-177. [Acesso 15 jan.2023]. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S2175-50272018000200011&script=sci_abstract.
11. Wolf N. O mito da beleza: como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres. 16 ed. Rio de Janeiro: Rosa dos tempos, 2021.
12. Paim MB, Kovaleski DF. Análise das diretrizes brasileiras de obesidade: patologização do corpo gordo, abordagem focada na perda de peso e gordofobia. Saúde e Sociedade [online]. 2020;29(1) e190227. https://doi.org/10.1590/S0104-12902020190227.
13. Conselho Federal de Nutricionistas, Vanille Valério Barbosa Pessoa Cardoso (org). IV Encontro Nacional de Formação Profissional: ressignificação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN): consolidação e inovações necessárias à formação de qualidade do nutricionista (Relatório Final). Brasília, D.F, 2020. ISBN: 978-65-994383-0-1 (Publicação Eletrônica). [Acesso 14 jan. 2022]. Disponível em: https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2021/04/Livro_Encontro_Nacional_de_Forma%C3%A7%C3%A3o_Profissional_CFN.pdf.
14. Obara AA, Alvarenga MDS. Adaptação transcultural da Escala de Atitudes Antiobesidade para o português do Brasil. Ciência & Saúde Coletiva [online], 2018;23(5): 1507–1520. https://doi.org/10.1590/1413-81232018235.17252016.
15. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São Paulo: Hucitec Editora Ltda., 2014.
16. Batista EC, Matos LAL de, Nascimento AB. A entrevista como técnica de investigação na pesquisa qualitativa. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada [online]. 2017 jul;11(3):23-38. [Acesso 14 jan. 2022]. Disponível em: https://portaldeperiodicos.animaeducacao.com.br/index.php/rica/article/view/17910.
17. Minayo MCS, Costa AP. Fundamentos Teóricos das Técnicas de Investigação Qualitativa. Revista Lusófona de Educação [online], 2018, ago;40(40): 139-153. https://doi.org/10.24140/issn.1645-7250.rle40.01.
18. Bardin L. Análise de conteúdo. 1. ed. São Paulo: Edições 70, 2011.
19. Sousa JR. de, Santos SCM dos. Análise de conteúdo em pesquisa qualitativa: Modo de pensar e de fazer. Revista Pesquisa e Debate em Educação [online], 2020;10(2): 1396-1416. https://doi.org/10.34019/2237-9444.2020.v10.31559.
20. Câmara, RH. Análise de conteúdo: da teoria à prática em pesquisas sociais aplicadas às organizações. Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia [online]. Belo Horizonte, 2013;6(2): 179-191. [Acesso 26 jul. 2022]. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-82202013000200003&lng=pt&nrm=iso.
21. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). Diretrizes brasileiras de obesidade.4. ed. São Paulo, SP, 2016. [Acesso 05 jan. 2022]. Disponível em: https://abeso.org.br/wp-content/uploads/2019/12/Diretrizes-Download-Diretrizes-Brasileiras-de-Obesidade-2016.pdf.
22. Lysen LK, Israel DA. Nutrição no controle de peso. In: Mahan LK, Escott- Estump S, Raymond JL (Orgs). Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia.13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2013, pp 931-982.
23. Rezende FAC, Penaforte FR de O, Martins P.C. Obesidade, doenças crônicas e comportamento alimentar. São Paulo: IACI Editora, 2021.
24. Obara AA, Vivolo SRGF, Alvarenga MDS. Preconceito relacionado ao peso na conduta nutricional: um estudo com estudantes de Nutrição. Cadernos de Saúde Publica [online], 2018;34(8): e00088017. https://doi.org/10.1590/0102-311X00088017.
25. Alvarenga MDS, Obara AA, Takeda GA, Ferreira SRG. Anti-fat attitudes of Nutrition undergraduates in Brazil toward individuals with obesity. Ciência & Saúde Coletiva[online], Rio de Janeiro, 2022, fev;27(2): 747-760. https://doi.org/10.1590/1413-81232022272.02342021.
26. Cassiano GS, Carvalho-Ferreira JP, Buckland NJ, Cunha DT da. Do registereddietitians, nutritionstudents, andlaypeopleperceiveindividualswithobesitydifferently? Internationaljournalofenvironmentalresearchandpublichealth [online]. 2021, set;18(17): 8925. PubMed PMID: 34501514. PubMed Central PMCID: PMC8431474. https://doi.org/10.3390/ijerph18178925.
27. Geissler, ME, Korz V. Atitudes de enfermeiros de equipe da Saúde da Família em relação à obesidade. DEMETRA AlimentaçãoNutrição&Saúde[online], v. 15, p. e46085, 2020. https://doi.org/10.12957/demetra.2020.46085.
28. Moraes M de M, Silva APM da, Santos GM dos, Ferreira MMA, Araújo DBM, Castanho P, et al. Atitudes negativas e estigma social quanto a obesidade entre estudantes de ciências da saúde. Revista Saúde & Ciências [online]. 2021 jan-abr;10(1). https://doi.org/10.35572/rsc.v10i1.475.
29. Bergamini GB, Germano GR, Cassiano GS, Cunha DT. As atitudes antiobesidade do público leigo e sua relação com características sociodemográficas. In: Anais do XXIX Congresso de iniciação científica da UNICAMP, 2021, Campinas: Editora Unicamp, 2021. [Acesso 17 jul.2022]. Disponível em: https://www.prp.unicamp.br/inscricao-congresso/resumos/2021P18029A35767O4855.pdf.
30. Conselho Federal de Nutricionistas (CFN). Inserção profissional de nutricionistas no Brasil. 1ed. Brasília: CFN, 2021. [Acesso 17 jun. 2022]. Disponível em: https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2019/05/CARTILHA%20CFN_VERSAO_DIGITAL.pdf?fbclid=IwAR0uypYRdbnoFbs_aR4PIAKygN3PC4-BUFJfPCD2tszfAXtxG1y0KE1HvLs.
31. Cori G da C, Petty MLB, Alvarenga MDS. Atitudes de nutricionistas em relação a indivíduos obesos - um estudo exploratório. Ciência saúde coletiva [Internet]. 2015 Feb;20(2):565-76. https://doi.org/10.1590/1413-81232015202.05832014.
32. Rodrigues DC, Guedes GC, Fernandes LM, Oliveira JLC de. Estigmas dos profissionais de saúde frente ao paciente obeso: uma revisão integrativa. Juiz de Fora: Hu Revista [online], 2016;42(3): 197-203. [Acesso 22 jan. 2022]. Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2016/12/827169/2497-15506-1-pb.pdf.
33. Rubino F, Phul RM, Cummings DE, Eckel RH, Ryan DH, Mechanick JI, et al. Joint international consensus statement for endingstigmaofobesity. Nature medicine, 2020;26(4): 485-497. https://doi.org/10.1038/s41591-020-0803-x.
34. Burlandy L, Castro IRR de, Recine E, Carvalho CMP de, Peres J. Reflexões sobre ideias e disputas no contexto da promoção da alimentação saudável. Cad Saúde Pública [online]. 2021;37:e00195520. https://doi.org/10.1590/0102-311X00195520.
35. Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. 2. Ed., 1 reimp. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. [Acesso 11 jan. 2022]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf.
36. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual de implantação de serviços de práticas integrativas e complementares no SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2018a. [Acesso 31 jan. 2022]. Disponível em: https://www.saude.mg.gov.br/images/documentos/manual_implantacao_servicos_pics.pdf.
37. Conselho Federal de Nutricionistas. Resolução no 679, de 19 de janeiro de 2021. Regulamenta o exercício das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) pelo nutricionista e dá outras providências. Diário Oficial da União 2021. [Acesso 30 jan. 2022]. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/- /resolucao-n-679-de-19-de-janeiro-de-2021-299790857.
38. Villela MCE, Azevedo E. de. Controle de si e cuidado de si: uma reflexão sobre a ciência da nutrição. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde [online], 2021, abr;16:e47183. ISSN 2238-913X. https://doi.org/10.12957/demetra.2021.47183.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Lucia Maria Latini Sacom, Giane Moliari Amaral Serra Serra , Thais Salema Nogueira de Souza

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
DECLARACIÓN DE RESPONSABILIDAD
Título del manuscrito: ________________________________________________________
1. Declaración de responsabilidad
Certifico mi participación en el trabajo arriba titulado y hago pública mi responsabilidad por su contenido.
Certifico que el manuscrito representa un trabajo original y que ni éste ni ningún otro trabajo de mi autoría, en parte o en su totalidad, con contenido sustancialmente similar, fue publicado o fue enviado a otra revista, ya sea en el formato impreso o en el electrónico, excepto el descrito en el anexo.
En caso de aceptación de este texto por parte de Demetra: Alimentação, Nutrição & Saúde, declaramos estar de acuerdo con la política de acceso público y derechos de autor adoptada por Demetra, que establece lo siguiente: (a) los autores conservan los derechos de autor y la concesión a la revista el derecho de la primera publicación, el trabajo se licencia simultáneamente bajo la Licencia Creative Commons Attribution, que permite compartir el trabajo con el reconocimiento de autoría y la publicación inicial en esta revista; (b) los autores están autorizados a firmar contratos adicionales por separado para la distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicado en esta revista (por ejemplo, publicación en un repositorio institucional o capítulo de libro), con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista; y (c) a los autores se les permite y alientan a publicar y distribuir su trabajo en línea (por ejemplo, en repositorios institucionales o en su página personal) en cualquier momento antes o durante el proceso editorial, ya que esto puede conducir a cambios productivos, así como aumentar el impacto y la cita del trabajo publicado.
2. Conflicto de interesses
Declaro no tener conflicto de intereses con el presente artículo.
Fecha, firma y dirección completa de todos los autores.