FAÇA O QUE EU DIGO, MAS NÃO O QUE EU FAÇO: UMA ANÁLISE DE DISCURSO SOBRE PRÁTICAS ALIMENTARES E CORPORAIS ENTRE GRADUANDOS EM EDUCAÇÃO FÍSICA E NUTRIÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.12957/demetra.2014.14065Resumo
O objetivo principal desta pesquisa foi apreender e interpretar os sentidos e significados que discentes de Educação Física e Nutrição atribuem às práticas alimentares e corporais, no âmbito da graduação na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Trata-se de um estudo sociológico e antropológico com abordagem compreensiva, em que adotamos a estratégia metodológica de articular observação etnográfica (direta e participante) – no período de 2012 a 2014 – e entrevistas informais e em profundidade com alguns destes graduandos. Também foram registradas imagens com fotografia do ambiente pesquisado. Esta pesquisa permitiu compreender que os sentidos e significados atribuídos a estas práticas são influenciados pelos papeis sociais que os alunos assumem neste contexto. Assim, analisamos as relações sociais que estão presentes nessa comensalidade. Observamos que os discentes destes cursos não abandonam as regras do campo, pois segui-las os distingue socialmente, sendo a distinção social um dos sentidos subjacentes à prática do discurso, visto que este pode capitalizar, ou não, os sujeitos. Eles utilizam a adequação à regra no falar e utilizam uma outra postura no comer e no (não) se exercitar por lidar o tempo todo com estas duas realidades na vida. Os graduandos querem seguir o padrão valorizado no campo, por isso falam de acordo com a expectativa do que deveria ser feito, mesmo que suas falas estejam dissonantes do que realmente comem e do quanto se exercitam. Para nos auxiliar na análise desta defasagem entre o que se fala e o que se faz nas práticas do comer e do se exercitar destes universitários, construímos uma ferramenta metodológica-instrumental e nomeamos esta categoria analítica/concepção de décalage. Por intermédio da décalage, observamos de que forma os alunos lidam com as regras atreladas à promoção da saúde e prevenção de doenças (disseminadas em seus cursos e que perpassam pelas práticas físicas e alimentares). Trata-se de uma questão complexa em virtude da natureza contraditória do ser humano, acarretando numa contradição implícita em suas práticas. Concluímos que o falar e o fazer se apresentam entrelaçados em um sistema de símbolos construídos em um campo específico, segundo regras de um jogo construído neste campo, que confere distinção aos agentes, que seguem interesses diversos. A categoria analítica contribuiu na organização das trocas simbólicas, as quais demandam um saber específico do campo em questão e das relações sociais em que são (re)produzidos os sentidos e significados nas práticas alimentares e físicas.
DOI: http://dx.doi.org/10.12957/demetra.2014.14065
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