MRS DALLOWAY E A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO: o íntimo como problema ético-político do direito
DOI:
https://doi.org/10.2005/cj.v10i1.85753Palabras clave:
Mrs Dalloway, Virginia Woolf, Sujeito, Revolta íntima, Linguagem poética.Resumen
O presente artigo explora e tem como objeto o conceito de sujeito presente na obra Mrs Dalloway, de Virginia Woolf, para além do absoluto e da razão, enfatizando a necessidade de apropriação da intimidade e dos relatos pessoais fora da normatividade, campo ético por vezes violento. Utilizando o método de pesquisa bibliográfico-documental, a análise da obra passa pelos conceitos psicanalíticos de revolta íntima em Julia Kristeva e opacidade do sujeito em Judith Butler. O principal objetivo deste trabalho é demonstrar que o sujeito não é uma entidade autossuficiente, mas um processo que ocorre em interação com o Outro, necessitando de uma reformulação da linguagem normativa que inclua aspectos poéticos e íntimos, ou seja, não violentos. A proposta não é romper com a racionalidade, mas reformulá-la à luz das experiências literárias, reconhecendo a importância tanto da linguagem simbólica (normas, discursos políticos) quanto da semiótica (balbucios, gestos) na formulação da linguagem poética, esfera da literatura. Conclui-se então que, através da linguagem poética de Woolf, o íntimo pode ser político enquanto opera como uma ponte entre o sensível e o inteligível, possibilitando um fluxo de perspectivas que reconhece a intimidade não como expressão da subjetividade isolada, mas como um caminho para se encontrar com o Outro.
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