O CONCEITO SCHMITTIANO DE IMAGEM MÍTICA: um método para analisar a relação entre Direito e Arte
DOI:
https://doi.org/10.2005/cj.v10i1.85424Keywords:
Carl Schmitt, Imagem mítica , Direito e arte, Giorgio Agamben, Jogo/peça/brincadeiraAbstract
O texto se debruça sobre o método desenvolvido por Carl Schmitt (1888 – 1985) para analisar imagens míticas. Faço uma leitura bastante atenta do texto schmittiano, buscando entender como este conceito se desenvolve a partir da tentativa de Schmitt de alertar seus contemporâneos acerca dos riscos para o sistema parlamentar do potencial de mobilização das massas das imagens míticas fascistas e mostrando como ele, depois, transplanta este conceito para a análise de obras teóricas (o Leviathan hobbesiano) e literárias (o Hamlet shakespeariano), complexificando-o, me proponho a complementá-lo teoricamente ao fim do texto a partir da obra de Giorgio Agamben (1942), mostrando como ele se mostra um método não só relevante ainda, mas especialmente útil para tratar do jurídico-político nas mais diversas formas de produção artística sem, com isso, ser vulnerável a apropriações políticas. Ao mesmo tempo, esta própria forma de apropriação da arte nos força a repensar o Direito a partir da perspectiva do jogo/peça/brincadeira (Spiel), responsável pela afirmação cocriativa, pelo espaço público, da ordem jurídico-política.
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