martin buber e donald wood winnicott: limiares e deslocamentos conceituais como aposta da pesquisa com bebês

Resumo

O artigo busca estreitar fronteiras entre áreas de conhecimento distintas ao aproximar os trabalhos de Martin Buber (Antropologia Filosófica) e Donald Wood Winnicott (Psicanálise). Nesse deslocamento são centrais conceitos como relação, entre, estreita aresta, linha de demarcação e outros. Aproximar Martin Buber e Donald Wood Winnicott se confirma como aposta na tessitura de itinerários com e sobre bebês como gesto de respeito, olhar e escuta dos seus modos de ser e de se expressar como gestos constituintes da pesquisa. A dimensão relacional desponta-se como horizonte de um ethos de pesquisa pautado na construção de laços de inteireza que visa constituição da confiança e cumplicidade entre pesquisador/ra e bebês. Para Buber (1974), uma linha de demarcação deve ser traçada a cada dia por cada homem.  Segundo Winnicott (2014), em cada bebê há uma centelha vital que o impele a viver. Ao pôr em relação os dois estudiosos, é possível deduzir que no encontro entre adultos e bebês há um esforço para reconhecerem-se como pessoas. Aos primeiros, impõem-se a generosidade da partilha. Aos últimos, faz-se o convite para o mundo. Convite para o qual os bebês lançam-se com a tenacidade e o ímpeto dos movimentos inaugurais. Em cotejo e diálogo com os referidos autores, compreende-se que o princípio ontológico do homem é a relação, que inaugura e institui a marca do existir humano. Nesse sentido, propor pesquisas pautadas nessa dinâmica, coaduna-se com dimensões éticas, estéticas e políticas da produção de conhecimento em Ciências Humanas, alargando seus limiares para o viver humano.