peter pan: o líder e seus seguidores. uma experiência de filosofia com crianças
DOI:
https://doi.org/10.12957/childphilo.2019.42479Palavras-chave:
educação, ética, bullying, literaturaResumo
A filosofia e a literature estão unidas por fortes laços que se evidenciam em ambas disciplinas: são muitos os textos literários e filosóficos nos quais se pode rastrear as influências recíprocas. Nesta experiência de filocosia com crianças, se partiu de uma obra clássica, Peter Pan, para motivar alunos da educação infantil. Os objetivos eram: a) desenvolver o pensamento crítico e ético através da problematização da vida escolar; b) desenvolver habilidades de análise, síntese, inferência, argumentação, questionamento e pensamento criativo; c) que os alunos relacionassem suas experiências cotidianas com as situações que surgem na história. Peter Pan retrata um arquétipo muito popular de nosso tempo: o líder. Peter é inteligente e simpático, possui a valentia e o carisma suficientes para seduzir os meninos perdidos, aos pele-vermelhas e a Wendy e seus irmãos. Sua imaginação e paixão pela aventura fazem dele ainda mais atraente. Peter também encarna defeitos que reconhecemos em muitos líderes: vaidade, egoísmo e falta de responsabilidade. Para exercer poder, conta com a submissão dos meninos perdidos. Se no texto ambas condutas nos parecem naturais, ao identificá-las na vida cotidiana de nossas escolas, só podemos nomeálas com palavras como bullying, abuso, agressão, vítimas... Esta experiência mostrou que as obras literárias podem servir como gatilho para a reflexão e o debate, tanto da vida escolar como sobre dilemas da vida cotidiana trazidos pelos alunos; permitiu o questionamento sobre as relações entre os pares e a discussão sobre suas posturas; também foi possível apreciar as possibilidades que um espaço para potencializar a imaginação abre. Quanto aos professores, puderam conhecer e comprovar a função problematizadora das perguntas, ainda que só alguns tenham aprendido a formulá-las. Uma formação escassa em pensamento crítico diminue sua capacidade para implementar estratégias que contribuam para o desenvolvimento das habilidades mencionadas.Downloads
Referências
Agratti, L.V. (2016) “La práctica de la filosofía en la educación y el propósito de que cada vez sean más los que se representen el mundo como propio”. En: Kohan, W.O., Lopes S. y Martins, F. (orgs.) O ato de educar em uma língua ainda por ser escrita, Rio de Janeiro: Nefi.
Álvarez, J.P (2015) “No hay quien pueda pensar por otro”. Entrevista a Walter O. Kohan. En: J. E. Pérez, J.P. Álvarez y C. Guerra Eds.), Hacer filosofía con niños y niñas. Entre educación y filosofía. Valparaíso: Universidad de Valparaíso.
Barrie, J, M. (2002). Peter Pan. Barcelona, España: José J. de Olañeta. Ed.
Charabati, E. (2006). Los amigos de Peter Pan. México: Fundación para la Educación Colegio Hebreo Maguén David.
Defrance, B. (2005): Disciplina en la escuela, España, Ed. Morata.
Hawken, J. (2016). Philosopher avec les enfants : enquête théorique et expérimentale sur une pratique de l’ouverture d’esprit [Filosofar con los niños: encuesta teórica y experimental sobre una práctica e la apertura de espíritu] (Tesis doctoral). Paris: Université Panthéon-Sorbonne, Paris.
Kohlberg, L., Power, F. y Higgins, A. (1997). La educación moral. España: Gedisa.
Lipman, M, Sharp, A.M. y Oscayan, F.S. (1992). La filosofía en el aula. Madrid: Ediciones de la Torre.
Maulini, Olivier (1998). “La question: un universel mal partagé”, en: Educateur, n°7, p.13-20. Recuperado de https://archive-ouverte.unige.ch/unige:35542.
Maulini, O. (2005). Questionner pour enseigner & pour apprendre. Le rapport au savoir dans la classe. Paris: ESF.
Skliar, C. (2017). Pedagogías de las diferencias. Bs. AS: Noveduc.
Tozzi, M. (1999). Apprendre a philosopher au cours de morale, Bruxelles: Entre-vues.
Tozzi, M. (2008). Pensar por sí mismo: iniciación a la pedagogía de la filosofía. Madrid: Editorial Popular.