tornar-se calunga: participação e subjetivação política de crianças e jovens
DOI:
https://doi.org/10.12957/childphilo.2023.72948Palavras-chave:
participação, infâncias, juventudes, subjetivação, educaçãoResumo
O artigo pretende discutir processos de subjetivação política de crianças e jovens a partir de recortes de uma pesquisa realizada no âmbito de mestrado em educação, apresentando uma cartografia da participação política de crianças e jovens moradoras de territórios vulnerabilizados do município de São Vicente, no litoral Sul de São Paulo, integrantes de coletivos e ações educativas do Instituto Camará Calunga. Os conceitos de participação e subjetivação se apresentam como elementos importantes dos processos de politização, retratando o modo pelo qual crianças e jovens se engajam politicamente de diferentes formas, coordenadas ou apoiadas por adultos, representando a si mesmas ou apoiando os adultos em suas demandas, contrapondo a noção de que as crianças não agem politicamente ou de que o modo ideal de participação de crianças e jovens seria a produção de consenso e não haveria espaço para a contestação. A pesquisa ocorreu em meio a pandemia de COVID-19, fundamentalmente de modo virtual, mas traça uma continuidade com as práticas de participação do Instituto no período pré-pandêmico. A pesquisa fez uso do método cartográfico, de modo virtual e presencial no contexto do trabalho vivo, da convivência cotidiana com crianças, jovens e educadores do Camará, por meio de entrevistas semiestruturadas e diários de campo.
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