Abordagens de ensino de língua portuguesa no livro didático: o caso das “classes gramaticais invariáveis”

Resumo

Desde que as políticas públicas de aquisição e distribuição de materiais didáticos para as escolas de educação básica passaram a ser coordenadas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que o livro didático de língua portuguesa vem sendo objeto de estudo de diferentes perspectivas teóricas. Dentre as orientações, destaca-se a Linguística Aplicada, que também busca entender como os materiais de língua tratam metodologicamente o ensino de tópicos linguísticos. Pesquisas recentes demonstram que, em relação aos conhecimentos gramaticais, o livro didático de língua portuguesa tem mobilizado várias abordagens de ensino, o que de alguma forma interfere no modo como se ensina a língua materna na escola. Nesse sentido, o presente artigo busca investigar as abordagens de ensino das classes gramaticais invariáveis em exercícios de livros didáticos de português destinados aos anos finais do ensino fundamental publicados entre 1999 e 2020. Tendo como base teórica as reflexões de Halliday, McIntosh e Strevens (1974), como também as de Bloom et al. (1972), estudamos oito coleções de livros didáticos de língua portuguesa destinados aos anos finais do ensino fundamental e aprovados no PNLD a partir da identificação e descrição das abordagens de ensino presentes nas obras, bem como os movimentos de conservação e mudança no desenvolvimento de tais abordagens. A análise das coleções realizado a partir deste estudo de natureza documental confirmou a coexistência de abordagens descritivas e produtivas de ensino das classes gramaticais invariáveis no livro didático de língua portuguesa demonstrando que o material didático, através do tempo, procura equilibrar posturas conservadoras e inovadoras no que se refere ao ensino de gramática, o que configura lenta mudança na efetivação de um ensino de língua que valorize a ampliação de competências de uso efetivo da linguagem em diferentes contextos sociais.