A exposição ocupacional relatada por pacientes com leucemia e com síndrome mielodisplásica e no Rio de Janeiro, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.12957/bjhbs.2019.53050Resumo
Introdução: Pouco se sabe sobre os agentes ocupacionais e a
ocorrência de leucemias e síndromes mielodisplásicas no Brasil.
Objetivo: Nosso objetivo foi traçar o perfil sociodemográfico
e ocupacional de pacientes com leucemia e com síndrome
mielodisplásica atendidos em dois hospitais de referência
na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Métodos: Realizamos um
estudo de 229 séries de casos, selecionadas no período de 2000
a 2006. Entrevistas foram realizadas com pacientes para obter
informações sobre história familiar, fatores de risco de estilo
de vida, histórico residencial, histórico ocupacional e de exposições
ocupacionais e não-ocupacionais, e foi utilizado um
questionário estruturado. Foram calculadas a frequência e a
duração das atividades ocupacionais relacionadas às exposições
relatadas pelos participantes. O nível de exposição de
cada indivíduo foi classificado como baixo, moderado, alto
ou muito alto. Resultados: Os produtos químicos de limpeza
e desinfecção, seguidos de gasolina e óleo lubrificante, foram
as principais exposições observadas. A maioria das exposições
ocorreu em baixas frequências. No entanto, para benzeno,
solventes, diluentes e combustão de carvão, a maior prevalência
foi observada para exposições moderadas. Além disso,
observou-se que os padrões de exposição das substâncias
variaram para cada grupo, sugerindo que a intensidade da
exposição foi determinada por tipos específicos de substâncias.
Conclusão: A vigilância da exposição a solventes é ainda insipiente, como tentativa de reduzir a incidência de leucemia. Como a ocupação é um fator de risco evitável, as estratégias de prevenção primária e a promoção da saúde nos locais de trabalho devem ser uma prioridade nas políticas de prevenção do câncer no Brasil.
Descritores: Leucemia, Saúde do Trabalhador, Síndromes
Mielodisplásicas, Epidemiologia.
Downloads
Referências
Ferlay J, Soerjomataram I, Dikshit R, et al. Cancer incidence
and mortality worldwide: sources, methods and major patterns
in GLOBOCAN 2012. Int J Cancer. 2015;136(5):E359-86.
Miranda-Filho A, Piñeros M, Ferlay J, et al. Epidemiological
patterns of leukaemia in 184 countries: a population-based
study. Lancet Haematol. 2018;5(1):e14-24.
Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer
José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e
Vigilância. Estimativa 2018 Incidência de Câncer no Brasil. Rio
de Janeiro: INCA; 2018. Available in: http://www.inca.gov.br/
estimativa/2018/estimativa-2018.pdf. Accessed on Nov 11,
The American Cancer Society medical and editorial content
team. https://www.cancer.org/cancer/myelodysplastic-syndrome/
about/key-statistics.html. Accessed on March 25, 2019.
Straif K. The burden of occupational cancer. Ocupp Environ
Med. 2008;65(12):787-88.
Khalade A, Jaakkola MS, Pukkala E, et al. Exposure to benzene
at work and the risk of leukemia: a systematic review and
meta-analysis. Environ Health. 2010;9:31.
Hoffmann W, Terschüeren C, Heimpel H, et al. Population-
based research on occupational and environmental factors
for leukemia and non-Hodgkin’s lymphoma: the Northern Germany
Leukemia and Lymphoma Study (NLL). Am J Ind Med.
;51(4):246-57.
Palmer Harris EC, Palmer KT, Cox V, et al. Trends in mortality
from occupational hazards among men in England and Wales
during 1979-2010. Occup Environ Med. 2016;73(6):385-93.
Coggon D, Ntani G, Harris EC, et al. Soft tissue sarcoma,
non-Hodgkin’s lymphoma and chronic lymphocytic leukaemia
in workers exposed to phenoxy herbicides: extended follow-up
of a UK cohort. Occup Environ Med. 2015;72(6):435-41.
Coggon D, Ntani G, Harris EC, et al. Risk of cancer in workers
exposed to styrene at eight British companies making glass-reinforced
plastics. Occup Environ Med. 2015;72(3):165-70.
Azevedo e Silva G, de Moura L, Curado MP, et al. The Fraction
of Cancer Attributable to Ways of Life, Infections, Occupation,
and Environmental Agents in Brazil in 2020. PLoS One.
;11(2):e0148761.
Moraes ES, Mello MSC, Nogueira FAM, et al. Análise de indivíduos
com leucemia: limitações do sistema de vigilância de
câncer. Cien Saude Colet. 2017;22:3321-32.
Tabalipa MM, Boccolini P, Diego SR, et al. Informação sobre
ocupação em registros hospitalares de câncer no Estado do
Rio de Janeiro. Cadernos Saúde Coletiva. 2011;19:278-86.
Organização Mundial da Saúde. CID-O Classificação Internacional
de Doenças para Oncologia. 3ª Edição. Edusp – Editora
da Universidade de São Paulo. São Paulo: Fundação Oncocentro
de São Paulo; 2005. p.245
Censo Demográfico 2010. Características da população e dos
domicílios: resultados do universo (PDF). Rio de Janeiro: IBGE.
ISSN 0104-3145
Fritschi L, Driscoll T.Cancer due to occupation in Australia.Aust
N Z J Public Health. 2006 Jun;30(3):213-9.
Polychronakis I, Dounias G, Makropoulos V, et al. Work-related
leukemia: a systematic review. J Occup Med Toxicol.
;8(1):14.
Lynge E, Anttila A, Hemminki K. Organic solvents and cancer.
Cancer Causes Control. 1997;8(3):406-19.
Snyder R. Leukemia and benzene. Int J Environ Res Public
Health. 2012;9(8):2875-93.
Irons RD, Chen Y, Wang X, et al. Acute myeloid leukemia
following exposure to benzene more closely resembles de novo
than therapy related-disease. Genes Chromosomes Cancer.
;52(10):887-94.
Linet MS, Yin SN, Gilbert ES, et al. A retrospective cohort study
of cause-specific mortality and incidence of hematopoietic malignancies
in Chinese benzene-exposed workers. Int J Cancer.
;137(9):2184-97.
Stenehjem JS, Kjærheim K, Bråtveit M, et al. Benzene exposure
and risk of lymphohaematopoietic cancers in 25 000 offshore
oil industry workers. Br J Cancer. 2015;112(9):1603-12.
Schnatter AR, Glass DC, Tang G, et al. Myelodysplastic
syndrome and benzene exposure among petroleum workers:
an international pooled analysis. J Natl Cancer Inst.
;104(22):1724-37.
Collins JJ, Ireland B, Buckley CF, et al. Lymphohaematopoietic
cancer mortality among workers with benzene exposure.
Occup Environ Med. 2003;60:676–79.
Lewis RJ, Gamble JF, Jorgensen G. Mortality among three
refinery/petrochemical plant cohorts. I. 1970 to 1982 active/
terminated workers. J Occup Environ Med. 2000;42:721–29.
Koh DH, Jeon HK, Lee SG, et al. The relationship between
low-level benzene exposure and blood cell counts in Korean
workers. Occup Environ Med. 2015;72(6):421-27.
Li K, Jing Y, Yang C, et al. Increased leukemia-associated
gene expression in benzene-exposed workers. Sci Rep.
;4:5369.
Talibov M, Lehtinen-Jacks S, Martinsen JI, et al. Occupational
exposure to solvents and acute myeloid leukemia: a population-
based, case-control study in four Nordic countries. Scand
J Work Environ Health. 2014;40(5):511-17.
Vlaanderen J, Lan Q, Kromhout H, et al. Occupational benzene
exposure and the risk of chronic myeloid leukemia: a
meta-analysis of cohort studies incorporating study quality
dimensions. Am J Ind Med. 2012;55(9):779-85.
Brown T, Rushton L. British Occupational Cancer Burden
Study Group. Occupational cancer in Britain. Haematopoietic
malignancies: leukaemia, multiple myeloma, non-Hodgkins
lymphoma. Br J Cancer. 2012;107(Suppl 1): S41-48.