UNIVERSIDADE NO BRASIL: COLONIALISMO, COLONIALIDADE E DESCOLONIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA NEGRA

Autores

  • Nádia Maria Cardoso da Silva Universidade Federal da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.12957/riae.2017.29814

Palavras-chave:

Universidade, Racismo/sexismo epistêmico, Colonialidade, Descolonização, Movimentos negros.

Resumo

Apresentamos o ensino superior brasileiro como criação que fortalece o colonialismo português no Brasil e a universidade brasileira, surgida na década de 1920, como lugar de produção de conhecimento a partir da colonialidade de poder/saber sobre negros, negras e indígenas, sustentando o eurocentrismo e consolidando o racismo/sexismo epistêmico. No século XXI, os Movimentos Negros desafiam a universidade brasileira a enfrentar tais desafios através da descolonização do conhecimento acadêmico, pois, ainda que estejam adotando políticas de ampliação do acesso dos negros e negras, encaram dificuldades para operar mudanças epistemológicas que enfrentem o silenciamento epistêmico de intelectuais negros e negras. A partir da perspectiva decolonial latino-americana, visibilizamos a experiência de alguns intelectuais negros e negras como estratégia de combate ao racismo/sexismo epistêmico no Brasil.

Biografia do Autor

Nádia Maria Cardoso da Silva, Universidade Federal da Bahia

Doutorando do Programa de Pós-graduação em Cultura e Sociedade - Instituto de Humanidades Milton Santos - Universidade Federal da Bahia (UFBA)

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Publicado

09-01-2018

Como Citar

DA SILVA, Nádia Maria Cardoso. UNIVERSIDADE NO BRASIL: COLONIALISMO, COLONIALIDADE E DESCOLONIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA NEGRA. Revista Interinstitucional Artes de Educar, [S. l.], v. 3, n. 3, p. 233–257, 2018. DOI: 10.12957/riae.2017.29814. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/riae/article/view/29814. Acesso em: 26 abr. 2024.