Prática e saberes: o uso de plantas medicinais na comunidade Cristolândia, Humaitá-AM

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/sustinere.2025.71163

Palavras-chave:

Etnobotânica, Moradores, Saberes locais.

Resumo

O objetivo foi realizar um levantamento etnobotânico na comunidade Cristolândia, Humaitá-AM. Este foi realizado por meio de questionário semiestruturado com 50 moradores da comunidade, enquadrando categorias: medicinal, alimentação, cultivadas e naturais. Foram registradas 133 espécies de plantas medicinais indicadas pelos entrevistados. As espécies mais citadas foram: boldo (Plectranthus barbatus (Andrews)), mastruz (Chenopodium ambrosioides L.), hortelã (Mentha sp), limão (Citrus limonum L.), terramicina (Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze), laranja (Citrus sinensis L.), caju (Anacardium occidentale L.) e erva-cidreira (Lippia alba (Mill) N. E. Brown). As espécies menos citadas foram Abacaxi (Ananas comosus (L.) Merr), Acerola (Malpighia glabra L.), Alfavaca (Marsypianthes chamaedrys (Vahl) Kuntze), Alho (Allium sativum L.), Açafrão (Curcuma longa L.), Açaí (Euterpe ferrea Mart.), Carambola (Averrhoa carambola L.), Carqueja (Baccharis trimera (Less.) DC., Andiroba (Carapa guianensis Aubl.), Jucá (Caesalpinia ferrea L.), Uxi amarelo (Endopleura uchi L.). A pesquisa etnobotânica efetivada no assentamento demonstrou a diversidade de espécies vegetais que são empregadas para o tratamento de doenças e grande conhecimento dos entrevistados acerca delas, o qual é transmitido de geração em geração. Ademais, todos os entrevistados afirmaram possuírem nos seus quintais plantas medicinais. Maioritariamente foram pessoas mais velhas, particularmente mulheres. As folhas foram partes mais usadas e preparadas em forma de chá. As plantas eram usadas no tratamento de afecções como gripe, infecção, inflamação, diarreia, diabetes, calmantes, fígado, vermes e pressão alta. Concluiu-se que a comunidade utiliza diferentes tipos de plantas medicinais para suprir os déficits de falta de assistência médica e de outros profissionais da saúde.

Biografia do Autor

Reinato Andrade Tembo Xavier, Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Possui graduação em Biologia pela Universidade Pedagógica - Moçambique (2007). Atualmente é estudantil da Universidade Federal do Amazonas. Tem experiência na área de Ecologia, com ênfase em Ecologia de Ecossistemas, atuando principalmente nos seguintes temas: etnobotânica, doenças, população, desenvolvimento, conservação, plantas medicinais, Amazônia e desenvolvimento sustentável. Frequentou e conclui o Mestrado em Ciências Ambientais na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) no período 2019-2021. É estudante de Doutorado desde 2021 em Ciências Ambientais, na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT).

Renato Abreu Lima, Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente (IEAA), Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Graduado em Ciências Biológicas (Licenciatura e Bacharelado) pelo Centro Universitário São Lucas; Especialista em Gestão Ambiental pela mesma instituição; Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e Doutor em Biodiversidade e Biotecnologia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Professor do Magistério Superior da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) atuando nas áreas de Ciências, Ensino de Botânica e Ciências Ambientais. Membro da Sociedade Botânica do Brasil (SBB). CRBio-6 sob nº 073096/AM-D

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Publicado

16-07-2025

Como Citar

Xavier, R. A. T., & Lima, R. A. (2025). Prática e saberes: o uso de plantas medicinais na comunidade Cristolândia, Humaitá-AM. Revista Sustinere, 13(1), 47 – 65. https://doi.org/10.12957/sustinere.2025.71163