O PODER DO RISO E O PODER QUE RI: DUAS FORMAS DA RIDICULARIZAÇÃO DE FIGURAS DE PODER
DOI:
https://doi.org/10.12957/riae.2024.84930Resumo
O artigo reflete sobre a relação entre o riso e o poder por meio de duas formas bastantes diversas da ridicularização de figuras de poder. Na primeira forma que destacamos, tomamos como referência principal a análise do riso entre os indígenas chulupi feita por Pierre Clastres. O riso provocado por dois mitos desta etnia aparece na análise do antropólogo como uma forma de mitigar o temor provocado pelos xamãs e jaguares, figuras que na realidade cotidiana da etnia incitam o medo e o respeito. Ao tornar risíveis as figuras dos xamãs e dos jaguares, os dois mitos cômicos operariam, no plano simbólico, uma forma de resistência aos excessos de poder. Por outro lado, na segunda forma de ridicularização que destacamos, o riso aparece com um efeito contrário em relação aos excessos de poder. Isso porque, ao tomarmos como referência a análise foucaultiana do poder ubuesco, vemos que, em casos determinados, quando uma figura de poder promove a ridicularização de si mesma em um processo de autodesqualificação, nem sempre temos como efeito a subtração de sua autoridade ou a sua deposição. Ao contrário, no exercício do poder ubuesco, o que acontece é a ampliação dos poderes desta figura que se faz grotesca e não se limita mais àquilo que seria identificado como a sua função razoável e esperada socialmente.
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