Violência obstétrica contra a mulher e o Caso Alyne Pimentel

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/rfd.2025.89547

Palavras-chave:

Violência obstétrica, Direitos das mulheres, Interseccionalidade, Cidadania, Direitos humanos

Resumo

O presente artigo tem como objetivo específico analisar como o Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos tem atuado diante das violências, com destaque à violência obstétrica, contra as mulheres no Brasil, no caso emblemático Alyne Pimentel perante o Comitê Cedaw. Por meio da abordagem metodológica qualitativa da pesquisa, foi utilizado o método explicativo, com análise de conteúdo, pesquisa bibliográfica e documental, no intuito de analisar a referida decisão. Conclui-se pela relevância e pelo ineditismo da decisão do Comitê Cedaw, no sentido de reconhecer a falha do Estado brasileiro em garantir os cuidados médicos adequados a Alyne e sua família, assim como pelo reconhecimento da interseccionalidade das violências vividas por Alyne, mulher negra e pobre, que foi a óbito em razão da violência obstétrica.

Biografia do Autor

Carolina Alves de Souza Lima, PUC-SP

Livre-docente em Direitos Humanos, doutora, mestre e graduada em Direito pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC/SP). Professora da graduação e pós-graduação em Diretos Humanos da PUC/SP. Advogada.

Rayssa de Sales França, PUC-SP

Doutoranda na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Mestre pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Advogada.

Referências

BENNETT, Jessica. How Not to Be 'Manterrupted' in Meetings. TIME. United States. Updated. 20 jan. 2015. Disponível em: https://time.com/3666135/sheryl-sandberg-talking-while-female-manterruptions/. Acesso em: 21 jan. 2025.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n. 36 de 2008. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2008/res0036_03_06_2008_rep.html. Acesso em: 21 jan. 2025.

______. Decreto n. 4.377. Promulga a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, 2002. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4377.htm. Acesso em: 21 jan. 2025.

______. Decreto n. 592, de 6 de julho de 1992. Promulgação do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d0592.htm. Acesso em: 21 jan. 2025.

______. Decreto-lei n. 4.316, de 30 de julho de 2002. Promulga o protocolo facultativo à Convenção sobre eliminação de todas as formas de violência contra a mulher. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4316.htm. Acesso em: 21 jan. 2025.

______. Lei n. 11.108/2005. Lei do acompanhante. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11108.htm. Acesso em: 20 jan. 2025.

______. Lei n. 11.340 de 2006. Lei Maria da Penha. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em: 20 jan. 2025.

______. Lei n. 11.634/2007. Prevê o direito da gestante ao conhecimento e a vinculação à maternidade no SUS. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11634.htm#:~:text=Art.,casos%20de%20intercorr%C3%AAncia%20pr%C3%A9%2Dnatal. Acesso em: 21 jan. 2025.

______. Lei n. 13.114, de 16 de abril de 2015. Lei do feminicídio. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13114.htm. Acesso em: 21 já. 2025.

______. Lei n. 14.188 de 2021. Cria o crime de violência psicológica contra a mulher, entre outras alterações. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14188.htm. Acesso em 21 jan. 2025.

______. Lei n. 14.192 de 2021. Lei que criminaliza a violência política contra a mulher. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14192.htm. Acesso em: 21 jan. 2025.

______. Lei n. 9.096 de 1995. Dispõe sobre partidos políticos. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9096.htm. Acesso em: 21 jan. 2025.

______. Lei n. 9.263 de 1996. Regula o § 7º do art. 226 da Constituição Federal. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9263.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%209.263%2C%20DE%2012%20DE%20JANEIRO%20DE%201996.&text=Regula%20o%20%C2%A7%207%C2%BA%20do,penalidades%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias.&text=DO%20PLANEJAMENTO%20FAMILIAR-,Art.,observado%20o%20disposto%20nesta%20Lei. Acesso em: 21 jan. 2025.

______. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 21 jan. 2025.

______. Ministério da Saúde. Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal. Brasília, 2004. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/gestao-do-sus/articulacao-interfederativa/cit/pautas-de-reunioes-e-resumos/2004/marco/2-a-pacto-reducao-mortalidade.pdf/view. Acesso em: 21 jan. 2025.

______. Ministério da Saúde. Portaria n, 2.418/2005. Regulamenta o direito ao acompanhante. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2005/prt2418_02_12_2005.html. Acesso em: 21 jan. 2025.

______. Ministério da Saúde. Portaria 569. Institui o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento no âmbito do Sistema Único de Saúde. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2000/prt0569_01_06_2000.html. Acesso em 21 jan. 2025.

______. Ministério Público do Trabalho (MPT). O ABC da violência contra a mulher no trabalho. Procuradoria Geral do Trabalho. 2019. Disponível em: https://movimentomulher360.com.br/wp-content/uploads/2019/01/cartilha_violenciagenero-11.pdf. Acesso em: 21 jan. 2025.

______. Projeto de lei n. 7.633 de maio de 2014. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=617546#:~:text=Disp%C3%B5e%20sobre%20medidas%20de%20prote%C3%A7%C3%A3o%20contra%20a%20viol%C3%AAncia,aten%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0%20gravidez%2C%20parto%2C%20nascimento%2C%20abortamento%20e%20puerp%C3%A9rio. Acesso em: 20 jun. 2025.

BRITO, C. M. C. de; OLIVEIRA, A. C. G. de A.; COSTA, A. P. C. de A. Violência obstétrica e os direitos da parturiente: o olhar do Poder Judiciário brasileiro. Cadernos Ibero-Americanos de Direito Sanitário, [S. l.], v. 9, n. 1, p. 120–140, 2020. DOI: 10.17566/ciads. v9i1.604. Disponível em: https://www.cadernos.prodisa.fiocruz.br/index.php/cadernos/article/view/604. Acesso em: 20 jan. 2025.

CARRETERO, Nacho. “Como esse cara me convenceu de que eu era tonta?”: o abuso machista que ninguém parece ver. El País, Madri, 23 nov. 2017. dia-internacional-eliminacion-violencia-contra-la-mujer. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/09/15/internacional/1505472042_655999.html. Acesso em: 21 jan. 2025.

CERQUEIRA, Daniel et al. Atlas da Violência 2021. São Paulo: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2021. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/arquivos/artigos/1375-atlasdaviolencia2021completo.pdf. Acesso em: 20 jan. 2025.

CIDH. Relatório n. 54/01: Caso 12.051, Maria da Penha Maia Fernandes, Brasil, 04 de abril de 2001. Disponível em: https://www.cidh.oas.org/annualrep/2000port/12051.htm. Acesso em: 21 jan. 2025.

COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Interseccionalidade. Tradução: Rene Souza. 1ª ed. São Paulo, Boitempo, 2021.

CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE POPULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO, 1994, Cairo, Egito. Relatório final. [S.l.]: CIPD; UNFPA, 1994. Disponível em: http://www.unfpa.org.br/Arquivos/relatorio-cairo.pdf. Acesso em: 21 jan. 2025.

COOK, Rebecca J.; DICKENS, Bernard M.; FATHALLA, Mahmoud F. Saúde Reprodutiva e Direitos Humanos: Integrando medicina, ética e direito. Tradução Andrea Romani Renata Perrone e equipe. – Rio de Janeiro: CEPIA, 2004. Disponível em: https://www.law.utoronto.ca/utfl_file/count/media/portuguese-green-book.pdf. Acesso em: 21 jan. 2025.

CRENSHAW, K. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas, v. 10, n. 1, p. 171–188, jan. 2002. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4123084/mod_resource/content/1/Crenshaw%202002%20revista%20estudos%20feministas.pdf. Acesso em: 21 jan. 2025.

DHESCA BRASIL. Relatório sobre Caso Alyne Pimentel: mortalidade materna no contexto do processo de implementação da decisão do Comitê Cedaw contra o Estado brasileiro. São Paulo, 2013.

DICIO. Dicionário On-Line de Português. Disponível em: https://www.dicio.com.br/episiotomia/. Acesso em: 21 jan. 2025.

GALI, Beatriz; ROCHA, Helena; QUEIROZ, Jandira. Relatório sobre mortalidade materna no contexto do processo de implementação da decisão do Comitê CEDAW contra o Estado brasileiro no caso Alyne da Silva Pimentel. 1. ed. Brasília: UNFPA-Fundo de População das Nações Unidas, 2015. Disponível em: https://criola.org.br/wp-content/uploads/2023/07/Relato%CC%81rio-do-caso-Alyne.pdf. Acesso em: 21 jan. 2025.

JUNGMANN, Luiza G.; GREGORUT, Adriana S.; PIMENTEL, Silvia. Os 30 anos do Comitê CEDAW. Estadão. 21 de julho de 2012. Disponível em: https://assets-compromissoeatitude-ipg.sfo2.digitaloceanspaces.com/2012/08/estadosp21072012_30anos_cedaw.pdf. Acesso em: 21 jan. 2025.

LANSKY, Sônia et al. Violência obstétrica: influência da Exposição Sentidos do Nascer na vivência das gestantes. Ciência & Saúde Coletiva [on-line]. 2019, v. 24, n. 8, p. 2811-2824. DOI: 10.1590/1413-81232018248.30102017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/66HQ4XT7qFN36JqPKNCPrjj/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 20 jan. 2025.

LIMA, Carolina Alves de Souza Lima. Cidadania, Direitos Humanos e Educação: Avanços, Retrocessos e Perspectivas para o Século 21. 1. ed. São Paulo: Almedina, 2019.

MARIANI, Adriana Cristina e NASCIMENTO NETO, José Osório do. Violência obstétrica como violência de gênero e violência institucionalizada: breves considerações a partir dos direitos humanos e do respeito às mulheres. CAD. E SC. DIR.REL.INT. (UNIBRASIL), Curitiba-PR, vol. 2, n. 25, jul./dez. 2016, p. 48-60. Disponível em: https://portaldeperiodicos.unibrasil.com.br/index.php/cadernosdireito/article/view/3060/2630. Acesso em: 20 jan. 25.

MORAES, Maria Lydia Quartim de. Cidadania e a luta pelos direitos das mulheres. In: Marxismo, psicanálise e o feminismo brasileiro: tomo II. Campinas, SP: UNICAMP/IFCH, 2v. Coleção Trajetória 9, 2017, p. 221. Disponível em: https://www.ifch.unicamp.br/publicacoes/pf-publicacoes/filefield_paths/trajetoria-lygia-tomo-ii-4-cidadania_e_a_luta_pelos_direitos_da_mulher_0.pdf. Acesso em: 20 jan. 2025.

NAÇÕES UNIDAS. Comité para la Eliminación de la Discriminación contra la Mujer, Comunicación núm. 17/2008. [S.l]. 2001. Disponível em: http://docstore.ohchr.org/SelfServices/FilesHandler.ashx?enc=6QkG1d%2fPPRiCAqhKb7yhsujVF1NesLff7bP5A183yaxYNfEuSJv%2bsPMFbOwNvvooER3QMf6nnc9%2blKNjX9vBqlze0YIEQBB7O%2bHuDvuiCs%2fpLTjaxQvvHxIvIz4F5yrqNbq4Zf1ovQyOeOTij9ArkQ89z1diNGT%2fQOk5AnLOyHY%3d. Acesso em: 21 jan. 2025. Tradução nossa.

_______________. Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher. [S.l].1979. Disponível em: https://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2013/03/convencao_cedaw1.pdf. Acesso em: 21 jan. 2025.

OBSERVATÓRIO OBSTÉTRICO. Painel de Vigilância em Saúde Materna. 2024. Disponível em: https://observatorioobstetrico.shinyapps.io/painel-vigilancia-saude-materna/. Acesso em: 19 jan. 2025.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Constituição da Organização Mundial da Saúde (OMS/WHO). Nova York. 1946. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5733496/mod_resource/content/0/Constitui%C3%A7%C3%A3o%20da%20Organiza%C3%A7%C3%A3o%20Mundial%20da%20Sa%C3%BAde%20%28WHO%29%20-%201946%20-%20OMS.pdf. Acesso em: 20 jan. 2025.

PAVÃO, Gabriela; QUEIROZ, Tatiane. Presidente Dilma Rousseff inaugura 1ª Casa da Mulher Brasileira do país. G1, Mato Grosso do Sul, 03 fev. 2015. Disponível em: https://glo.bo/1EDoHrK. Acesso em: 21 jan. 2025.

PIMENTEL, Silvia; BIANCHINI, Alice. Feminismo (s). São Paulo: Matrioska Editora, 2021.

PINTO, Amanda Maria Oliveira Pinto. Violência Obstétrica: uma análise acerca do Projeto de Lei nº 7.633/2014 como proposta de garantia aos direitos fundamentais da mulher. Monografia - trabalho de conclusão de graduação, Universidade Federal do Maranhão. 2017. Disponível em: https://monografias.ufma.br/jspui/handle/123456789/1652. Acesso em: 20 jan. 2025.

ROTHMAN, Lily. A Cultural History of Mansplaining: The word is relatively new, but the idea has been around for decades. The Atlantic Daily, Boston, 01 nov. 2012. sexes. Disponível em: https://www.theatlantic.com/sexes/archive/2012/11/a-cultural-history-of-mansplaining/264380/. Acesso em: 21 jan. 2025.

SOLNIT, Rebecca. Men Still Explain Things to Me: Facts still don’t get in their way. The Nation Magazine, United States, 20 aug. 2012. Disponível em: https://www.thenation.com/article/archive/men-still-explain-things-me/. Acesso em: 21 jan. 2025.

TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. Tratado de Direito Internacional dos Direitos Humanos. 2 ª ed. Vol.1. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor. 2003.

U.N Commitee on the Elimination of discrimination against women. General Recommendation nº 24: Article 12 of the Convention (Women and Health). 1999. Disponível em: https://www.refworld.org/legal/general/cedaw/1999/en/11953. Acesso em: 21 jan. 2025.

U.N. Committee on the Elimination of Discrimination against Women, General recommendation No. 28 on the core obligations of States parties under article 2 of the Convention on the Elimination of All Forms of Discrimination against Women. 2010. Disponível em: https://digitallibrary.un.org/record/711350?ln=en&v=pdf. Acesso em: 21 jan. 2025.

U.N. Committee on the Elimination of Discrimination against Women, General recommendation No. 33 on women's access to justice. 2015. Disponível em: https://digitallibrary.un.org/record/807253?ln=en&v=pdf. Acesso em: 21 jan. 2025.

Downloads

Publicado

2025-02-24

Como Citar

Alves de Souza Lima, C., & de Sales França, R. (2025). Violência obstétrica contra a mulher e o Caso Alyne Pimentel. Revista Da Faculdade De Direito Da UERJ - RFD, (44). https://doi.org/10.12957/rfd.2025.89547