O empreendedorismo à luz da tradição marxista | Entrepreneurship in light of the Marxist tradition
DOI:
https://doi.org/10.12957/rep.2018.36687Resumo
Este artigo analisa a contradição capital/trabalho ou produção/apropriação na sociedade capitalista, sob o neoliberalismo, aqui referida à pequena empresa, lócus do empreendedorismo. Forma privilegiada no capitalismo atual, o empreendedorismo tem sido amplamente incentivado, principalmente a partir dos anos 1990, estando, portanto, no interior da crise do capital, que começa nos anos 1970 e, agravada, persiste até hoje. Com ênfase nas chances de autonomia e independência, o discurso em defesa do empreendedorismo conduz o trabalhador a crer que pode ser sócio do capital. Mas, dada a impossibilidade ontológica de diferentes sistemas econômicos conviverem independente e harmoniosamente, questiona-se a real motivação do incentivo à pequena empresa em tempos de concentração e centralização do capital. Sem deixar de reconhecer as determinações capitalistas sobre as relações fordistas, ressalta-se o aprofundamento da exploração do trabalho no período toyotista, facilitada pela reestruturação do capital, cujas políticas tornam o mercado muito mais agressivo. Nesse contexto, advoga-se a hipótese de que o empreendedorismo, em lugar de atribuir liberdade, escraviza, uma vez que o capital se apropria de todo o tempo do sujeito empreendedor. Essa relação, que se entende como uma das principais formas pelas quais a contradição capitalista se move no atual momento histórico, obriga os trabalhadores a se confrontarem diretamente com o mercado, pelo que são canceladas a proteção social e a possibilidade da luta de classes. A análise das condições objetivas da inserção do empreendedor na economia leva à conclusão de que o mercado é o pior dos patrões.
Palavras-Chave: empreendedorismo; capitalismo; trabalho; contradição; mercado.
Abstract – This article analyzes the capital/labor or production/appropriation contradiction in capitalist society under neoliberalism, related here to small businesses, the locus of entrepreneurship. A privileged form in present-day capitalism, entrepreneurship has been widely encouraged, especially since the 1990s, and is therefore within the crisis of capital, which begins in the 1970s and, aggravated, persists to this day. With emphasis on the chances of autonomy and independence, the defense of entrepreneurship leads the worker to believe that he can be a partner of capital. But, given the ontological impossibility of different economic systems to live independently and harmoniously, the real motivation of the incentive to small business in times of concentration and centralization of capital is questioned. While recognizing the capitalist determinations in Fordist relations, it is stressed the deepening of labor exploitation in the Toyotist period, facilitated by the restructuring of capital, whose policies make the market much more aggressive. In this context, the hypothesis is that entrepreneurship, instead of granting freedom, enslaves, since capital appropriates all the time of the entrepreneur. This relation, which is understood as one of the main ways in which the capitalist contradiction operates in the current historical moment, obliges the workers to confront directly the market, and is the reason why social protection and the possibility of class struggle are canceled. The analysis of the objective conditions of the insertion of the entrepreneur in the economy leads to the conclusion that the market is the worst of bosses.
Keywords: entrepreneurship; capitalism; labor; contradiction; market.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os Direitos Autorais dos artigos publicados na Revista Em Pauta: teoria social e realidade contemporânea pertencem ao(s) seu(s) respectivo(s) autor(es), com os direitos de primeira publicação cedidos à Em Pauta, com o trabalho simultaneamente licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, a qual permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
O(s) autor(es) tem/têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
A Revista Em Pauta: Teoria Social e Realidade Contemporânea está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.
A Revista Em Pauta está cadastrada no Diretório de Políticas de Acesso Aberto das Revistas Científicas Brasileiras (DIADORIM), com selo Verde.