Quem Pode Falar no Divã? Raça e Psicanálise Situada

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/epp.2023.79962

Palavras-chave:

psicanálise, raça, silenciamento, epistemologias do posicionamento, epistemologia da ignorância

Resumo

Quem pode falar no divã? Como a inscrição do sujeito e do sujeito do inconsciente em relações sociais de poder de classe, gênero, sexualidade, raça, idade, validade, limita o acesso a uma elaboração analítica? O reconhecimento da colonialidade, como efeito de dominação e lugar de enunciação que persiste além da colonização, tornou possível a emergência de novas formas subjetivas, culturais e epistêmicas, incentivando a psicanálise a escutar de outra forma.  Este artigo propõe se debruçar sobre a incidência da raça e da branquitude na psicanálise a partir das epistemologias do posicionamento e da epistemologia da ignorância. No contexto social francês, enquanto uma parte crescente da população francesa experimenta diariamente a discriminação racial, essa é veementemente negada por uma maioria de político·as e pesquisadore·as, que recusam até o uso da palavra "raça". A partir dessa negação oficial do racismo sistémico pelo poder político e por uma maioria de estudos acadêmicos, o artigo tenta analisar a epistemologia da ignorância que prevalece na postura clínica e teórica de uma psicanálise maioritária. Trata-se de estudar a forma como uma ignorância branca provoca uma desescuta das questões de raça no divã, produz efeitos transferenciais de silenciamento, e nega vivências particulares em nome do universalismo.

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Publicado

11-12-2023

Como Citar

Ayouch, T. (2023). Quem Pode Falar no Divã? Raça e Psicanálise Situada. Estudos E Pesquisas Em Psicologia, 23(4), 1193–1211. https://doi.org/10.12957/epp.2023.79962

Edição

Seção

Dossiê Psicanálise e Política: a insistência do real