Uma análise sobre exclusão digital durante a pandemia de COVID-19 no Brasil: Quem tem direito às cidades inteligentes? / An analysis of the digital divide during the Covid-19 pandemic in Brazil: Who is entitled to smart cities?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/rdc.2021.54909

Resumo

Resumo

O artigo se propôs a debater a exclusão digital e suas implicações para o direito à cidade, considerando os modelos de cidades inteligentes. Já que o principal aspecto inovador nesses modelos de cidades é a mediação da gestão e da vida urbana por TICs, o debate foi feito tomando como exemplo iniciativas de ensino remoto e o acesso ao auxílio emergencial do governo federal no contexto da pandemia de COVID-19 – dois direitos mediados por TICs. Essa escolha foi feita porque a exclusão não é um fenômeno recente, mas tornou-se mais evidente devido à necessidade de isolamento social. A análise dos exemplos escolhidos foi feita com base no exame de material bibliográfico e mídia de notícias. A conclusão principal é a de que em cenários como o brasileiro, com forte e histórica desigualdade, a utilização de TICs para mediação de direitos, inclusive o direito à cidade, pode acabar reproduzindo processos de exclusão social, ressignificados agora em exclusão digital. Nesse sentido, entende-se que para que as TICs implementadas nas cidades inteligentes possam de fato contribuir para melhoria das condições de vida de seus moradores, a inclusão digital deve ser vista como um direito, garantindo acesso e conhecimento sobre essas tecnologias.

Palavras-chave: exclusão digital, inclusão digital, direito à cidade, cidades inteligentes, TIC

 

Abstract

The article set out to discuss the digital divide and its implications for the right to the city, considering the perspective of smart cities. Since the main innovative aspect related to smart cities is the mediation of urban management and urban life through the use of ICTs. The debate was conducted taking as examples both remote learning initiatives and access to the federal government’s emergency in the context of the COVID-19 pandemics – two ICTs mediated services that illustrate how the digital divide affects the availability of these services in a digital way. Such choice was made because exclusion is not a recent phenomenon, but it has become more evident due to the need for social isolation. The analysis of the chosen examples was made by examining bibliographic material and news media. The main conclusion is that in scenarios such as Brazil’s, with strong and historical inequality, the use of ICTs for mediation of rights, including the right to the city, may end up reproducing processes of social exclusion, now re-signified in digital exclusion in the context of smart cities. In this sense, it is understood that for digital solutions and services implemented in cities to actually contribute to improving the living conditions of their residents, digital inclusion must be seen as a right, guaranteeing access and knowledge about such technologies and access infrastructure.

Keywords: digital exclusion, digital inclusion, right to the city, smart cities, ICTs

Biografia do Autor

Cátia Regina Muniz, Laboratório de de Instrumentos de Política para TIC (poli.TIC), do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI)

Pós-Doutora em Sociologia, Doutora em Ciências Sociais, mestre em Antropologia Social, pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Há dez anos trabalha na área de avaliação de políticas públicas, particularmente na área de inclusão digital. Atualmente é pesquisadora/bolsista PCI-DA/CNPq, do Laboratório de Instrumentos de Política para TIC (poli.TIC), do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), atuando em um projeto de pesquisa, que tem como objetivo geral elaborar uma metodologia de avaliação dos níveis de maturidade de cidades inteligentes, que faz parte do Projeto “Sistema de Avaliação de Cidades Inteligentes Sustentáveis”, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

Guilherme Bergo Leugi, Laboratório de Instrumentos de Política para TICs (poli.TIC), Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI)

Doutor em Psicologia pela University of South Australia. Mestre em Filosofia e psicólogo pela Universidade Federal de São Carlos. Membro da Rede Nacional de Análise do Comportamental da Cultura e Políticas Públicas (RNACCPP) e associado ao Social Contextual Analysis of Human Behaviour Research Group (University of South Australia). Atualmente é pesquisador no Programa de Capacitação Institucional, no Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer atuando no Laboratório de Instrumentos de Política para TICs (poli.TIC). Tem experiência principalmente nas áreas de ciências do comportamento, psicologia social, psicologia e diversidades, políticas públicas, análise contextual do discurso e da linguagem.

Cleide de Marco Pereira, Laboratório de Instrumentos de Política para TICs (poli.TIC), Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI)

Doutora (2007), Mestre (2002) em políticas públicas pelo Instituto de Geociências/UNICAMP. Graduação em Ciências Econômicas pela UNIMEP (1990). Trabalha com o tema pesquisa, desenvolvimento e inovação desde 1986. Atuou como Professor de ensino superior na área de economia. Desde 2012 vem atuando como Pesquisadora no Laboratório de Instrumentos de Políticas para Tecnologias da Informação - poliTIC, do CTI Renato Archer. Foi Consultora em Projetos da UNESCO/MCTI entre 2012 e 2013.  Avaliadora especialista em projetos da Lei de Informática no âmbito do Projeto AvalRDA/MCTIC/CTI. Desde 2019 atua no projeto de Cidades Inteligentes e Sustentáveis do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações.

Érico Przeybilovicz, Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), desenvolve atividades de coordenação de projeto, no Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI).

Doutor em Administração de Empresas pela FGV EAESP, é coordenador de pesquisa do projeto Sistema de Avaliação de Cidades Inteligentes Sustentáveis, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), no Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI). Foi assessor para cidades inteligentes e governo eletrônico na prefeitura de Curitiba. Principais interesses de pesquisa são: uso de tecnologia por governos e cidades, cidades inteligentes e governança urbana inteligente.  

Angela Maria Alves, Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI)

Doutora em Tecnologia da Informação pela USP/POLI/Produção, Mestre em Qualidade pela UNICAMP/FEM, Engenheira Elétrica/Eletrônica pela FEB Barretos. Pesquisadora na área de TICs na área de Políticas Públicas para TICs (Certificação de Tecnologia Nacional de Software (CERTICS), Lei do Bem e Lei de Informática), coordenadora no poli.TIC, Laboratório de Instrumentos de Políticas para TICs na área de P&D e Inovação. Coordena desde 2019 o Projeto para elaboração do modelo de maturidade para avaliação de cidades inteligentes sustentáveis, do Programa Nacional de Cidades Inteligentes e Sustentáveis, do MCTI.

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Publicado

2021-04-26

Como Citar

Muniz, C. R., Leugi, G. B., Pereira, C. de M., Przeybilovicz, Érico, & Alves, A. M. (2021). Uma análise sobre exclusão digital durante a pandemia de COVID-19 no Brasil: Quem tem direito às cidades inteligentes? / An analysis of the digital divide during the Covid-19 pandemic in Brazil: Who is entitled to smart cities?. Revista De Direito Da Cidade, 13(2), 700–728. https://doi.org/10.12957/rdc.2021.54909