CONTRACOLONIZAR:

criação errante e filosoficamente menina no perguntar(-se). Inspirações no pensamento quilombola de Nego Bispo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/periferia.2025.88629

Palavras-chave:

Contracolonizar;, Filosofia menina da pergunta;, Nego Bispo;, Criação errante;, Pensamento quilombola.

Resumo

Neste texto partimos da análise de uma entrevista realizada em novembro de 2021 com o proeminente intelectual quilombola Nego Bispo. Nesse valioso depoimento, Nego Bispo oferece uma crítica incisiva à educação institucionalizada hegemônica, destacando suas limitações e exclusões. Através de uma emocionante narrativa autobiográfica, convida-nos a imaginar e construir um mundo onde os espaços e relações pedagógicas possam ser vividos de forma mais livre, criativa e ligada às realidades comunitárias, valorizando tanto a cosmopercepção dos povos afroconfluentes e originários de Abya Yala quanto sua importante contribuição para dialogarmos sobre outras significações para a educação. Assim, inspirados nas reflexões de Nego Bispo e em sua pedagogia contracolonizadora, propomos os princípios do que chamamos de “criação errante” e de “filosofia menina da pergunta”. Esta proposta desafia as formas tradicionais de ensino, promovendo a aprendizagem por meio do constante questionamento e reconhecimento do saber coletivo, pois procura abrir caminhos para novas formas de convivência e aprendizagem. Como Nego Bispo nos ensina, o pensamento colonial e suas palavras nos dominam. Assim, é preciso criar, além de um novo vocabulário, uma nova gramática para os nossos imaginários e, junto deles, outras vidas educadoras. É nesse contexto que apresentamos uma criação errante e filosoficamente menina no perguntar(-se) à busca de novos sentidos em Abya Yala.

Biografia do Autor

Ceane Andrade Simões, Universidade do Estado do Amazonas

Ceane Andrade Simões é Pedagoga. Atualmente é professora da área de Políticas Públicas em Educação, Gestão Democrática e Currículo da Educação Básica da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), atuando nos cursos de licenciatura dessa instituição. É Mestra em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), na área de concentração Processos formativos e Desigualdades sociais, tendo como campo de interesse de estudo os cotidianos escolares e suas práticas curriculares emancipatórias. É doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Pará (UFPA), na linha de Educação, Sociedade e Cultura. Faz parte desde o ano de 2015 do movimento de famílias pela Educação Integral e Democrática no Amazonas, por meio do Coletivo Escola Família Amazonas (CEFA), apoiando experiências emancipatórias de educação e as suas comunidades, com foco nas escolas públicas e na construção de processos de autonomia educativa e relações horizontais e democráticas na escola de educação básica. Tem participado ativamente de experiências de educação democrática em Manaus e no Brasil por meio da Rede de Escolas Transformadoras e da Rede Brasileira por Instituições Educativas Socialmente Justas e Aldeias, Campos e Cidades que Educam (REDHUMANI). Atua no Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas Públicas em Educação GEPPPE. Já foi Coordenadora de Apoio ao Ensino da Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (PROGRAD/UEA) e atualmente é dirigente sindical, exercendo o cargo de Secretária de Comunicação do Sindicato dos Docentes da Universidade do Estado do Amazonas (Sind-UEA). É mãe de um adolescente e militante socialista.

Walter Omar Kohan, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Walter Omar Kohan é professor titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) e Cientista de Nosso Estado na Fundação de Amparo à Investigação do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). É pós-doutor pelas Universidades de Paris 8 (Francia) e British Columbia (Canada). Atual co-editor do periódico childhood & philosophy, foi Presidente do Conselho Internacional para a Investigação Filosófica com crianças (ICPIC) e deu cursos de formação de professores e professoras em numerosos países de América Latina, Europa, e outros como África do Sul, Moçambique, Coreia do Sul, China e Japão. É orientador de mestrado, doutorado e pós-doutorado na área de ensino de filosofia e filosofia da educação. Seus trabalhos estão publicados em castelhano, italiano, inglês, português, francês, húngaro, persa, russo e finlandês. Principais livros em português: Uma viagem de sonhos impossíveis (Autêntica, 2022), Paulo Freire: um menino de 100 anos (NEFI, 2021), Paulo Freire, mais do que nunca (Vestígio, 2019), Manifesto por uma escola filosófica popular (NEFI, 2018); O mestre inventor (Autêntica, 2013); A escola pública aposta no pensamento (Autêntica, 2012); Filosofia para crianças (Lamparina, 2010); Infância, estrangeiridade e ignorância (Autêntica, 2008); Infância. Entre educação e filosofia. (Autêntica, 2003); Filosofia na escolar pública (Vozes, 2000).

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Publicado

20.10.2025

Como Citar

Simões, C. A., & Omar Kohan, W. (2025). CONTRACOLONIZAR:: criação errante e filosoficamente menina no perguntar(-se). Inspirações no pensamento quilombola de Nego Bispo. Periferia, 17(1), e88629. https://doi.org/10.12957/periferia.2025.88629

Edição

Seção

Artigos