ENTRE A MÃE E A BABÁ:
marcas das relações raciais e de gênero no trabalho de cuidado na Educação Infantil
DOI:
https://doi.org/10.12957/periferia.2025.87661Palavras-chave:
Cuidado; , Educação Infantil; , Gênero; , Raça; , Maternidade.Resumo
As relações de cuidado fazem parte do currículo da Educação Infantil, estão previstas em documentos legais e também acontecem nas ações cotidianamente vividas no contexto deste segmento. Cuidar de bebês e crianças pequenas reencena, de diferentes modos, atitudes consideradas como femininas e, principalmente, maternais, mas também ensejam funções historicamente atribuídas à corpos negros escravizados que eram responsabilizados pelos cuidados das crianças. Este artigo se aproveita do material coletado na tese de doutorado “Currículo e maternidade: raça, gênero e cuidado na Educação Infantil” para produzir uma composição teórica com as produções do feminismo negro, o conceito de imagens de controle Collins (2022), em diálogo com as imagens da mulher negra narradas por Lélia Gonzalez (2019) e as discussões sobre maternidade com o seguinte intuito: a) problematizar como as relações de gênero e raça estão imbricadas nos processos de subjetivação das docentes deste segmento produzindo-as como mulheres desejavelmente mães e ou babás, a depender da cor de sua pele; b) argumentar que a própria ação de cuidar é produzida como ação subalterna dadas suas características e dos profissionais responsáveis por realizá-lo.
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