A ASL

um recurso motivacional em aulas de inglês para estudantes surdas e surdos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/periferia.2024.86159

Palavras-chave:

Estudantes Surdos, Língua Inglesa, ASL, Estudos do Letramento

Resumo

O ensino de inglês para estudantes surdas/os brasileiras/os enfrenta desafios específicos, pois o inglês é a sua terceira língua, seguido do português e a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como L2/L1 respectivamente. As aulas tradicionais de inglês enfatizam a produção e a compreensão orais; dessa forma, orientações personalizadas, que abordem as necessidades linguísticas específicas para discentes surdas/os, carecem nos documentos educacionais nacionais. Este estudo destaca a importância dos Novos Estudos do Letramento, defendidos por Street (1984, 2000) e Barton et al. (2000), que enfatizam práticas de letramento em diversos contextos sociais e culturais, cruciais para atender às necessidades linguístico-comunicativas de grupos minoritários/minorizados. A incorporação da Língua de Sinais poderia aumentar a motivação de alunas/os surdas/os para adquirirem o inglês como L3, através da aprendizagem visual, transferência de língua, conexão cultural, aprendizagem multimodal e envolvimento discente. Wauters e Knoors (2008) descobriram que a integração da língua de sinais no ensino de inglês melhorou a compreensão, a aquisição de vocabulário e as habilidades linguísticas gerais de alunas/os surdas/os. Nossa pesquisa explora se a Língua de Sinais Americana (ASL) poderia servir como um recurso motivacional para essas/es alunas/os. O estudo envolveu a observação de seis aulas em duas turmas de uma escola regular inclusiva com discentes surdas/os, coleta de respostas a questionários e análise de sequências discursivas fornecidas em entrevistas. Após uma intervenção no laboratório de línguas da Universidade Federal do Pará (UFPA), onde foram ministradas aulas de inglês em Libras, entrevistas revelaram que a combinação de Libras, ASL e inglês aumentou significativamente o interesse e a motivação discente para aprender inglês.

Biografia do Autor

Jorge Adriano Pires Silva, UFPA/UFC

Doutorando em Linguística pela Universidade Federal do Ceará-UFC. Mestrado em Ciência da Educação: Educação Especial pela Universidade Fernando Pessoa-UFP. Possui graduação em Letras Inglês; especialização em Língua Brasileira de Sinais-Libras com ênfase em Interpretação e especialização em Educação a Distância ambas pela Universidade Estadual de Minas Gerais-Unimontes; especialização em Língua Inglesa pelo Instituto Superior de Educação Ibituruna-ISEIB. Atualmente é professor de Língua Brasileira de Sinais-Libras na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Pará-UFPA. Dedica-se, especialmente, aos estudos da Tradução (línguas orais e de sinais); produção de material didático na área de Libras, assim como o ensino de Inglês como L3 para surdas/os.

Carolina Carolina Morais Ribeiro da Silva, Universidade Federal do Ceará-UFC

Professora efetiva da Casa de Cultura Britânica (CCB/CGCCE-CH) da Universidade Federal do Ceará (UFC), onde leciona inglês para alunos de Extensão e Graduação. Atua na elaboração, aplicação e correção do Exame de Proficiência Leitora em Língua Inglesa (EPLLI) para todos os cursos de pós-graduação. É professora de inglês como L3 para surdos no Curso de Inglês para Surdos (CINS), do qual foi uma das fundadoras em 2023. Possui pós-doutorado em Linguística Aplicada pelo Programa de Pós-graduação em Letras e Linguística da Universidade Federal de Goiás (UFG), com pesquisa focada no uso da Sala de Aula Invertida no ensino de inglês. Coordena o Grupo de Pesquisa em Práticas de Linguística e Tecnologias Digitais na Educação Básica e Ensino Superior (PRALIT), certificado pelo diretório de grupos de pesquisa do CNPQ. É Doutora em Educação, com ênfase em Tecnologias Digitais na Educação pela UFC, Mestre em Linguística Aplicada pela mesma universidade (2014) e Graduada em Letras com habilitação em Língua Portuguesa/Inglesa e respectivas literaturas (UFC-2011). Sua pesquisa inclui a aplicabilidade da Teoria Fundamentada nos Dados (Grounded Theory) e seus métodos na pesquisa pedagógica, o uso de TDIC no ensino e aprendizagem de línguas materna e estrangeira, e Metodologias Ativas no Ensino de EFL. Atualmente, dedica-se à pesquisa de metodologias de ensino de inglês-L3 para surdos e aos processos de ensino e aprendizagem de inglês como L3.

Josiney Saraiva Pereira, Secretaria de Educação-Seduc Tocantins

Graduado em Letras Língua Inglesa pela Universidade Federal do Pará-UFPA. Especialista em Literatura Inglesa. Especialista em Língua Brasileira de Sinais.

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Publicado

16.12.2024

Como Citar

Pires Silva, J. A., Carolina Morais Ribeiro da Silva, C., & Saraiva Pereira, J. (2024). A ASL: um recurso motivacional em aulas de inglês para estudantes surdas e surdos. Periferia, 16(1), e86159. https://doi.org/10.12957/periferia.2024.86159

Edição

Seção

Dossiê