POR UMA ESCOLA QUE NÃO DECRETE A MORTE:

o currículo e o seu desejo de desencantamento

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/periferia.2025.84687

Palavras-chave:

Escola, Currículo, Colonialidade, Encruzilhada, (des)encantamento

Resumo

Resultante de uma pesquisa acadêmica iniciada em 2017, e que atravessou a crise pandêmica, a presente escrita transita por territórios que nos impulsionam a pensar o currículo como um conjunto de atitudes capazes de promover o encantamento, e isso simboliza o nosso objetivo. Para fazê-lo, necessário se fez percorrer estradas que velam os interesses impulsionadores desse instituto pedagógico, intuindo nos acomodar numa camisa de forças costurada pela racionalidade ocidental moderna. Ao mesmo tempo foi necessário recorrer a aportes praxiológicos próprios do movimento Modernidade/Colonialidade, que nos emprestam ferramentas capazes de esgarçar o tecido colonial e abrir frestas para a invenção de mundos outros. As discussões guardam como expectativa “futucar” saberes e práticas (e saberes são práticas) que provoquem incômodos naquelas e naqueles que fazem a Educação (nos seus diversos âmbitos), e atuam para emancipar os sujeitos ou para agrilhoá-los. Ainda que não tenhamos receitas, cremos que o entendimento de escola enquanto território de fronteira pode contribuir para encantá-la.

Biografia do Autor

Evanilson Tavares de França, Secretaria de Estado da Educação / Sergipe

Professor e pedagogo do Sistema Estadual de Educação (Sergipe). Doutor em Educação, pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E-mail: evanilsont@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7787-2742.

Jackeline Rodrigues Mendes, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Professora na Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Doutora em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E-mail: jamendes@unicamp.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8607-4761.

 

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Publicado

11.09.2025

Como Citar

de França, E. T., & Rodrigues Mendes, J. (2025). POR UMA ESCOLA QUE NÃO DECRETE A MORTE:: o currículo e o seu desejo de desencantamento. Periferia, 17(1), e84687. https://doi.org/10.12957/periferia.2025.84687

Edição

Seção

Artigos