NARRATIVAS DE CRIANÇAS ENTRE PRODUÇÕES LITERÁRIAS:
reverso da subalternidade pela experiência educativa
DOI:
https://doi.org/10.12957/periferia.2024.82353Palavras-chave:
Produção cultural da infância, Literatura para crianças, Experiência educativa, Experiência artística, Metodologia narrativaResumo
A concetualização da infância por meio das práticas culturais baseadas na literatura para as crianças tem sido objeto de reflexão. Entre Sophia de Mello Breyner Andresen e Manoel de Barros, a obra literária tem contribuído para os desígnios de criança como sujeito social, constituindo-se como reações críticas contra o conservadorismo sobre a infância e a vida da criança. A literatura para as crianças, enquanto artefacto cultural, impacta a experiência educativa de crianças pela sua moção emancipatória e pela sua construção imaginativa. O objetivo deste artigo é compreender a experiência educativa da literatura para as crianças como caraterística do conhecimento pessoal e da vivência de histórias significadas na escola. A partir da metodologia narrativa, destacando-se a construção de processos biográficos, constroem-se narrativas biográficas de quatro crianças a frequentar os primeiros anos da educação básica e fundamental, no Brasil e em Portugal. A operacionalidade metodológica de recolha, transcrição, validação e análise da informação permite construir narrativas biográficas de crianças como produção cultural contemporânea da infância e da experiência educativa na escola. As narrativas formulam-se como histórias que significam o espaço-tempo dos processos educativos, contribuindo para a reconcetualização da infância. Os resultados indicam que a obra literária contribui para a vivência de experiências educativas imaginativas e ricas em detalhes relativos ao tempo e espaço vividos entre relações sociais, as quais culminam na reivindicação de uma agência que valoriza histórias reais e fictícias de crianças na escola, sobre as suas vidas, significadas por elas mesmas.
Referências
AZEVEDO, Fernando. Poder, desejo, utopia. Estudos em literatura infantil e juvenil. Portugal: Instituto de Educação da Universidade do Minho, 2011.
BOLÍVAR, António. Metodología de la investigación biográfico-narrativa: Recogida y análisis de datos. In: Maria Conceição Passeggi; Maria Abrahão (Ed.). Dimensões epistemológicas e metodológicas da investigação (auto)biográfica. 79-109. Brasil: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2012.
CATTANACH, Ann. Narrative approaches in play with children. Reino Unido: Kingsley Publishers, 2008.
CLANDININ, Jean; CONNELLY, Michael. Pesquisa narrativa: Experiência e história em pesquisa narrativa. Brasil: Universidade Federal de Uberlândia, 2011.
CONNELLY, Michael; CLANDININ, Jean. Stories of experience and narrative inquiry. Educational Researcher, Estados Unidos da América, 1990, 19, 5, 2-14. https://doi.org/10.3102/0013189X019005002.
DEWEY, John. Art as experience. Estados Unidos da América: Penguin, 2015.
DEWEY, John. Experience and education. Estados Unidos da América: Free Press, 2005.
FERNANDES, Natália. Infância e o direito à educação: Dos ditos aos interditos. Entreideias: Educação, Cultura e Sociedade, Brasil, 2019, 8, 2, 11-26. http://doi.org/10.9771/re.v8i2.28749.
FREITAS, André; MOURAZ, Ana; PEREIRA, Fátima. Controversies of expressive arts education in Portugal: Insights from policies and practices. Knowledge Cultures, Estados Unidos da América, 2020, 8, 1, 77-93. http://doi.org/10.22381/KC8120206.
FREITAS, André; PEREIRA, Fátima; NOGUEIRA, Paulo. O corpo na formação humana: Som, cor e sentimento numa educação integral. In: Tatiana Fagundes; Manna Maia (Org.). Educação integral: Caminhos para construção de uma educação pública como formação humana. 96-106. Brasil: Appris Editora, 2021.
FREITAS, André; PEREIRA, Fátima; NOGUEIRA, Paulo. Reconceptualizing expressive arts education in Portugal through a biographical narrative approach. Education Sciences, Suíça, 2020, 10, 12, 388, 18p. https://doi.org/10.3390/educsci10120388.
FREITAS, André. Narrativas da expressividade artística do corpo como experiência de significação da escola. 406 folhas. Tese, Programa Doutoral em Ciências da Educação, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Portugal, 2022. https://hdl.handle.net/10216/142632
GAZTAMBIDE-FERNÁNDEZ, Rubén. Why the arts don’t do anything: Toward a new vision for cultural production in education. Harvard Educational Review, Estados Unidos da América, 2013, 83, 1, 211-236. http://doi.org/10.17763/haer.83.1.a78q39699078ju20.
GIROUX, Henry A. Pedagogy of resistance: Against manufactured ignorance. Reino Unido: Bloomsbury Academic, 2022.
GUERREIRO, Carla. A literatura para a infância em Portugal nos séculos XIX e XX: Contextos socioculturais e contributos pedagógicos. 797 folhas. Tese, Programa Doutoral em Educação, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal, 2010. http://hdl.handle.net/10198/5987.
KIRCHOF, Edgar; BONIN, Iara. Literatura infantil e pedagogia: Tendências e enfoques na produção académica contemporânea. Pro-Posições, Brasil, 2016, 27, 2, 21-46. http://doi.org/10.1590/1980-6248-2015-0125.
MATA, Anderson. Infância na literatura brasileira contemporânea: Tema, conceito, poética. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Brasil, 2015, 46, 13-20. https://doi.org/10.1590/2316-4018461.
NOGUEIRA, Paulo. Escritores, relação com a escrita e experiência: Um campo em educação artística. Roteiro, Brasil, 2018, 43, 3, 1071-1088. http://doi.org/10.18593/r.v43i3.16415.
OLIVEIRA, Cristiane Gomes de; CAMÕES, Maria Clara; FRANGELLA, Rita. Essa escola só serve para adultos mandarem nas crianças: Alteridade, infância e formação. In: Elizabeth Macedo; Isabel Menezes (Ed.). Currículo, política e cultura. Conversas entre Brasil e Portugal. 173-188. Brasil: CRV, 2019.
PASSEGGI, Maria Conceição; FURLANETTO, Ecleide; CONTI, Luciane; CHAVES, Iduina; GOMES, Marineide; GABRIEL, Gilvete; ROCHA, Simone. Narrativas de crianças sobre as escolas da infância: cenários e desafios da pesquisa (auto)biográfica, Educação, Brasil, 2014, 39, 1, 85-104. http://doi.org/10.5902/1984644411345.
PASSEGGI, Maria Conceição; NASCIMENTO, Gilcilene; RODRIGUES, Senadaht. Narrativas de crianças sobre a escola: Desafios das análises. Revista Lusófona de Educação, Portugal, 2018, 40, 155-169. https://revistas.ulusofona.pt/index.php/rleducacao/article/view/6440.
POLKINGHORNE, Donald. Narrative configuration qualitative analysis. Qualitative Studies in Education, Reino Unido, 1995, 8, 1, 5-23. http://doi.org/10.1080/0951839950080103.
POLKINGHORNE, Donald. Validity issues in narrative research. Qualitative Inquiry, Estados Unidos da América, 2007, 13, 4, 471-486. http://doi.org/10.1177/1077800406297670.
PONTES, Verónica; AZEVEDO, Fernando. A criança e a literatura infantil: Uma relação fantástica em sala de aula. In: Paula Cristina Martins (Ed.). Infâncias possíveis, mundos reais. 1-12. Portugal: Instituto de Educação da Universidade do Minho, 2008.
RIVAS FLORES, José́. Narración, conocimiento y realidad. Un cambio de argumento en la investigación educativa. In: José Rivas Flores; David Herrera Pastor (Ed.). Voz y educación. La narrativa como enfoque de interpretación de la realidade. 17-36. Espanha: Octaedro, 2009.
WRIGHT, Susan. Performative literacy: Children’s graphic-narrative-embodied play. In: Richard Hickman; John Baldacchino; Kerry Freedman; Emese Hall; Nigel Meager (Ed.). Philosophies and histories. The international encyclopedia of art and design. 1-20. Estados Unidos da América: John Wiley & Sons, 2019.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).