DECOLONIZAR O CURRÍCULO É POSSÍVEL? APONTAMENTOS SOBRE A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC)
DOI:
https://doi.org/10.12957/periferia.2023.78553Palavras-chave:
Currículo, Decolonialidade, Interculturalidade crítica, Antirracismo.Resumo
A pandemia da COVID-19 exacerbou os efeitos do neoliberalismo no campo educacional. As ideias neoliberais veem a educação como consumo em vez de um lugar de conhecimento. A educação focada no estímulo de competências e habilidades acelera a disputa por resultados imediatos na era da globalização, comercialização e sucateamento da força de trabalho, promovendo tanto a liberdade de competição em um mercado global, quanto o aumento do poder da iniciativa privada, com a ampliação da ideia de empreendedorismo e a redução dos gastos do governo em serviços sociais, incluindo saúde e educação. O presente artigo tem como principal objetivo trazer algumas reflexões a respeito da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) a partir do olhar decolonial (GROSFOGUEL, 2007; MALDONADO-TORRES, 2007; MIGNOLO, 1995; QUIJANO, 2005; 2007), intercultural crítico (WALSH, 2001; 2005; 2006; 2007; 2009) e antirracista (JANOARIO, 2016; 2020; KENDI, 2020) por meio de uma discussão bibliográfica, tendo em vista a necessidade de apresentar filosofias alternativas que possam fornecer outras possibilidades de se pensar o currículo e a educação brasileira.
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