BNCC DEMOCRÁTICA? UMA CARTOGRAFIA DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE UM CURRÍCULO NACIONAL
DOI:
https://doi.org/10.12957/periferia.2023.78498Palabras clave:
Base Nacional Comum Curricular, Democracia, Privatização da Educação, Cartografia SocialResumen
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo cuja circulação, nos dias atuais, baliza a produção de livros didáticos, avaliações de larga escala, sistemas de ensino e, não raro, é apresentada como sinônimo de qualidade da educação. Não obstante, seu processo de construção sinaliza rupturas e dá pistas sobre diferentes concepções educacionais em disputa que têm participado do debate político-educacional brasileiro. Diante disso, este artigo objetiva dar visibilidade ao caráter processual da construção da Base, expondo as dissidências que se impuseram em seu decorrer e contestando seu pretenso efeito de resultado de consensos. Para tal, este trabalho se estrutura na perspectiva cartográfica (BARROS; KASTRUP, 2015) e desenvolve suas seções mapeando a rede de forças que constitui a formulação das diferentes versões da BNCC até sua versão homologada. A análise da BNCC no contexto de sua elaboração mostra que o documento: 1- afetou-se de forma significativa por interesses do segmento privatista – liderado pelo Movimento pela Base – e de articulações neoconservadoras – encabeçadas pelo Escola sem Partido; 2- nasce de um processo descontinuado, considerando cisões situadas no contexto pós-golpe parlamentar de 2016, sendo constituído por arbitrariedades que fragilizam seu valor democrático.
Citas
ADRIÃO, Theresa; PERONI, Vera. A formação das novas gerações como campo para os negócios? In.: AGUIAR, M. A. da S; DOURADO, L. F. (Orgs.) A BNCC na contramão do PNE 2014-2024: avaliação e perspectivas. Recife: ANPAE, 2018.
AVELAR, Marina; BALL, Stephen J. Mapping new philanthropy and the heterarchical state: the Mobilization for the National Learning Standards in Brazil. International Journal of Education Development, v. 64, p. 65-73, jan/2019. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.ijedudev.2017.09.007. Acesso em: 26 jan. 2023.
BARROS, Laura Pozzana de; KASTRUP, Virgínia. Cartografar é acompanhar processos. In.: PASSOS, Eduardo; KASTRUP, Virgínia; ESCÓSSIA, Liliana. (Orgs.) Pistas do método da cartografia: Pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2015. p.52-75.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Regimento das audiências públicas da Base Nacional Comum Curricular – 2017. Disponível em: http://cnebncc.mec.gov.br/docs/regimento_ap_bncc_2017.pdf. Acesso em: 15 abril 2018.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Portal das Audiências públicas sobre a Base Nacional Comum Curricular. Disponível em: http://cnebncc.mec.gov.br/. Acesso em: 15 abril 2018.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: 17 set. 2016.
BRASIL. Parecer CNE/CP nº 15, de 15 de dezembro de 2017. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2017-pdf/78631-pcp015-17-pdf/file. Acesso em: 06 jan. 2019.
CÁSSIO, Fernando. Participação e participacionismo na construção da Base Nacional Comum Curricular. NEXO Jornal, 02 dez. 2017. Disponível em:
https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2017/Participa%C3%A7%C3%A3o-e-participacionismo-na-constru%C3%A7%C3%A3o-da-Base-Nacional-Comum-Curricular. Acesso em: 19 jul. 2018.
COMISSÃO DE EDUCAÇÃO (C MARA DOS DEPUTADOS). A Comissão de Educação organizou ciclo de debates sobre a Base Nacional Comum Curricular. 31 mai. 2016. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/ce/noticias/programacao-para-o-ciclo-de-debates-sobre-o-bncc-dos-dias-31-05-e-02-06. Acesso em: 14 ago. 2017.
CONSED; UNDIME. Posicionamento conjunto de Consed e Undime sobre a segunda versão da Base Nacional Comum Curricular. 2016. Disponível em: http://historiadabncc.mec.gov.br/documentos/relatorios/Posicionamento%20Consed%20e%20Undime.pdf. Acesso em: 24 nov. 2018.
DAHER, Del Carmen; SOUZA, Alice Moraes Rego de. Línguas estrangeiras em tempos de resistência: a quem serve uma BNCC monolíngue? Revista Abehache, n. 22, p. 86-103, dez/2022. Disponível em: https://revistaabehache.com/ojs/index.php/abehache/article/view/441/338. Acesso em: 26 jan. 2023.
G1 Educação. Conselheiros levam Base Nacional Curricular a sessão deliberativa nesta quinta. 07 dez. 2017. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/conselheiros-levam-base-nacional-curricular-a-sessao-deliberativa-nesta-quinta-veja-como-sera-a-reuniao.ghtml. Acesso em: 06 jun. 2019.
MARINHO, Rogério. Req. 157/2016. Comissão de Educação, Brasília, DF, 03 maio 2016. Disponível em: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1454394&filename=REQ+157/2016+CE. Acesso em: 21 mar. 2017.
MARINHO, Rogério. Req. 158/2016. Comissão de Educação, Brasília, DF, 03 maio 2016. Disponível em: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1454397&filename=REQ+158/2016+CE. Acesso em: 21 mar. 2017.
MARINHO, Rogério. Req. 159/2016. Comissão de Educação, Brasília, DF, 03 maio 2016. Disponível em: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1454399&filename=REQ+159/2016+CE. Acesso em: 21 mar. 2017.
MARINHO, Rogério. Req. 160/2016. Comissão de Educação, Brasília, DF, 03 maio 2016. Disponível em: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1454401&filename=REQ+160/2016+CE. Acesso em: 21 mar. 2017.
MARINHO, Rogério. Req. 161/2016. Comissão de Educação, Brasília, DF, 03 maio 2016. Disponível em: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1454403&filename=REQ+161/2016+CE. Acesso em: 21 mar. 2017.
REZENDE, Dorinha Seabra. Req. 27/2015. Comissão de Educação, Brasília, DF, 07 abr. 2015. Disponível em: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1317635&filename=REQ+27/2015+CE. Acesso em: 21 mar. 2017.
SOUZA, Alice Moraes Rego de. Base Nacional Comum para quê/quem? Uma cartografia de conflitos discursivos na produção de um currículo oficial. 2019. 357 f. Tese (Doutorado em Estudos de Linguagem) – Instituto de Letras, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2019.
SOUZA, Alice Moraes Rego de; GIORGI, Maria Cristina; ALMEIDA, Fabio Sampaio. Uma análise discursiva da BNCC antes e depois do golpe de 2016: educação para o combate às discriminações? Caderno de Letras da UFF, Niterói, v. 29, n. 57, p. 97-116, 2º semestre 2018. Disponível em:
http://www.cadernosdeletras.uff.br/index.php/cadernosdeletras/article/view/616/298. Acesso em: 26 jan. 2023.
SOUZA, Alice Moraes Rego de; LOPES, Shayane. Movimento pela Base, Fundação Lemann... e o professor?: parceiros (i)legítimos no debate sobre educação pública. Currículo sem Fronteiras, v. 22, p. 1 – 28, 2022. Disponível em: http://www.curriculosemfronteiras.org/vol22articles/2177-souza-lopes.pdf. Acesso em: 26 jan. 2023.
TOKARNIA, Mariana. Após revogar escolhas de Dilma, Temer nomeia 12 conselheiros de educação. In.: Agência Brasil, 05 jun. 2016. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2016-07/apos-revogar-escolhas-de-dilma-temer-nomeia-12-conselheiros-de-educacao. Acesso em: 12 ago. 2017.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Los autores que publican en esta revista concuerdan con los siguientes términos:Los autores mantienen los derechos de autor y conceden a la revista el derecho de primera publicación, con el trabajo simultáneamente licenciado bajo la Creative Commons Attribution License que permite el compartir el trabajo con reconocimiento de la autoría del trabajo y publicación inicial en esta revista.
Los autores tienen autorización para asumir contratos adicionales por separado, para distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicada en esta revista (por ejemplo, publicar en repositorio institucional o como capítulo de libro), con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista.
Los autores tienen permiso y son estimulados a publicar y distribuir su trabajo en línea (por ejemplo, en repositorios institucionales o en su página personal) a cualquier punto antes o durante el proceso editorial, ya que esto puede generar cambios productivos, así como aumentar el impacto y la cita del trabajo publicado (ver el efecto del acceso libre).