“Ainda há muitos brutos para admirarmos”: a parcialidade da voz narrativa em "Carvão Animal", de Ana Paula Maia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2024.79934

Palavras-chave:

literatura brasileira contemporânea, Ana Paula Maia, narrador, Carvão animal, naturalismo.

Resumo

O presente artigo apresenta uma leitura da obra Carvão animal (2011), de Ana Paula Maia, a partir da posição do narrador no romance. É considerado que a autora, autointitulada naturalista, atualiza o narrador ideal do século XIX ao desenvolver uma voz narrativa correspondente às contradições e exageros narrados. O artigo, a partir de excertos do livro, defende que Carvão animal apresenta um narrador subjetivo a partir do momento em que realiza seleções baseadas na defesa da tese de redução do trabalhador ao trabalho que executa. Também leva-se em conta que há inserções de opiniões particulares da voz narrativa que muitas vezes não encontram correspondência no retrato da individualidade das personagens. Esse movimento, por sua vez, ocorre desde a Apresentação, o que possibilita a leitura desse texto enquanto parte da narrativa.

Biografia do Autor

Letícia Vital Ferreira, Universidade de São Paulo (USP)

Possui graduação em Letras: Português e Linguística pela Universidade de São Paulo (2019). Desde 2022 é mestranda na área de Estudos Comparados de Língua Portuguesa (USP), sendo atualmente financiada pela CAPES. Pesquisa literatura angolana e literatura brasileira, com enfoque nas produções contemporâneas. Possui interesse em Literaturas Comparadas, Literaturas em Língua Portuguesa e Literaturas do continente africano.

Referências

CEVASCO, Maria Elisa. "O diferencial da crítica materialista.". Ideias, v. 4, n. 2, p. 15-30, 2013.

CANDIDO, ANTONIO. Tese e antítese. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1971.

DALCASTAGNÈ, Regina. Vozes nas sombras: representação e legitimidade na narrativa contemporânea. In: DALCASTAGNÈ, Regina (Org). Ver e imaginar o outro: alteridade, desigualdade, violência na literatura brasileira contemporânea. Editora Horizonte: Vinhedo, 2008. p.78-107.

EAGLETON, Terry. Marxismo e crítica literária. São Paulo: Editora Unesp, 2011.

EAGLETON. Depois da teoria. Editora José Olympio, 2016.

FILINICH, María Isabel. La escritura y la voz en la enunciación literaria. Signa: Revista de la Asociación Española de Semiótica, Madrid, n. 5, p.203-219, 1996.

GARCÍA, Patricia Martínez. Algunos aspectos de la voz narrativa en la ficción contemporánea: el narrador y el principio de incertidumbre. Thélème: Revista complutense de estudios franceses. Madrid, v.17, p.197-220, 2002.

LIMA, Diego Henrique de. Faces brutalizadas na literatura brasileira: configurações do anti-herói na escrita de Ana Paula Maia. 2020. 161f. Tese (Doutorado em literatura e Cultura) - Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador.

MAIA, Ana Paula. Carvão Animal. Rio de Janeiro: Editora Record, 2011.

MAIA. Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 2020.

MORAES, Vera Lucia Albuquerque de. Entre Real e Irreal: o narrador e as dimensões da intersubjetividade. Revista de Letras, Fortaleza, v. 1/2, n.2, p. 5-11, 2003.

PICCININ, Fabiana. O complexo exercício de narrar e os formatos múltiplos: para pensar a narrativa no contemporâneo. In: PICCININ, Fabiana; SOSTER, Demétrio de Azeredo (Org.). Narrativas comunicacionais complexificadas. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2012. p. 68-88.

PIETRANI, Anélia Montechiari. “Um espaço (ainda) para o afeto, a utopia, a literatura”. Miscelânea, Assis, v.9, p.116-128, jan/jun 2011.

PELLEGRINI, Tânia. Os caminhos da cidade. In: PELLEGRINI, Tânia. Despropósitos: estudos de ficção brasileira contemporânea. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2008, p.15-36.

SCHØLLHAMMER, Karl Eric. Ficção brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.

SCHWARZ, Roberto. “Cultura e Política, 1964-1969”. In: Cultura e Política. São Paulo: Paz e Terra, 2005.

Downloads

Publicado

2024-05-14

Como Citar

Ferreira, L. V. (2024). “Ainda há muitos brutos para admirarmos”: a parcialidade da voz narrativa em "Carvão Animal", de Ana Paula Maia. Palimpsesto - Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Letras Da UERJ, 23(45), 276–289. https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2024.79934

Edição

Seção

Estudos de Literatura (Tema livre)