“Ainda há muitos brutos para admirarmos”: a parcialidade da voz narrativa em "Carvão Animal", de Ana Paula Maia
DOI:
https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2024.79934Palavras-chave:
literatura brasileira contemporânea, Ana Paula Maia, narrador, Carvão animal, naturalismo.Resumo
O presente artigo apresenta uma leitura da obra Carvão animal (2011), de Ana Paula Maia, a partir da posição do narrador no romance. É considerado que a autora, autointitulada naturalista, atualiza o narrador ideal do século XIX ao desenvolver uma voz narrativa correspondente às contradições e exageros narrados. O artigo, a partir de excertos do livro, defende que Carvão animal apresenta um narrador subjetivo a partir do momento em que realiza seleções baseadas na defesa da tese de redução do trabalhador ao trabalho que executa. Também leva-se em conta que há inserções de opiniões particulares da voz narrativa que muitas vezes não encontram correspondência no retrato da individualidade das personagens. Esse movimento, por sua vez, ocorre desde a Apresentação, o que possibilita a leitura desse texto enquanto parte da narrativa.
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