Rotas comerciais e o negócio nos sertões:

negociantes e integração territorial no Grão-Pará entre o final do século XVIII e início do XIX

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/revmar.2024.82543

Palavras-chave:

Rotas Comerciais, Redes Comerciais, Circuito Mercantil, Negociantes

Resumo

O comércio fluvial nos sertões do Estado do Grão-Pará e Rio Negro mobilizou a atenção das autoridades políticas e de negociantes com o objetivo de ampliar a circulação dos gêneros do sertão e garantir o controle sobre as fronteiras da região. O objetivo desse artigo é apresentar as propostas econômicas de integração territorial das capitanias do Grão-Pará e Rio Negro com o Oeste do Estado do Brasil e analisar as estruturas do comércio fluvial realizado na região em fins do século XVIII e início do XIX. A partir do conceito de redes comerciais, estudos acerca das conexões imperiais e a atuação de negociantes têm possibilitado levantar novas problemáticas e abordagens com base em documentos produzidos pelos agentes do comércio e pelas autoridades políticas. Isso porque esse negócio nos sertões envolvia as políticas de integração das capitanias como forma de consolidar a ocupação e a segurança do Império. Dessa empresa também participavam os negociantes da praça de Belém e de outras cidades, os quais buscavam nesse circuito mercantil os produtos naturais para serem comercializados nos portos de Belém para Portugal.

Biografia do Autor

Siméia de Nazaré Lopes, Universidade Federal do Pará

Professora da Universidade Federal do Pará, Campus de Ananindeua, Faculdade de História. Doutora em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; Mestre em Planejamento do Desenvolvimento pelo Núcleo de Altos Estudos da Amazônia; graduado em História pela Universidade Federal do Pará.

Referências

BAENA, Antônio Ladislau Monteiro. Compêndio das Eras da Província do Pará. Belém: UFPA, 1969.

BAENA, Antônio Ladislau Monteiro. Ensaio Corográfico sobre a Província do Pará. Pará: Tipografia de Santos & Menor, 1839.

BASTOS, Carlos Augusto de Castro; Lopes, Siméia de Nazaré. Independência e comércio em zonas limítrofes: o Grão-Pará e as articulações mercantis com a América espanhola e Guiana Francesa (1808-1823). In: RICCI, Magda Maria; QUEIROZ, Michelle Rose Menezes (Orgs.). A independência vista de dentro: caminhos e jogos de escala entre o provincial e o local. São Paulo: Alameda, 2023.

BRAUDEL, Fernand. Civilização material, economia e capitalismo (séculos XV-XVIII): os jogos das trocas. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

CARDOSO, Ciro Flamarion. Economia e Sociedade em áreas coloniais periféricas: Guiana Francesa e Pará (1750-1817). Rio de Janeiro: Graal, 1984.

CHAMBOLEYRON, Rafael et al. “Pelos sertões “estão todas as utilidades”. Trocas e conflitos no sertão amazônico (século XVII)”. Revista de História, n.162, p. 13-49, jan.-jun. 2010.

CHIARAMONTE, José Carlos. Mercaderes del Litoral: Economía y sociedad en la provincia de Corrientes, primera mitad del siglo XIX. México, DF: Fondo de Cultura Económica, 1991.

DOMINGUES, Ângela. Estado do Grão-Pará e Maranhão. In: SILVA, Maria Beatriz Nizza da (Org.). Dicionário da História da Colonização portuguesa no Brasil. Lisboa; São Paulo: Verbo, 1994.

HARRIS, Mark. Rebellion on the Amazon: The Cabanagem, race, and popular culture in the North of Brazil, 1798-1840. New York, Cambridge University Press, 2010.

JESUS, Nauk Maria de. O contrabando na fronteira oeste da América Portuguesa no século XVIII. Hist. R., Goiania, v. 22, n. 3, p. 70-86, set.-dez. 2017.

LEVI, Giovanni. Sobre a micro-história. In: BURKE, Peter (Org.). A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Unesp, 1992.

LOPES, Siméia de Nazaré. As drogas do sertão e as redes de comércio no Grão-Pará. In: CHAMBOULEYRON, Rafael (Org.). As drogas do sertão e a Amazônia Colonial Portuguesa. Lisboa: Centro de História da Universidade de Lisboa, 2023.

LOPES, Siméia de N. A praça comercial de Belém: negociantes e circuitos mercantis (1790 a 1808). In: CHAMBOULEYRON, Rafael; SOUZA JUNIOR, José Alves de (Orgs.). Novos Olhares sobre a Amazônia Colonial. Belém: Paka-Tatu, 2016.

LOPES, Siméia de Nazaré Lopes. Muito a seu contento, tanto em preço como em qualidade: o mercado de crédito na cidade de Belém em fins do XVIII e início do XIX. Revista Ultramares, v. 1, n. 6, p. 94-114, ago.-dez. 2014.

LOPES, Siméia de Nazaré Lopes. O comércio interno no Pará oitocentista: atos, sujeitos sociais e controle entre 1840-1855. 2002. Dissertação (Mestrado em Planejamento do Desenvolvimento) – Universidade Federal do Pará, Belém, 2002.

MATTOS, João Wilkens de. Diccionário Topographico do Departamento de Loreto na República do Peru. Ed fac-simile. [1874]. Iquitos: IIAP-CETA, 1984.

MAW, Henry Lister. Narrativa da passagem do Pacífico ao Atlântico, através dos Andes nas províncias do norte do Peru, e descendo pelo rio Amazonas, até ao Pará. Manaus: Associação Comercial do Amazonas; Fundo Ed., 1989.

MELO, Felipe Souza. Hierarquias mercantis no Atlântico português: as relações de agência no comércio entre Portugal e Brasil, 1780 a 1807. Revista História, São Paulo, n.180, p. 1-43, 2021.

PESAVENTO, Fábio. Para além do império ultramarino português: as redes trans, extraimperiais no século XVIII. In: GUEDES, Roberto (Org.). Dinâmica imperial no antigo regime português: escravidão, governos, fronteiras, poderes, legados (séc. XVII-XIX). Rio de Janeiro: Mauad X, 2011.

RODRÍGUEZ, Manuel Bustos. La problemática acerca de los comerciantes de La Carrera de Indias. In: SOLANA, Ana Crespo (Org.). Comunidades transnacionales: colonias de mercaderes extranjeros en el mundo Atlántico (1500-1830). Madrid: Ediciones Doce Calles, 2010.

SAFIER, Neil. The Confines of the Colony: Boundaries, Ethnographic Landscapes, and Imperial Cartography in Iberoamerica. In: AKERMAN, James (Org.). The Imperial Map: Cartography and the Mastery of Empire. Chicago: University of Chicago Press, 2009.

SAFIER, Neil. Subalternidade tropical? O trabalho do índio remador nos caminhos fluviais amazônicos. In: PAIVA, Eduardo França, ANASTASIA, Carla Maria Junho (Orgs.). O trabalho mestiço: maneiras de pensar e formas de viver, séculos XVI a XIX. São Paulo: Annablume; PPGH-UFMG, 2002.

SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de. Na encruzilhada do império: hierarquias sociais e conjunturas econômicas no Rio de Janeiro (c. 1650-c. 1750). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003.

SPIX, Johann Baptist von; MARTIUS, Karl Friedrich von. Viagem pelo Brasil: 1817-1820. São Paulo: Itatiaia/Edusp, 1981.

SANTOS, Corcino Medeiros dos. Três ensaios de História Colonial. Brasília: Senado Federal, 2007.

SILVA, Marley Antônia Silva da. Da Costa do Grão-Pará ao sertão do Brasil: tráfico de escravizados entre Belém, Mato Grosso e Goiás. Revista Historiar, v. 10, n. 18, p. 23-37, jan.-jun. 2018.

SOMMER, Barbara Ann. Negociated settlements: native amazonians and portuguese policy in Pará, Brazil, 1758-1798. 2000. Tese (Doutorado em História) – University of New Mexico, Albuquerque, 2000.

Downloads

Publicado

2024-10-04

Como Citar

de Nazaré Lopes, S. (2024). Rotas comerciais e o negócio nos sertões:: negociantes e integração territorial no Grão-Pará entre o final do século XVIII e início do XIX. Revista Maracanan, (36), 202–228. https://doi.org/10.12957/revmar.2024.82543