Rotas comerciais e o negócio nos sertões:
negociantes e integração territorial no Grão-Pará entre o final do século XVIII e início do XIX
DOI:
https://doi.org/10.12957/revmar.2024.82543Palavras-chave:
Rotas Comerciais, Redes Comerciais, Circuito Mercantil, NegociantesResumo
O comércio fluvial nos sertões do Estado do Grão-Pará e Rio Negro mobilizou a atenção das autoridades políticas e de negociantes com o objetivo de ampliar a circulação dos gêneros do sertão e garantir o controle sobre as fronteiras da região. O objetivo desse artigo é apresentar as propostas econômicas de integração territorial das capitanias do Grão-Pará e Rio Negro com o Oeste do Estado do Brasil e analisar as estruturas do comércio fluvial realizado na região em fins do século XVIII e início do XIX. A partir do conceito de redes comerciais, estudos acerca das conexões imperiais e a atuação de negociantes têm possibilitado levantar novas problemáticas e abordagens com base em documentos produzidos pelos agentes do comércio e pelas autoridades políticas. Isso porque esse negócio nos sertões envolvia as políticas de integração das capitanias como forma de consolidar a ocupação e a segurança do Império. Dessa empresa também participavam os negociantes da praça de Belém e de outras cidades, os quais buscavam nesse circuito mercantil os produtos naturais para serem comercializados nos portos de Belém para Portugal.
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