Ana e as carrancas de uma vida
trabalho, migração e arte no sertão do Brasil (1923-2023)
DOI:
https://doi.org/10.12957/revmar.2024.78572Palabras clave:
Ana das Carrancas, Sertão de Pernambuco, Arte Figurativa em BarroResumen
O ano 2023 é dedicado às efemérides e comemorações do centenário de nascimento de Ana das Carrancas. A mesma foi uma ceramista negra pernambucana, nascida em 1923, no mesmo ano em que foi promulgada no Brasil a Lei de Regulamentação de Locação dos Serviços Domésticos, além da criação do Conselho Nacional do Trabalho. Em consequência, surgiram nas Câmaras Legislativas Estaduais e Municipais do Brasil diversas propostas de regulação das relações do trabalho das pessoas que alugavam seus serviços domésticos, tendo como características comuns a necessidade de matrícula e o uso de uma identificação profissional com repercussões criminais. Amparados nas proposituras de Sueli Carneiro sobre a estrutura ocupacional brasileira racista e misógina, aliado aos pressupostos teóricos de François Dosse em O desafio biográfico (2009), tendo como fontes as legislações trabalhistas das primeiras décadas do século XX e as notícias de jornais das últimas décadas do mesmo século. O presente artigo discute, a partir de fatos e processos concernentes à vida de Ana das Carrancas, paralelismos históricos que evidenciam a luta pelo trabalho, as migrações internas vividas por sua família e a dignidade social de mulheres negras no Brasil durante o século XX.
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