Entre o passado e o presente: a cobertura do impeachment de Fernando Collor pelo Jornal do Brasil (1992-1993)
DOI:
https://doi.org/10.12957/revmar.2023.76879Palavras-chave:
Jornal do Brasil, Metodologia de Valências, Impeachment, Fernando Collor, ImprensaResumo
O presente artigo pretende analisar o posicionamento do Jornal do Brasil quando do processo de impeachment de Fernando Collor no Jornal do Brasil, por meio da análise de seus editoriais. O objeto principal da pesquisa corresponde aos editoriais publicados entre os dias 10 de maio de 1992 (data da publicação da primeira denúncia sobre o caso PC Farias) e o dia 6 de janeiro de 1993 (dia que marca o tempo de uma semana após a aprovação do impeachment no Senado). Alguns autores já identificaram o posicionamento favorável a Collor adotado pelo JB na eleição de 1994, como Conti (2012), e Sallum Jr. (2015). Mas não há na literatura uma análise detalhada de como isso se deu. O objetivo deste artigo é contribuir para sanar essa lacuna, focando especificamente no período do processo de impeachment sofrido pelo presidente. Utilizamos as metodologias da análise de enquadramentos e análise de valências no tratamento dos textos selecionados. Entre outras coisas, detectamos uma guinada no posicionamento do periódico às portas do impeachment.
Referências
ABRANCHES, Sérgio. Presidencialismo de coalizão: raízes e evolução do modelo político brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
ALVES, Ian. Redemocratização e Imprensa no Brasil Contemporâneo: a Folha de S. Paulo e o Jornal do Brasil no final do regime militar. Cadernos de Relações Internacionais, PUC-Rio, v. 2, p. 135-159, dez. 2019.
AZEVEDO, Fernando. A imprensa brasileira e o PT: um balanço das coberturas das eleições presidenciais (1989-2006). Revista Eco-Pós, v. 12, p. 41-58, 2009.
AZEVEDO, Fernando. Agendamento da Política. In: RUBIM, Antonio (Org.). Comunicação e política: conceitos e abordagens. Salvador: Edufba, 2004.
CAMPOS, Luiz Augusto. A identificação de enquadramentos através da análise de correspondências: um modelo analítico aplicado à controvérsia das ações afirmativas raciais na imprensa. Opinião Pública, v. 20, n. 3, p. 377–406, 2014.
CAPELATO, Maria Helena. A imprensa na história do Brasil. São Paulo: Contexto; EdUSP, 1988.
CONTI, Mário Sérgio. Notícias do Planalto: a imprensa e o poder nos anos Collor. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
DRUCKMAN, James; PARKIN, Michael. The impact of media bias: how editorial slant affects voters. The Journal of Politics, Southern Political Science Association, v. 67, n. 4, p. 1030-1049, 2005.
EILDERS, Christiane. The impact of editorial content on the political agenda in Germany: Theoretical assumptions and open questions regarding a neglected subject in mass communication research. Discussion Papers, Research Unit: The Public and the Social Movement, n. FS III, p. 1-30, 1997.
ENTMAN, Robert M. Framing: Toward Clarification of a Fractured Paradigm. Journal of Communication, v. 43, n. 4, p. 51-58, 1993.
FAUSTO, Bóris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1999.
FERES JÚNIOR, João. Cerco midiático: O lugar da esquerda na esfera “publicada”. São Paulo: Friedrich-Ebert-Stiftung, 2020.
FERES JÚNIOR, João. Em defesa das valências: uma réplica. Revista Brasileira de Ciência Política, v. 1, p. 277-298, 2016.
FERREIRA, Marieta; MONTALVÃO, Sérgio. Jornal do Brasil. (Verbete). FGV/CPDOC. (Site). Publicado em: 2001.
Disponível em: https://www18.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/jornal-do-brasil/. Acesso em: 2 mar. 2022.
FIRMSTONE, Julie. Editorial Journalism and Newspapers’ Editorial Opinions. Oxford Research Encyclopedia of Communication, p. 1-24, mar. 2019.
GAMSON, William; MODIGLIANI, Andre. Media discourse and public opinion on nuclear power: A constructionist approach. American Journal of Sociology, v. 95, n. 1, p. 1-37, July 1989.
GUARNIERI, Cristina. A “Revolução” é uma árvore de vida secular: o Jornal do Brasil e a invenção da democracia e da legalidade do golpe civil-militar e do governo militar (1964-1968). 2014. Dissertação (Mestrado em História Social) – Centro de Letras e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Londrina, Londrina (PR), 2014.
LATTMAN-WELTMAN, Fernando; RAMOS, Plínio; CARNEIRO, José Alan. A imprensa faz e desfaz um presidente. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.
LEMOS, Renato. Fernando Collor. (Verbete). FGV/CPDOC. (Site). Publicado em: 2001. Disponível em: https://www18.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/collor-fernando. Acesso em: 1º mar. 2022.
MENDONÇA, Ricardo; SIMÕES, Paula. Enquadramento: Diferentes operacionalizações analíticas de um conceito. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 27, n. 79, p. 187-201, 2012.
PÉREZ-LIÑÁN, Aníbal. Presidential Impeachment and the New Political Instability in Latin America. Nova York: Cambridge Univ. Press, 2007.
PIMENTEL, Pablo. “Não vai mesmo ter golpe”: um estudo sobre os editoriais de O Globo nos impeachments de Fernando Collor (1992) e Dilma Rousseff (2016). 2019. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2019.
RIBEIRO, Ana Paula; VIEIRA, Itala. O JB é que era jornal de verdade: jornalismo, memórias e nostalgia. Matrizes, São Paulo, v. 12, n. 3, p. 257-276, set.-dez. 2018.
SABATO, Larry. Feeding Frenzy: Attack Journalism and American Politics. Baltimore: Lahanan, 2000.
SALLUM JUNIOR, Brasilio. O Impeachment de Fernando Collor: sociologia de uma crise. São Paulo: Ed. 34, 2015.
SCHEUFELE, Dietram A. Framing as a theory of media effects. Journal of Communication, v. 49, n. 1, p. 103-122, 1999.
SOUZA, Isabela. O presidente sociólogo: a construção da imagem pública de Fernando Henrique Cardoso nas páginas do Jornal do Brasil (1994). Temporalidades, Belo Horizonte, v. 12, n. 1 (32), p. 827-845, 2020.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Revista Maracanan

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à Revista Maracanan o direito de publicação, sob uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, a qual permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original.
Os dados e conceitos abordados são da exclusiva responsabilidade do autor.
A Revista Maracanan está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.