Figurações do desespero na ficção de Joel Silveira
DOI:
https://doi.org/10.12957/revmar.2023.75338Palavras-chave:
Joel Silveira, Sertão, Literatura Brasileira, Ficção, DesesperoResumo
Pretende-se apresentar as inscrições estético-políticas da novela Desespero (1936) de Joel Silveira (1918-2007). O escopo do artigo trata das figurações de Silveira, ao pensar o lugar do sertanejo, frente às ameaças das secas e infortúnios, que fomentaram uma jornada de desespero mortal. A filiação literária do autor está vinculada às temáticas do Romance Social de 1930. Daí a trajetória intelectual do autor sergipano iniciar-se na construção literária do trabalhador rural Gaudêncio, dono de uma propriedade rural de plantação de fumo no interior de Sergipe. Assim, as preocupações intelectuais do jovem escritor estavam em constituir um amplo domínio dos gêneros literários, tendo em vista as suas aspirações profissionais. Não por acaso, a novela foi republicada na revista Vamos Ler! em 1937, trazendo uma visibilidade nos meios literários e intelectuais do Rio de Janeiro. Aqui, percorremos a política da ficção de Silveira, instituída em seu primeiro texto literário, que sugere uma preocupação em interpretar a condição humana do sertanejo.
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