“Da pele das coisas”: paisagem sonora e testemunho oral no cinema etnobiográfico de Jorge Prelorán (1972)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/intellectus.2024.84948

Palavras-chave:

cinema etnobiográfico; , testemunho oral;, paisagem sonora

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar a concepção de “cinema do real” (BAZIN, 2016), particularmente afeita aos afetos e aos sentidos, que desponta da produção audiovisual do cineasta argentino Jorge Prelorán (1933-2009). Para tanto, será posto sob exame o documentário Valle Fértil (1972), buscando-se a partir dele ressaltar como a “paisagem sonora” (SCHAFER, 2011) de que se compõe a película e os testemunhos orais ofertados pelos protagonistas do filme constituem dois dos principais pilares sobre os quais o cineasta estrutura seu projeto de filmagem de etnobiografias audiovisuais, em diálogo com tradições intelectuais e artísticas como o Observational Cinema. Com isso, procurarei demonstrar de que modo Prelorán cria em sua película um espaço aberto a uma modalidade de conhecimento centrada na sensibilidade visual e auditiva.

Biografia do Autor

Ana Caroline Matias Alencar, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Mestre pelo PPGH-Unirio, doutora em História Social da Cultura pela PUC-Rio e atualmente é Pós-Doutoranda pela mesma instituição. Foi bolsista CAPES durante o Mestrado e o Doutorado e atuou como professora substituta de História da Arte da EBA-UFRJ.

Referências

Fontes

ENGLER, Verónica (2006). Jorge Prelorán: el cine de la vida. Entrevista. Exactamente, Buenos Aires, v. 12, n. 34, pp. 32-35.

PRELORÁN, Jorge (1987). Conceitos éticos e estéticos no cinema etnográfico. Caderno de Textos – Antropologia Visual, Rio de Janeiro, pp. 8-20, set.

PRELORÁN, Jorge (2006). El cine etnobiográfico. Buenos Aires: Catálogos; Universidad del Cine.

VALLE FÉRTIL (1972). Direção: Jorge Prelorán, Produção: Fondo Nacional de las Artes; Instituto Cinefotográfico de la Universidad Nacional de Tucumán. Argentina: (90 min.)

Referências bibliográficas

ALENCAR, Ana Caroline Matias (2023). O cultivo do olhar: folclore, paisagem e romantismo na obra de Jorge Prelorán (1965-1975). 2023. Tese (Doutorado em História Social da Cultura) – Programa de Pós-Graduação em História Social da Cultura, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

ASCH, Timothy; ASCH, Patsy (1995). Film in Ethnographic Research. In: HOCKINGS, Paul. Principles of Visual Anthropology. Berlin, Boston: De Gruyter Mouton.

ASSMANN, Aleida (2023). “Quatro tipos fundamentais do ato testemunhal”. In: VARGAS, Mariluci; CALDAS, Pedro; CORREIA, Silvia (Orgs.). Testemunho e escrita da história: da grande guerra à pandemia de Covid-19. São Paulo: Letra e voz.

AUMONT, Jacques; BERGALA, Alain; MARIE, Michel; VERNET, Marc (eds.) (2020). A estética do filme. Tradução de Marina Appenzeller. 9ª ed. Campinas: Papirus.

BANKS, Marcus; RUBY, Jay (ed.) (2011). Made to be seen: perspectives on the History of Visual Anthropology. Chicago; London: The University of Chicago Press.

BAZIN, André (2018). O que é o cinema? Tradução de Eloísa Araújo Ribeiro. São Paulo: Ubu Editora.

BAZIN, André (2016). O realismo impossível. Tradução de Mário Alves Coutinho. Belo Horizonte: Autêntica Editora.

BURTON, Julianne (ed.) (1991). Cinema and Social Change in Latin America: conversations with filmmakers. Austin: University of Texas Press.

CAMPO, Javier (2014). Documental etnográfico: lejanías y costumbres. Enfoco, San Antonio de los Baños, n. 46, pp. 24-28, abr.jul.

CAMPO, Javier (2020). Jorge Prelorán: cineasta de las culturas populares argentinas. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Asociación Civil Rumbo Sur.

CAMPO, Javier (2017). Unos pioneros en nada ortodoxos. El cine etnográfico latinoamericano de mediados del siglo XX. Archivos de la Filmoteca, Valencià, n. 73, pp. 193-212.

CARTA, Silvio (2015). Visual and Experiential Knowledge in Observational Cinema. Anthrovision, v. 3, n. 1 pp. 1-17.

COLOMBRES, Adolfo (1985). (ed.). Cine, antropología y colonialismo. Buenos Aires: Ediciones del Sol.

ENGLER, Verónica (2006). Jorge Prelorán: el cine de la vida. Entrevista. Exactamente, Buenos Aires, v. 12, n. 34, pp. 32-35.

GOLIOT-LÉTÉ, Anne; VANOYE, Francis (2020). Ensaio sobre análise fílmica. Tradução de Marina Appenzeller. 7ª ed. Campinas: Papirus.

GRIMSHAW, Anna (2001). The ethnographer`s eye: ways of seeing in modern anthropology. Cambridge: Cambridge University Press.

GRIMSHAW, Anna; RAVETZ Amanda (2009). Rethinking observational cinema. Journal of the Royal Anthropological Institute, v. 15, pp. 538-556.

HENLEY, Paul (2017). Modes of oral testimony in ethnographic film. Vivência: Revista de Antropologia, Natal, v. 1, n. 50, pp. 13-26, dez.

HENLEY, Paul (2018). The Authoring of Observational Cinema: Conversations with Colin Young. Visual Anthropology, v. 31, n. 3, pp. 193-235.

LAGUARDA, Paula (2017). Políticas culturales, documentales y identidades: la producción de Jorge Prelorán. Doc On-line, n. 21, pp. 73-96.

MACDOUGALL, David (2002). Young, Ethnographic Film and the Film Culture of the 1960s. Visual Anthropology Review, v. 17, n. 2, pp. 81-88, fall-winter.

MACDOUGALL, David (1998). Transcultural Cinema. New Jersey: Princeton University Press.

MARTIN, Michael, T. (ed.) (1997). New Latin American Cinema – Volume one: theory, practices and transcontinental articulations. Detroit: Wayne State University Press.

MOORE, Christopher (2018). Argentine Documentary Film and the Politics of Presence. Jorge Prelorán`s Valle Fértil. Latin American Perspectives, v. 45, n. 3, pp. 193-207.

PARANAGUÁ, Paulo Antonio (Ed.) (2003). Cine documental en América Latina. Madrid: Ediciones Cátedra.

PICK, Zuzana M (1996). The New Latina American Cinema: a Continental Project. Austin: University of Texas Press.

SCHAFER, Murray (2011). A afinação do mundo: uma exploração pioneira pela história passada e pelo estado atual do mais negligenciado aspecto do nosso ambiente: a paisagem sonora. Tradução de Marisa Trench Fonterrada. 2ª ed. São Paulo: Editora Unesp.

SHERMAN, Sharon (1998). Documenting ourselves: film, video and culture. Lexington: University Press os Kentucky.

STAM, Robert (2013). Introdução à teoria do cinema. Tradução de Fernando Mascarello. 5ª ed. Campinas: Papirus Editora.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo (2018). Metafísicas canibais: elementos para uma antropologia pós-estrutural. São Paulo: Ubu Editora, N-1 Edições.

Downloads

Publicado

2024-11-25

Como Citar

Matias Alencar, A. C. (2024). “Da pele das coisas”: paisagem sonora e testemunho oral no cinema etnobiográfico de Jorge Prelorán (1972). Intellèctus, 23(2), 221–246. https://doi.org/10.12957/intellectus.2024.84948