Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde como indutor de mudanças curriculares

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/sustinere.2022.59180

Palavras-chave:

Mudanças Curriculares, Sistema Único de Saúde, Graduação em Saúde, Integração Ensino-Serviço-Comunidade

Resumo

O objetivo deste estudo foi identificar as mudanças curriculares dos cursos de graduação em saúde induzidas pelo Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) edição GraduaSUS. Para tanto, foi conduzido um estudo exploratório e qualitativo, de abrangência nacional, cujos dados foram apreendidos por 13 rodas de conversas realizadas nas cinco regiões brasileiras. Participaram do estudo 100 integrantes do programa: coordenadores de projeto, tutores, preceptores e discentes. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo. Verificou-se que a edição GraduaSUS foi apontada como a mais potente na indução de mudanças curriculares em direção às Diretrizes Curriculares Nacionais e à lógica da interprofissionalidade. Disciplinas foram criadas e/ou revistas, eixos de ensino transversais e integradores foram incluídos na matriz curricular de alguns cursos e maior tempo de estágio nos cenários do Sistema Único de Saúde foi concedido aos estudantes. O PET-Saúde reafirma-se como política indutora de mudanças de processos e posturas, a partir dos movimentos de integração ensino-serviço. A edição GraduaSUS evidenciou, em particular, a dimensão intrainstitucional desta integração, sendo caracterizada pela conjugação dos esforços de docentes e discentes dos diferentes cursos da área da saúde, em prol do estabelecimento de mudanças curriculares e do reordenamento do perfil do egresso de saúde.

Biografia do Autor

Carinne Magnago, Departamento de Política, Gestão e Saúde, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo

Professora Doutora do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (HSP/FSP/USP). Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal Fluminense (UFF) (2009), especialista em Enfermagem do Trabalho pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) (2012), Mestre (2012) e Doutora (2017) em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social (IMS) da UERJ. Pesquisadora em Política, Planejamento e Gestão com ênfase no Trabalho e na Educação na Saúde e Enfermagem.

Soraya Almeida Belisário, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais

Possui graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, mestrado em Saúde Publica pela Escola Nacional de Saúde Publica (1993) e doutorado em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Campinas (2002). Professora associada IV, aposentada, do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (DMPS/FM/UFMG). Integrante do Grupo de Pesquisa "Políticas, Programas e Ações de educação na Saúde - PPAES". Pesquisadora em Política, Planejamento e Gestão com ênfase na Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, atuando nos seguintes temas: gestão e formação de recursos humanos em saúde, atenção primária em saúde, avaliação em saúde e educação médica.

Tania França, Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Estatística,possui mestrado em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública (2001) e doutorado em Saúde Coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2007). Atualmente é professora associada do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Procientista do Estado do Rio de Janeiro e Lider do Grupo de Pesquisa "Políticas, Programas e Ações de educação na Saúde - PPAES". Tem experiência na área de Saúde Coletiva, com ênfase em Educação na Saúde, atuando principalmente nos seguintes temas: recursos humanos em saúde, formação em saúde, educação em saúde.

Maria Ruth dos Santos, Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Graduação em Farmácia-Bioquímica pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1980), Doutorado em Saúde Coletiva pela UERJ/Instituto de Medicina Social (2006) e Mestrado em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública (1993), além de três especializações: Saúde Pública (1982), Desenvolvimento de Recursos Humanos para a Saúde (1985) e Vigilância Sanitária (2009). Foi Superintendente de Assistência à Saúde (1994/1996), Secretária Municipal de Saúde de Juiz de Fora/MG (2009/2010) e Gerente de Provimento em Saúde da UNIMED/Juiz de Fora (2003/2005). Atua como Especialista em Regulação e Vigilância Sanitária na Anvisa/ RJ e como pesquisadora associada do Centro de Estudos e Pesquisa em Saúde Coletiva (CEPESC), da UERJ. Tem experiência em Saúde Coletiva, principalmente nos seguintes temas: recursos humanos em saúde, profissões de saúde, políticas publicas de gestão do trabalho e da educação em saúde, gestão em saúde vigilância sanitária.

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Publicado

02-08-2022

Como Citar

Magnago, C., Almeida Belisário, S., França, T., & Santos, M. R. dos. (2022). Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde como indutor de mudanças curriculares. Revista Sustinere, 10(1), 196–208. https://doi.org/10.12957/sustinere.2022.59180