Violência doméstica contra mulher: o conhecimento como alicerce para o exercício da parresia pelos enfermeiros

Cristiane Lopes Amarijo, Victoria Leslyê Rocha Gutmann, Daniele Ferreira Acosta, Camila Daiane Silva

Resumo


O conhecimento é capaz de transformar realidades, de tal forma que a sociedade se equipa com suas verdades para compartilhá-las com os demais, exercendo a parresia, isto é, a coragem de dizer a verdade. Os profissionais que atuam na problemática da violência contra a mulher também precisam estar munidos com seus conhecimentos para que, junto com o indivíduo, transforme sua realidade. Assim, o presente estudo busca identificar e analisar o conhecimento subjetivo e objetivo dos enfermeiros atuantes na Atenção Básica acerca da violência doméstica contra a mulher, sob a perspectiva do exercício da parresia. Trata-se de uma pesquisa qualitativa desenvolvida com 20 enfermeiros atuantes na Atenção Básica de um município localizado ao sul do Rio Grande do Sul. Coletou-se os dados entre abril e junho de 2018, por meio de entrevistas semiestruturadas gravadas. O conteúdo das entrevistas foi inserido no software NVivo e tratado à luz da Análise Textual Discursiva. Verificou-se que os enfermeiros possuem conhecimento subjetivo e conhecimento objetivo acerca da violência doméstica contra mulher para o exercício da parresia. O conhecimento subjetivo se refere a tudo que é intrínseco ao sujeito, elaborado a partir das suas experiências, pensamentos e convicções, enquanto que o conhecimento objetivo compreende o saber científico. Estes conhecimentos são complementares e contribuem para a atuação junto às mulheres. Diagnosticar a violência doméstica na vida de mulheres que mantém essa chaga velada e ainda agir como parresiasta é uma tarefa árdua, mas capaz de transformar realidades.


Palavras-chave


Violência doméstica; Violência contra a mulher; Conhecimento; Revelação da verdade; Ética; Enfermagem

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DOI: https://doi.org/10.12957/sustinere.2022.57274

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