Violência doméstica contra mulher: o conhecimento como alicerce para o exercício da parresia pelos enfermeiros

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/sustinere.2022.57274

Palavras-chave:

Violência doméstica, Violência contra a mulher, Conhecimento, Revelação da verdade, Ética, Enfermagem

Resumo

O conhecimento é capaz de transformar realidades, de tal forma que a sociedade se equipa com suas verdades para compartilhá-las com os demais, exercendo a parresia, isto é, a coragem de dizer a verdade. Os profissionais que atuam na problemática da violência contra a mulher também precisam estar munidos com seus conhecimentos para que, junto com o indivíduo, transforme sua realidade. Assim, o presente estudo busca identificar e analisar o conhecimento subjetivo e objetivo dos enfermeiros atuantes na Atenção Básica acerca da violência doméstica contra a mulher, sob a perspectiva do exercício da parresia. Trata-se de uma pesquisa qualitativa desenvolvida com 20 enfermeiros atuantes na Atenção Básica de um município localizado ao sul do Rio Grande do Sul. Coletou-se os dados entre abril e junho de 2018, por meio de entrevistas semiestruturadas gravadas. O conteúdo das entrevistas foi inserido no software NVivo e tratado à luz da Análise Textual Discursiva. Verificou-se que os enfermeiros possuem conhecimento subjetivo e conhecimento objetivo acerca da violência doméstica contra mulher para o exercício da parresia. O conhecimento subjetivo se refere a tudo que é intrínseco ao sujeito, elaborado a partir das suas experiências, pensamentos e convicções, enquanto que o conhecimento objetivo compreende o saber científico. Estes conhecimentos são complementares e contribuem para a atuação junto às mulheres. Diagnosticar a violência doméstica na vida de mulheres que mantém essa chaga velada e ainda agir como parresiasta é uma tarefa árdua, mas capaz de transformar realidades.

Biografia do Autor

Cristiane Lopes Amarijo, Escola de Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Doutora em Enfermagem. Rio Grande, RS, Brasil.

Victoria Leslyê Rocha Gutmann, Escola de Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

Enfermeira. Especialista em Saúde da Família. Rio Grande, RS, Brasil.

Daniele Ferreira Acosta, Escola de Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Doutora em Enfermagem. Rio Grande, RS, Brasil.

Camila Daiane Silva, Escola de Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Doutora em Enfermagem. Rio Grande, RS, Brasil.

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Publicado

20-12-2022

Como Citar

Amarijo, C. L., Rocha Gutmann, V. L., Acosta, D. F., & Silva, C. D. (2022). Violência doméstica contra mulher: o conhecimento como alicerce para o exercício da parresia pelos enfermeiros. Revista Sustinere, 10(2), 539–555. https://doi.org/10.12957/sustinere.2022.57274