“Ideologia de gênero" e escola sem partido: a agenda privatizante moralizadora para a educação brasileira

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/riae.2019.44849

Palavras-chave:

Conservadorismo, Laicidade, Educação, Ideologia de Gênero, Escola Sem Partido

Resumo

Com o propósito de pensar dois temas que vêm marcando as discussões recentes do campo educacional brasileiro, a saber, o movimento escola sem partido e a dita “ideologia de gênero”, esse texto irá tratar de tais temáticas à luz do que denominamos formação de uma agenda privatizante moralizadora da educação brasileira. Para discutir a composição dessa agenda, o artigo aborda a relação entre Estado, religião e democracia, discutindo a concepção de laicidade, a construção de um quadro conservador que se desenhou no Brasil de forma mais explícita na última década e seus contornos para a educação. Almeja-se apresentar a ingerência de diferentes segmentos conservadores, com destaque para a ação de agentes religiosos na produção das políticas educacionais recentes do país. A identificação desses agentes, suas movimentações e discursos constituem parte deste trabalho, que procura compreender parte das estratégias utilizadas, bem como identificar os principais argumentos que vêm permitindo implementar e sustentar essa agenda na cena educacional do país. Para isso, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa, envolvendo análise documental e levantamento de discursos que se destacaram nesse percurso. Por fim, pretendeu-se com este artigo contribuir com os estudos referentes à laicidade e à importância dessa para o campo educacional e para o estágio de democracia do país.

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Publicado

29-08-2019

Como Citar

MENDONÇA, Amanda André de; MOURA, Fernanda Pereira de. “Ideologia de gênero" e escola sem partido: a agenda privatizante moralizadora para a educação brasileira. Revista Interinstitucional Artes de Educar, [S. l.], v. 5, n. 2, p. 201–222, 2019. DOI: 10.12957/riae.2019.44849. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/riae/article/view/44849. Acesso em: 24 abr. 2024.