"Apaixonados por carros como todo brasileiro" (?) - Reflexões frankfurteanas sobre a indústria cultural contemporânea

Autores

  • Rebeca Carvalho de Morais Universidade Federal do Ceará – UFC
  • Jesus Garcia Pascual Universidade Federal do Ceará – UFC
  • Maria de Fátima Vieira Severiano Universidade Federal do Ceará – UFC

DOI:

https://doi.org/10.12957/epp.2011.8341

Palavras-chave:

Indústria cultural, Subjetividades contemporâneas, Publicidade, Carro, Consumo

Resumo

O presente artigo tem por objetivo tecer uma reflexão crítica acerca da "paixão" enunciada pela campanha de marketing da empresa de combustíveis Ipiranga, a partir das contribuições teóricas formuladas por Adorno e Horkheimer, teóricos da Escola de Frankfurt, no que concerne ao conceito de Indústria Cultural. Salientamos, desde já, que este ensaio não visa a estudar epistemologicamente a referida Escola, mas sim a apontar a atualidade do conceito de "indústria cultural". Em vista da atual crença na felicidade a partir do consumo idealizado de mercadorias, disseminados pela publicidade, o presente trabalho tem por objetivo tecer uma reflexão crítica acerca da Indústria Cultural contemporânea e suas implicações psicossociais na atual constituição das subjetividades, a partir da Teoria Crítica. Tomamos como exemplar da referida Indústria o slogan publicitário: "Apaixonados por carro como todo brasileiro", que divulga como "cultura de massa" esta "paixão". Metodologicamente procedemos a uma revisão de conceitos da Escola de Frankfurt vinculados à racionalidade técnico-instrumental moderna, apontando a atualidade do conceito de "indústria cultural" e diferenciando-o de uma cultura originária das massas. A pesquisa empírica, cuja estratégia metodológica consistiu em recolhermos depoimentos de internautas em 12 sites relacionados à temática do slogan, visou investigar as atuais formas de adesão/resistência ao referido slogan. Em nossa leitura teórico-crítica dos depoimentos, apesar das formas de adesão fascinadas serem majoritárias, também detectamos formas de resistência; o que nos aponta que esta "paixão", como muitas outras proclamadas pela indústria cultural, não emerge espontaneamente dos brasileiros, mas que, em verdade, foi construída para os brasileiros – forma atualizada do fetichismo da mercadoria.

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Publicado

01-12-2011

Como Citar

Morais, R. C. de, Pascual, J. G., & Severiano, M. de F. V. (2011). "Apaixonados por carros como todo brasileiro" (?) - Reflexões frankfurteanas sobre a indústria cultural contemporânea. Estudos E Pesquisas Em Psicologia, 11(3), 873–897. https://doi.org/10.12957/epp.2011.8341