"Ainda assim me levanto": as narrativas históricas e a construção do eu feminino

Autores

  • Ana Carolina Cerqueira Medrado Universidade Federal da Bahia - UFBA
  • Mônica Lima de Jesus Universidade Federal da Bahia - UFBA

DOI:

https://doi.org/10.12957/epp.2018.42239

Palavras-chave:

eu, gênero, história, narrativas, Psicologia Social Construcionista

Resumo

Este ensaio objetiva discutir duas narrativas concorrentes sobre o eu feminino (uma construída pelo patriarcado, produzida, sobretudo, pelos discursos médicos-científicos durante o século XIX e outra que apresenta a resistência feminina frente às opressões patriarcais), bem como analisar as repercussões de ambas as narrativas na construção do eu e na saúde mental das mulheres. Adotamos como referencial teórico a Psicologia Social Construcionista e o Feminismo Interseccional. A Psicologia Social Construcionista concebe o eu como um recurso discursivo, situado histórica, social e culturalmente. Nesse sentido, recusa tanto uma visão essencialista sobre o eu e sobre o feminino quanto a proposta individualista de construção do eu. Assume que a construção do eu ocorre com narrativas inteligíveis sobre si mesmo e, nessa construção, narrativas históricas também se fazem presentes. Assim, os discursos construídos historicamente pela ciência, especialmente a ciência médica, participam da construção do eu, inclusive da performance de gênero. Compreendemos as narrativas como produtoras de subjetividades; devido a isso, reconhecemos a importância de destacar as narrativas paralelas, que salientam a resistência feminina. Ademais, a retomada histórica permite perceber que determinadas crenças, valores e preconceitos foram estabelecidos historicamente e, sendo assim, outras narrativas também são possíveis.

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Publicado

29-04-2019

Como Citar

Medrado, A. C. C., & Jesus, M. L. de. (2019). "Ainda assim me levanto": as narrativas históricas e a construção do eu feminino. Estudos E Pesquisas Em Psicologia, 18(4), 1348–1371. https://doi.org/10.12957/epp.2018.42239