Desmarginalizando o pensamento feminista negro: possibilidades para uma educação emancipadora

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/intellectus.2022.65877

Palavras-chave:

feminismo negro, educação, diversidade

Resumo

Este artigo visa apresentar uma discussão sobre como a construção do sujeito universal e a colonialidade dos saberes marginaliza o pensamento de intelectuais negras e elas próprias e, em um processo dialético, mobiliza expressões criativas que elaboram e afirmam o potencial teórico e político de suas produções. Por meio de uma pesquisa bibliográfica, foram elencados referenciais teóricos que versam sobre a realidade social das mulheres negras, considerando seus aspectos materiais e históricos que permitem desvelar os efeitos que a interação entre duas ou mais formas de opressões podem produzir em determinados contextos. Deste modo, objetivamos enunciar possibilidades para que os paradigmas produzidos por intelectuais negras tenham suas potencialidades reconhecidas no campo da Educação, tendo em vista que registrar suas contribuições implica questionamentos de paradigmas hegemônicos e corrobora o processo de construção de uma educação emancipadora.

Biografia do Autor

Mariana Alves de Sousa, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Doutoranda em Educação pela Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e Ciências, Campus Marília. Licenciada e bacharela em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Mestra em Sociologia (ProfSocio - UNESP/FFC). Pesquisa questões relacionadas à interseccionalidade, pensamento feminista negro e decolonial, identidade étnico-racial, Ensino de Sociologia e Educação. Integra o Núcleo Negro da UNESP para Pesquisa e Extensão (NUPE/UNESP/Marília) e é associada à ABPN (Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as). Atualmente é pesquisadora da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

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Publicado

2022-07-30

Como Citar

Sousa, M. A. de. (2022). Desmarginalizando o pensamento feminista negro: possibilidades para uma educação emancipadora. Intellèctus, 21(1), 60–86. https://doi.org/10.12957/intellectus.2022.65877