O que você esconde? Caminhos para uma decolonização do “universalismo sem corpo”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/intellectus.2021.58411

Palavras-chave:

Colonialidade, Corpo, Epistemologias decoloniais

Resumo

Este artigo discute criticamente, em diálogo com Aimé Césaire, Frantz Fanon e alguns autores decoloniais, a ideia do “universalismo sem corpo”. Trata-se de um princípio epistemológico fundamentado na lógica disjuntiva entre sujeito e objeto, mente e corpo, que acompanha a constituição do capitalismo colonial. Nesse princípio, o colonizador se inscreve enquanto sujeito universal incorpóreo ao tempo que o “outro” é objetificado, reduzido à sua existência particular e corporal. Tendo em vista esse paradigma ocidental que afasta o corpo dos processos de subjetivação e construção de saberes, proponho um caminho experimental de “escrita despacho”, cujo princípio é acionar um pensamento atravessado pelas forças vitais do corpo, de modo que rompa com as amarras de uma pedagogia incorpórea que atravessa a cidade e seus monumentos, as escolas e seus métodos escriptocêntricos.

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Publicado

2021-08-02

Como Citar

Florencio, T. de A. e L. (2021). O que você esconde? Caminhos para uma decolonização do “universalismo sem corpo”. Intellèctus, 20(1), 34–53. https://doi.org/10.12957/intellectus.2021.58411