Formação inicial docente e a prática pedagógica no estágio supervisionado: da marafunda euro-colonialista à ginga afrodiaspórica em resistência

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/intellectus.2021.57779

Palavras-chave:

Formação docente, Decolonialismo, Saberes afrodiaspóricos, Episteme euro-colonialista, Estágio Supervisionado.

Resumo

O presente artigo materializa a reflexão sobre o processo formativo docente de licenciandos na fase de estágio supervisionado, bem como, discentes bolsistas da CAPES no PIBID, em contato com o discurso colonialista existente nos currículos e livros didáticos e seu contraponto às Leis 10.639/2003 e 11.645/2008. As atividades ocorreram no Colégio Estadual Antônio Prado Júnior (CEAPJ) – em contexto pandêmico de Covid-19, logo processos de ensino-aprendizagem virtualizados. Nosso objetivo foi partir dos discursos decoloniais e afrodiaspóricos, ancorados em saberes advindos dos provérbios africanos e do pensamento freiriano, propondo aos licenciandos um olhar autocrítico sobre suas formações e a permanência de discursos euro-colonialistas. A metodologia utilizada para atingir o objetivo articulou a escuta do Outro e a práxis embrionária de ruptura com a marafunda epistemológica colonialista. Para alicerçar este caminho de reflexão foram utilizados os conhecimentos geográficos e históricos analisando o currículo proposto pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro (Seeduc-RJ) e os livros didáticos enviados à escola pelo PNLD, a partir da temática do Egito antigo.


Biografia do Autor

Rodrigo Batista Lobato, Instituto Federal Fluminense Universidade Veiga de Almeida

Doutor pelo Programa de Pós Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (2020), inserido no Laboratório de Cartografia (GEOCART UFRJ); Mestre em Engenharia Cartográfica pelo Programa de Pós Graduação do Instituto Militar de Engenharia (2014); Geógrafo do magistério pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2011). Atualmente é professor de Geografia do Instituto Federal Fluminense - RJ; mediador à distância de Geomorfologia Continental do CEDERJ/UERJ; Coordenador do Curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Veiga de Almeida, atuando também como docente das disciplinas Cartografia Básica e Temática; Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto; Cartografia Cultural; Geografia Cultural; Prática e Pesquisa em Geografia, além de ser responsável pelo grupo de estudo PANGEA. Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Cartografia e Geoprocessamento, atuando principalmente nos seguintes temas: História do Pensamento Cartográfico Escolar; Cartografia no Ensino de Geografia; Multiletramentos na Cartografia; Práticas de Letramentos na Cartografia; Cartografia Aplicada as Análises Ambientais. Recentemente se tornou o Coordenador do Pibid do curso de Geografia na Universidade Veiga de Almeida.

Giovanni Codeça Silva, Seeduc - RJ Universidade Veiga de Almeida

Doutor em Letras Neolatinas/UFRJ (2018). Mestre em Ciência Política/UFRJ (2002). Bacharel e Licenciado em História/UFRJ (2000). Professor da Seeduc-RJ. Coordenador e Professor na UVA. Professor Visitante na Unic-Sul.

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Publicado

2021-08-02

Como Citar

Lobato, R. B., & Silva, G. C. (2021). Formação inicial docente e a prática pedagógica no estágio supervisionado: da marafunda euro-colonialista à ginga afrodiaspórica em resistência. Intellèctus, 20(1), 139–164. https://doi.org/10.12957/intellectus.2021.57779