O erê e o devir-criança negro: outros possíveis em tempos necropolíticos
DOI:
https://doi.org/10.12957/childphilo.2021.56331Keywords:
Devir-criança negra, erê, necropolítica, candombléAbstract
O objetivo deste artigo é o de investigar como a noção de devir-criança negra, intermediada pela experiência do erê no candomblé, nagô suscita outros possíveis existenciais para as crianças em tempos necropolíticos. A hipótese central é de que as crianças negras são marcadores de singularidades sociais potentes para se alterar a lógica dos coeficientes mortíferos que perpassam a necropolítica atual. Ao mesmo tempo, sustenta-se que sem o enfrentamento do carrego colonial não há como mitigar-se a força e a presença da necropolítica. Para tanto, o texto atualiza a condição da necropolítica contemporânea considerando sua genealogia colonizadora. Em seguida, a partir de pesquisas com crianças negras no candomblé nagô Ilê Axé Omo Oxe Ibalatam, na cidade de São Paulo, destacar-se-á a relação do erê na deflagração do devir-criança negra, bem como suas implicações para se produzir outros possíveis em tempos necropolíticos.Downloads
References
Asante, Molefi Kete. Afrocentricidade: notas sobre uma posição disciplinar. In: Nascimento, Elisa Larkin. Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro, 2009.
Benjamin, Walter. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. São Paulo: Editora 34, 2004.
Berardi, Franco. Asfixia. Capitalismo financeiro e a insurreição da linguagem. São Paulo: Ubu, 2020.
Brown, Wendy. Nas ruínas do neoliberalismo. A ascensão da política antidemocrática no ocidente. São Paulo: Politéia, 2018.
Butler, Judith. Vida precária. Os poderes do luto e da violência. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.
Carvalho, Alexandre Filordi de. “Foucault e o neoliberalismo de subjetividades precárias: incidências na escola pública brasileira”. Revista Artes de Educar. V.6, n. 3 (2020), p. 935-956.
Carvalho, Alexandre Filordi de. Trajetividade e máquina geográfica: cinema e terras entre intervalos para outros espaços sem terra. In. Azevedo, Ana Francisca; Ramírez, Rosa Cerarols; Oliveira Júnior, Wenceslao (Orgs.). Intervalo: entre Geografias e Cinemas. Minho: UMDGEO - Departamento de Geografia, Universidade do Minho, Braga-Portugal, 2015, v. II, p. 97-114.
Césaire, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2010.
DeleuzE, Gilles; Guattari, Félix. Mil Platôs. V. 1. São Paulo: Editora 34, 2011
Deleuze, Gilles; Guattari, Félix. Mil Platôs. V. 4. São Paulo: Editora 34, 2012.
Dilger, Gerhard; Lang, Miriam; Pereira Filho, Jorge (Orgs.). Descolonizar o imaginário. São Paulo: Elefante, 2020.
Fanon, Frantz. Peau noire, masques blancs. Paris: Seuil, 2015.
Federici, Silvia. O ponto zero da revolução. Trabalho doméstico, reprodução e luta feminina. São Paulo: Elefante, 2019.
Foucault, Michel. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
Gomes, Nilma Lino. O movimento negro educador: saberes construídos na luta por emancipação. Petrópolis: Vozes, 2017.
Hosang, Daniel Martinez; Lowndes, Joseph. Producers, parasites, patriotes. Race ande the new right-wing politics of precarity. London/Minneapolis: University of Minessota Press, 2019.
Kilomba, Grada. Memórias da plantação. Episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
Kinzer, Stephen. Overthrow. America’s century of regime change from Hawaii to Iraq. New York: Times Books, 2006.
Krenak, Ailton. “Ailton Krenak”. In. Cohn, Sérgio; Kadiwéu, Idjahure (Orgs.), Tembeta: conversas com pensadores indígenas. Rio de Janeiro: Azougue, 2019, p. 11-51.
Mcclintock, Anne. Couro imperial. Raça, gênero e sexualidade no embate colonial. Campinas: Editora UNICAMP, 2018.
Mbembe, Achille. Necropolítica. São Paulo: N-1, 2018 a.
Mbembe, Achille. Crítica da razão negra. São Paulo: N-1, 2018 b.
Memmi, Albert. Retrato do colonizado precedido do retrato do colonizador. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
Nobles, Wade. “To be or not to be: the questions of identity or authenticity: some preliminary thoughts”. In: Jones, Reginald (org). African American identity development: theory, research and intervention. Jones Hampton: Cobb & Henry Publishers, 1998.
Nobles, Wade. Seeking the Sakhu. Geórgia: FAHQ, 2010.
Nobles, Wade. Sakhu Sheti: retomando e reapropriando um foco afrocentrado. In: Nascimento, Elisa Larkin. Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro, 2009.
Oliveira, Eduardo David. A ancestralidade na encruzilhada. Curitiba: Gráfica Popular, 2007.
Ramos, Sílvia. Racismo, motor da violência: um ano da Rede de Observatórios da Segurança. In. Ramos, Sílvia et al (Orgs.). Rio de Janeiro: Anabela Paiva, Centro de Estudo de Segurança e Cidadania (CESeC), 2020.
Rufino, Luiz. Exu e a Pedagogia das Encruzilhadas. 231 f. (Tese), Doutorado em Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro- Faculdade de Educação. Rio de Janeiro, 2017.
Rufino, Luiz; Simas, Luiz Antonio. Fogo no Mato: a ciência encantada das macumbas. Rio de Janeiro: Mórula, 2018.
Rufino, Luiz. Pedagogia das encruzilhadas. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2019.
Said, Edward W. Orientalismo: o oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
SantoS, Antônio Bispo dos. Colonização, quilombos: modos e significações. Brasília. INCTI, UnB, 2015.
Santos, Juana Elbein. Os Nàgô e a morte: Pàde, Àsèsè e o culto Égun na Bahia. 14.ed. Petrópolis: Vozes, 2012.
Schucman, Lia Vainer. Entre o encardido, o branco e o branquíssimo. Branquitude, hierarquia e poder na cidade de São Paulo. São Paulo: Venetá, 2020.
Senghor, Léopold Sédar. Oeuvre poétique. Paris: Éditions du Seuil, 1990.
Sodré, Muniz. Pensar Nagô. Petrópolis: Vozes, 2018.
Souza, Ellen Gonzaga Lima. Experiências de infâncias com produções de culturas no Ilê Axé Omo Oxé Ibá Latam. 2016. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2016.
Souza, Ellen de Lima; Andrade, Antônio Paulino. In: Barreiro, Alex; et alli. (Orgs.) Pesquisas e pedagogias: educação para as diferenças. Uberlândia: Navegando Publicações, 2020.
Standing, Guy. O precariado. A nova classe perigosa. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância. O impacto do racismo na infância. Brasília: UNICEF, 2010.
Varikas, Eleni. A escória do mundo. Figuras do pária. São Paulo: Editora Unesp, 2014.
Verger, Pierre. Notas sobre o culto aos orixás e voduns na Bahia de todos os santos, no Brasil, e na antiga costa dos escravos, na África. Tradução Carlos Eugênio Marcondes de Moura. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1999.
Weil, Pierre. Introdução ao tema da normose. In. Crema, Roberto; Leloup, Jean-Yves; Weil, Pierre (Orgs). Normose. A patologia da normalidade. 5.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2011, p. 13- 30