Padrão alimentar preditivo e protetor do risco cardiovascular segundo o método dos escores em adolescentes vivendo com HIV

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/demetra.2025.86717

Palavras-chave:

HIV. Food intake. Nutrients. Cardiovascular diseases. Adolescent.

Resumo

Introdução: Os efeitos adversos da terapia antirretroviral de longo prazo, associados a maus hábitos alimentares, podem contribuir para o desenvolvimento de anormalidades metabólicas e cardiovasculares no HIV. Objetivo: Avaliar padrões alimentares que predizem ou protegem contra o risco cardiovascular em adolescentes vivendo com HIV. Métodos: Esta série de casos incluiu 34 adolescentes diagnosticados com HIV, de ambos os sexos, com idades entre 10 e 18 anos. Os fatores de risco cardiovascular avaliados incluíram sobrepeso e obesidade, circunferência da cintura elevada, pressão arterial sistólica e diastólica elevadas, perfis lipídicos e níveis glicêmicos desfavoráveis. A ingestão alimentar foi avaliada por meio de um Questionário de Frequência Alimentar e analisada por meio de um sistema dos escores que atribui pontos aos alimentos com base na frequência de consumo. A associação entre padrões alimentares e desfechos cardiovasculares foi avaliada pelo teste U de Mann-Whitney. Resultados: Houve alta frequência de peso normal (74%), glicemia (80%), colesterol total (82%), LDL-c (78%), pressão arterial (91%), percentual de gordura corporal (76%) e valores de circunferência da cintura (100%). Proporções substanciais de adolescentes apresentaram níveis elevados de triglicerídeos (50%) e concentrações reduzidas de HDL-c (77,7%). Apesar damaior ingestão de itens alimentares protetores, o consumo geral de frutas e vegetais foi baixo. Foi observada alta ingestão de açúcares adicionados, frituras, carnes processadas, refrigerantes e biscoitos. Foi encontrada associação inversa entre padrões alimentares preditivos e valores de pressão arterial sistólica (p = 0,04). Conclusão: Foi observada alta ingestão de alimentos considerados protetores contra risco cardiovascular, apesar do baixo consumo de frutas e vegetais e alta ingestão de alimentos associados ao aumento do risco cardiovascular. Foi identificada alta frequência de dislipidemia, juntamente com associação entre padrões alimentares preditivos e baixa pressão arterial sistólica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

1. Gortmaker SL, Hugues M, Cervia J, Brady M, Johnson GM, Seage GR, et al. Effect of combination therapy including protease inhibitors on mortality among children and adolescents infected with HIV-1 N Engl J Med. 2001;345(21).

2. Maggi P, Di Biagio A, Rusconi S, Cicalini S, D'Abbraccio M, d'Ettorre G, et al. Cardiovascular risk and dyslipidemia among persons living with HIV: a review. BMC Infect Dis. 2017;17(1):551. https://doi.org/10.1186/s12879-017-2626-z.

3. Almeida FJ, Kochi C, Safadi MAP. Influence of the antiretroviral therapy on the growth pattern of children and adolescents living with HIV/AIDS. J Pediatr (Rio J). 2019;95 Suppl 1:95-101. https://doi.org/10.1016/j.jped.2018.12.007.

4. Brasil. Recomendações para a terapia antirretroviral em crianças e adolescentes infectados pelo HIV: série manuais, nº 85. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids, editor. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2009.

5. d'Ettorre G, Ceccarelli G, Pavone P, Vittozzi P, De Girolamo G, Schietroma I, et al. What happens to cardiovascular system behind the undetectable level of HIV viremia? AIDS Res Ther. 2016;13:21. https://doi.org/10.1186/s12981-016-0105-z.

6. Sainz T, Álvarez-Fuente M, Navarro ML, Díaz L, Rojo P, Blázquez D, et al. Subclinical Atherosclerosis and Markers of Immune Activation in HIV-Infected Children and Adolescents: The CaroVIH Study. J Acquir Immune Defic Syndr. 2014;65(1).

7. Leite LHM, Sampaio ABdMM. Risco cardiovascular: marcadores antropométricos, clínicos e dietéticos em indivíduos infectados pelo vírus HIV. Rev Nutr. 2011;24(1):79-88.

8. Augustemak de Lima LR, Teixeira DM, Martins PC, Martins CR, Pelegrini A, Petroski EL. Imagem corporal e indicadores antropométricos em adolescentes vivendo com HIV. Brazilian Journal of Kinanthropometry and Human Performance. 2018;20(1):53-63. https://doi.org/10.5007/1980-0037.2018v20n1p53.

9. Silva EFR, Lewi DS, Vedovato GM, Garcia VRS, Tenore SB, Bassichetto KC. Estado nutricional, clínico epadrão alimentar de pessoasvivendo com HIV/Aids emassistência ambulatorial nomunicípio de São Paulo. Rev Bras Epidemiol. 2010;13(4):677-88.

10. Ronca DB. Estudo de risco ardiovascular em adolescentes (ERICA): análise da qualidade global da dieta. In: Brasília Ud, editor. Brasília, 2017. p. 121.

11. Beck CC, Lopes AdS, Giuliano IdCB, Borgatto AF. Fatores de risco cardiovascularem adolescentes de municípiodo sul do Brasil: prevalênciae associações com variáveissociodemográficas. Rev Bras Epidemiol. 2011;14(1):36-49. https://doi.org/10.1590/S1415-790X2011000100004.

12. Ferreira RC, Vasconcelos SML, Santos EAd, Padilha BM. Consumo de alimentos preditores e protetores de risco cardiovacular por hipertensos do estado de Alagoas, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva. 2019;24. https://doi.org/10.1590/1413-81232018247.20242017.

13. Pereira MD, Teixeira NdSCCdA, Oliveira IKF, Lima CHR, Paiva AdA. Esquema terapêutico e consumo alimentar em pessoas vivendo com HIV/Aids. Archives of Health Investigation. 2019;8(7). https://doi.org/10.21270/archi.v8i7.4625.

14. de Jesus Espinosa MHT, de Andrade MIS, da Silva MSM, Moreno YMF, de Lima LRA. Food consumption and cardiovascular risk in children and adolescents living with HIV: a systematic review. AIDS Care. 2025;37(4):535-45. https://doi.org/10.1080/09540121.2025.2456675.

15. Martin-Canavate R, Sonego M, Sagrado MJ, Escobar G, Rivas E, Ayala S, et al. Dietary patterns and nutritional status of HIV-infected children and adolescents in El Salvador: A cross-sectional study. PLoS One. 2018;13(5):e0196380. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0196380.

16. Neto ACB, de Andrade MIS, de Menezes Lima VL, da Silva Diniz A. Body weight and food consumption scores in adolescents from northeast Brazil. Revista Paulista de Pediatria (English Edition). 2015;33(3):318-25. https://doi.org/10.1016/j.rpped.2015.01.002.

17. Ferreira RC, Barbosa LB, Vasconcelos SML. Studies assessing food consumption by the scores method: a systematic review. Revista Ciência & Saúde Coletiva. 2019;24(5):1777-92. https://doi.org/10.1590/1413-81232018245.12362017.

18. Oliveira URdJ. Classes sociais e classes socioeconômicas: uma breve análise sobre os aspectos sócio-ocupacionais dos estratos de renda na RM de Salvador entre os anos 2003-2010. In: Bahia UFd, editor. Salvador2016. p. 101.

19. Slater B, Philippi S, Fisberg R, Latorre M. Validation of a semi-quantitative adolescent food frequency questionnaire applied at a public school in São Paulo, Brazil. Eur J Clin Nutr. 2003;57:629-35. https://doi.org/10.1038/sj.ejcn.1601588.

20. Fornés NSd, Martins IS, Velásquez-Meléndez G, Latorre MdRDdO. Escores de consumo alimentar e níveis lipêmicos em população de São Paulo, Brasil. Rev Saúde Pública 2002;36(1):12-8. https://doi.org/10.1590/S0034-89102002000100003.

21. Stewart A, Marfell-Jones M, Olds T, De Ridder J. International Standards for Anthropometric Assessment; 2011.

22. Lima LRAd, Martins PC, Junior CASA, Castro JACd, Silva DAS, Petroski EL. Are traditional body fat equations and anthropometry valid to estimate body fat in children and adolescents living with HIV?. Braz J Infect Dis. 2017;21(4):448-56. https://doi.org/10.1016/j.bjid.2017.03.015.

23. de Onis M, Onyango Aw Fau - Borghi E, Borghi E Fau - Siyam A, Siyam A Fau - Nishida C, Nishida C Fau - Siekmann J, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. (0042-9686 (Print)). https://doi.org/10.2471/blt.07.043497.

24. Saúde Md. Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde. In: Básica DdA, editor. Brasília, DF: Editora MS; 2011.

25. Freedman DS, Serdula MK, Srinivasan SR, Berenson GS. Relation of circumferences and skinfold thicknesses to lipid and insulin concentrations in children and adolescents: the Bogalusa Heart Study2. The American Journal of Clinical Nutrition. 1999;69(2):308-17. https://doi.org/10.1093/ajcn/69.2.308.

26. Lohman TG. Advances in Body Composition Assessment: Human Kinetics Publishers; 1992.

27. Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Mota-Gomes MA, Brandão AA, Feitosa ADdM, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 2021;116(3):516-658. https://doi.org/10.36660/abc.20201238.

28. Faludi AA, Izar MCdO, Saraiva JFK, Chacra APM, Bianco HT, Neto AA, et al. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 2017;109(2 suppl 1):1-76. https://doi.org/10.5935/abc.20170121.

29. Golbert A, Vasques ACJ, Faria ACRdA, Lottenberg AMP, Joaquim AG, Vianna AGD, et al. Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes 2019-2020. São Paulo, SP; 2019.

30. Guimarães MMM. Parâmetro de predição do risco cardiovascular em pacientes infectados pelo HIV. In: Gerais UFdM, editor. Belo Horizonte; 2009.

31. Deresz LF, Brito Cd, Schneider CD, Rabito EI, Ikeda MLR, Lago PD. Consumo alimentar e risco cardiovascularem pessoas vivendo com HIV/AIDS. Ciência & Saúde Coletiva. 2018;23. https://doi.org/10.1590/1413-81232018238.20542016.

32. Tremeschin MH, Sartorelli DS, Cervi MC, Negrini BVdM, Salomão RG, Monteiro JP. Nutritional assessment and lipid profile in HIV-infected children and adolescents treated with highly active antiretroviral therapy. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2011;44. https://doi.org/10.1590/S0037-86822011005000039.

33. Martins PC, Lima LRAd, Teixeira DM, Carvalho APd, Petroski EL. Atividade física e gordura corporal de adolescentes vivendo com HIV: um estudo corporativo. Revista Paulista de Pediatria. 2017;35.

34. Werner ML, Pone Mv Fau - Fonseca VM, Fonseca Vm Fau - Chaves CRMdM, Chaves CR. Lipodystrophy syndrome and cardiovascular risk factors in children and adolescents infected with HIV/AIDS receiving highly active antiretroviral therapy. 2010(1678-4782 (Electronic)).

35. Sharma TS, Kinnamon DD, Duggan C, Weinberg GA, Furuta L, Bechard L, et al. Changes in macronutrient intake among HIV-infected children between 1995 and 2004. The American Journal of Clinical Nutrition. 2008;88(2):384-91. https://doi.org/10.1093/ajcn/88.2.384.

36. Arruda Neta AdCPd, Marchioni DML. Padrões alimentares e fatores de risco cardiovasculares em adolescentes. 2019. https://doi.org/10.11606/T.6.2019.tde-12112019-143838.

37. Souza AdM, Pereira RA, Yokoo EM, Levy RB, Sichieri R. Alimentos mais consumidos no Brasil: Inquérito Nacional de Alimentação 2008-2009. Revista de Saúde Pública. 2013;47. https://doi.org/10.1590/S0034-89102013000700005.

38. Lima RP, Miranda RdNA, Guterrez AdS. Impacto do estado nutricional na adesão à dietoterapia em pessoas com HIV. Revista Paraense de Medicina. 2015;29(3):37-44.

39. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE). Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar: 2019. In: Sociais CdPeI, editor. Rio de Janeiro, RJ; 2021.

40. Azeredo CM, de Rezende LFM, Canella DS, Moreira Claro R, de Castro IRR, Luiz OdC, et al. Dietary intake of Brazilian adolescents. Public Health Nutrition. 2015;18(7):1215-24. https://doi.org/10.1017/S1368980014001463.

41. Tavares LF. Síndrome metabólica e consumo alimentar em adolescentes assistidos pelo Programa Médico de Família, Niterói – RJ, Brasil: Estudo Camelia. In: Fluminense UF, editor. Niterói, RJ. 2010. p. 158.

42. Almeida LB, Giudici KV, Jaime PC. Consumo alimentar e dislipidemia decorrente da terapia antirretroviral combinada para infecção pelo HIV: uma revisão sistemática. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia. 2009;53. https://doi.org/10.1590/S0004-27302009000500005.

43. Srour B, Fezeu LK, Kesse-Guyot E, Alles B, Mejean C, Andrianasolo RM, et al. Ultra-processed food intake and risk of cardiovascular disease: prospective cohort study (NutriNet-Sante). BMJ. 2019;365:l1451. https://doi.org/10.1136/bmj.l1451.

44. Chen X, Chu J, Hu W, Sun N, He Q, Liu S, et al. Associations of ultra-processed food consumption with cardiovascular disease and all-cause mortality: UK Biobank. Eur J Public Health. 2022;32(5):779-85. https://doi.org/10.1093/eurpub/ckac104.

45. Ribeiro AC, Sávio KEO, Rodrigues MdLCF, Costa THMd, Schmitz BdAS. Validação de um questionário de freqüência de consumo alimentar para população adulta. Revista de Nutrição. 2006;19. https://doi.org/10.1590/S1415-52732006000500003.

Publicado

2025-11-17

Como Citar

1.
Teixeira de Jesus MH, Siqueira de Andrade MI, Coelho Cabral P, Augustemak de Lima LR. Padrão alimentar preditivo e protetor do risco cardiovascular segundo o método dos escores em adolescentes vivendo com HIV. DEMETRA [Internet]. 17º de novembro de 2025 [citado 22º de novembro de 2025];20:e86717. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/demetra/article/view/86717

Edição

Seção

Nutrição Clínica