As Razões maternas para oferta de alimentos ultraprocessados a lactentes menores de um ano: resultados do estudo CLaB

Autores

  • Thaís da Silva Adriano Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Medicina de Botucatu, Departamento de Enfermagem. Botucatu, SP, Brasil. https://orcid.org/0009-0005-3315-7914
  • Michelly da Silva Alves Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Medicina de Botucatu, Departamento de Enfermagem. Botucatu, SP, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-3827-212X
  • Caroline de Barros Gomes Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Medicina de Botucatu, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Botucatu, SP, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-9576-4251
  • Maria Antonieta de Barros Leite Carvalhaes Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Medicina de Botucatu, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Botucatu, SP, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-6695-0792

DOI:

https://doi.org/10.12957/demetra.2025.88901

Palavras-chave:

Alimentação complementar. Condutas na alimentação. Alimentos ultraprocessados. Estudos de coortes.

Resumo

Introdução: As razões para a introdução de alimentos ultraprocessados na alimentação de lactentes são pouco conhecidas. Objetivo: Investigar as razões maternas para introdução de produtos ultraprocessados na alimentação de seus filhos durante o primeiro ano de vida. Métodos: Dados provenientes de estudo quantitativo de coorte prospectiva, estudo CLaB, com 656 binômios mãe/filho em Botucatu, São Paulo. Em sete momentos ao longo do primeiro ano de vida, foi aplicado questionário que avaliou a introdução (sim, não) na alimentação do lactente de 10 alimentos ultraprocessados: achocolatado, refrigerante, suco industrializado, suco em pó, queijo petit suisse, embutidos, biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, macarrão instantâneo e sorvete. No momento da primeira resposta “sim” para cada alimento, a razão para esta prática foi questionada. As respostas maternas foram agrupadas de acordo com sua natureza ou sentido. Resultado: Foi possível obter dados para 614 crianças da coorte. A mais frequente razão materna para introdução de ultraprocessados foi a alegação de que o bebê estava na “idade certa” de começar a receber estes alimentos. Bebidas adoçadas ultraprocessadas foram introduzidas porque a criança estava na "idade certa" ou o "bebê precisava" deste alimento. Entre os sólidos/semissólidos, os mais oferecidos foram queijo petit suisse (71,17%) e sorvete (42,67%), com as mães citando "bebê precisa" como a principal razão para ofertá-los. Conclusão: A introdução de AUP no primeiro ano reflete a percepção materna desses produtos como parte da rotina alimentar infantil, destacando a importância de estratégias educativas e intervenções multissetoriais para promover a alimentação saudável na primeira infância.

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Publicado

2025-11-17

Como Citar

1.
da Silva Adriano T, da Silva Alves M, de Barros Gomes C, de Barros Leite Carvalhaes MA. As Razões maternas para oferta de alimentos ultraprocessados a lactentes menores de um ano: resultados do estudo CLaB. DEMETRA [Internet]. 17º de novembro de 2025 [citado 22º de novembro de 2025];20:e88901. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/demetra/article/view/88901

Edição

Seção

Alimentação e Nutrição em Saúde Coletiva