Educação Alimentar e Nutricional como estratégia de promoção da Segurança Alimentar e Nutricional: análise de ações divulgadas nas redes sociais de instituições não governamentais atuantes no combate à fome

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/demetra.2025.83955

Palavras-chave:

Educação Alimentar e Nutricional. Segurança Alimentar. Direito Humano à Alimentação Adequada. Redes Sociais On-line.

Resumo

Introdução: A Educação Alimentar e Nutricional (EAN) é um campo de conhecimento que busca promover a prática autônoma e voluntária de hábitos alimentares saudáveis fundamentais para o acesso ao Direito Humano à Alimentação Adequada. Objetivo: O propósito deste estudo foi examinar e avaliar práticas de EAN divulgadas nas redes sociais de instituições que atuam no combate à fome, refletindo criticamente como os princípios do Marco de Referência em EAN se articulam com as ações divulgadas nessas plataformas, reconhecendo a importância política dessa análise para a promoção da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN). Com a questão de estudo “De que forma práticas educativas associadas ao comer, divulgadas em redes sociais, estão alinhadas à princípios do campo político da alimentação?”, tomamos por base elementos pedagógicos de Paulo Freire para uma educação transformadora, enquanto suporte teórico crítico-reflexivo. Método: A presente pesquisa é de cunho qualitativo, de caráter exploratório, tendo como lócus o Instagram de organizações e movimentos sociais com perfis públicos, selecionadas para análise de postagens de ações de EAN. Resultado: Foram encontradas 24 instituições que divulgaram diferentes iniciativas educativas e, a partir dos princípios de EAN, percebemos que, ainda que haja certa complexidade na implementação de hortas e atividades culinárias, práticas educativas mais recorrentes no estudo, essas ações fortalecem a materialização local de uma política universal. Conclusão: Na miríade de possibilidades de práticas educativas, compreendemos que aquelas que promovem pertencimento e experimentação dos sujeitos no cotidiano da vida carregam a potência de transformação, reafirmando a educação, especialmente, a alimentar, enquanto ato político, como alicerçado na perspectiva freiriana.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Mariana Almeida Viveiros de Castro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Nutrição Josué de Castro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Nutricionista, pós graduada em Nutrição Coletiva pela UFRJ

Verônica Oliveira, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Nutrição Josué de Castro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Docente do Instituo de Nutrição Josué de Castro, UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 

Referências

1. Assembleia Geral da ONU.1948 Declaração Universal dos Direitos Humanos [Internet]. [Acesso 3 dez. 2022]. Disponível em: https://www.oas.org/dil/port/1948%20Declara%C3%A7%C3%A3o%20Universal%20dos%20Direitos%20Humanos.pdf

2. Silva MZT Da. A segurança e a soberania alimentares: conceitos e possibilidades de combate à fome no Brasil [Internet]. Revista de Ciência Sociais Configurações. 2020. https://doi.org/10.4000/configuracoes.8626

3. Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura (IICA), Conselho Nacional e Segurança Alimentar e Nutricional B (Brasil) (CONSEA). Construção do sistema e da política de segurança alimentar e nutricional: a experiência brasileira. Brasília, Brasil: 2009.

4. Brasil. Lei no 11.346, de 15 de setembro de 2006. D.O.U de 18/09/2006, pág. no 1; 2006 [acesso 3 dez. 2022]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11346.htm

5. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). High Level Painel of Experts (HLPE). Food securityandnutritionbuilding a global narrativetowards 2030[Internet]. 2020 [acesso 8 set. 2022]. Disponível em: https://www.fao.org/3/ca9731en/ca9731en.pdf

6. Rede PENSSAN. Relatorio-II-VIGISAN-2022[Internet]. 2022 [acesso 3 dez. 2022]. Disponível em: https://olheparaafome.com.br/wp-content/uploads/2022/06/Relatorio-II-VIGISAN-2022.pdf

7. Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.Mais de 24,4 milhões de pessoas saem da situação de fome no Brasil em 2023[Internet]. 2024 [acesso 24 abr. 2024]. Disponível em: https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202404/24-4-milhoes-de-pessoas-saem-da-situacao-de-fome-no-brasil-em-2023

8. Brasil.Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas [Internet].Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social; 2012 [acesso 29 abr. 2023].Disponível em: https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2017/03/marco_EAN.pdf

9. Gadotti M. Educação popular, educação social, educação comunitária conceitos e práticas diversas, cimentadas por uma causa comum [Internet]. Congresso Internacional de Pedagogia Social, 4, São Paulo, SP: Associação Brasileira de Educadores Sociais; 2012 [acesso 5 dez. 2022]. Disponível em: http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=MSC0000000092012000200013&lng=en&nrm=iso

10. Botelho FC, França Junior I. Como a atenção primária à saúde pode fortalecer a alimentação adequada enquanto direito na américa latina? [Internet]Rev Panam de Salud Publica. 2018;42. https://doi.org/10.26633/RPSP.2018.159

11. Contreras J e Gracias M. Alimentação, Sociedade e Cultura. 1ª.ed. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2011.

12. Brasil. Ministério da Saúde. Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional: Uma celebração dos 10 anos do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as políticas públicas [Internet] 2023 [acesso 24 mar. 2024]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/laboratorio_inovacao_educacao_alimentar_10anos.pdf

13. Bernardes F, Barbosa C. Movimentos sociais na era da internet: por todas as formas de ativismo [Internet]. Revista Midia e Cotidiano2018;12(1):6-23. https://doi.org/https://doi.org/10.22409/ppgmc.v12i1.9859

14. Martins, BC. Maternidade editada: o processo de introdução alimentar no Instagram [Internet}. Rio de Janeiro. UFRJ;fev.2020. [acesso 30 set. 2022]. Disponível em: https://ppgn.ufrj.br/wp-content/uploads/2022/06/Bianca-Cristina-Camargo-Martins-dissertacao.pdf

15. Marteleto RM. Análise de redes sociais- aplicação nos estudos de transferência da informação.Ciência da informação [Internet] 2001;30(1)71-81. https://doi.org/10.1590/S0100-19652001000100009

16. Freire P. Pedagogia Dos Sonhos Possíveis. 1ª ed. São Paulo: UNESP; 2001.

17. Freire P. Pedagogia do Oprimido. vol. 21. 17ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1987.

18. Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social. Princípios e práticas para educação alimentar e nutricional [Internet]. Brasília, DF; 2018 [acesso 5 nov. 2022]. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/arquivo/seguranca_alimentar/caisan/Publicacao/Educacao_Alimentar_Nutricional/21_Principios_Praticas_para_EAN.pdf

19. Freire P. Pedagogia Da Autonomia: Saberes Necessários À Prática Educativa. 25ª.ed. São Paulo: Paz e Terra; 1996.

20. Fontana SZ. O papel da educação alimentar e nutricional na perspectiva da educação popular na escola [Internet]. In: XXIV Jornada de Pesquisa; [s.l.]: Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ;2019 [acesso 27 nov. 2022]. Disponível em: https://www.publicacoeseventos.unijui.edu.br/index.php/salaoconhecimento/article/view/12386/11059.

21. Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Sistemas alimentares e nutrição: a experiência brasileira para enfrentar todas as formas de má nutrição [Internet]. Brasília, DF: OPAS; 2017 [acesso 4 mar. 2022]. Disponível em: https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2017/09/oms.pdf

22. De Farias ÉRD, Da Cruz BBS, De Oliveira BR, Beltrão ME de A, Ribeiro VEF, Da Silva VME, et al. As perspectivas da pedagogia freireana e a sua influência sobre a educação alimentar e nutricional: uma revisão de literatura [Internet]. Brazilian Journal of Development 2021;7:105449-54. Disponível em: https://doi.org/10.34117/bjdv7n11-258

23. Nespoli G, Paro CA, De Oliveira Lima L, Silva CRA. Por uma pedagogia do cuidado: reflexões e apontamentos com base na educação popular em saúde [Internet]. Interface: Communication, Health, Education 2020;24:1-14. https://doi.org/10.1590/interface.200149

24. Chris Van Tulleken. Gente Ultraprocessada. 1ª ed. São Paulo: Elefante; 2024.

25. Vasconcelos ACCP de, Magalhães R. Práticas educativas em segurança alimentar e nutricional: reflexões a partir da experiência da estratégia saúde da família em João Pessoa [Internet].PB, Brasil. Interface: Communication, Health, Education 2016;20:99-110. https://doi.org/10.1590/1807-57622015.0156

26. Bentes A. #Dobras 15 // Instagramização da Vida: uma curadoria do visível [Internet].Rio de Janeiro. MediaLab UFRJ 2018 [acesso 23 mar. 2024]. Disponível em: https://medialabufrj.net/blog/2018/08/dobras-15-instagramizacao-da-vida-uma-curadoria-do-visivel/

27. Portilho F. Ativismo alimentar e consumo político: duas gerações de ativismo alimentar no Brasil [Internet]. Redes 2020;25(2):411-32. https://doi.org/10.17058/redes.v25i2.15088

28. Hermsdorff HHM, Baião PM. Advocacy e controle social na saúde [Internet]. Viçosa, MG: L. D. Borges; 2020 [acesso 28 out. 2023]. Disponível em: https://www.ippds.ufv.br/wp-content/uploads/2021/05/Controle-Social-e-Advocacy-2.pdf

29. Coelho DEP, Bogus CM. Vivências de plantar e comer: a horta escolar como prática educativa, sob a perspectiva dos educadores. Saúde e Sociedade 2016;25:761-71. https://doi.org/10.1590/S0104-12902016149487.

30. Costa MS. Horta comunitária como um instrumento de apoio à segurança alimentar [Internet]. In: Anais do XXII ENGEMA – Encontro Internacional sobre Gestão Empresarial e Meio Ambiente; 2020 [acesso 26 novembro 2022]. São Paulo: Universidade Nove de Julho – UNINOVE. Disponível em: https://engemausp.submissao.com.br/22/anais/resumo.php?cod_trabalho=404.

31. Gadotti M RJE. Escola Cidadã: A Hora Da Sociedade. Autonomia da escola: princípios e propostas., São Paulo: Cortez/Instituto Paulo Freire; 2004.

32. Bernardon R, Schmitz BAS, Recine EGI, Rodrigues MLCF, Gabriel CG. Hortas escolares no Distrito Federal, Brasil. Rev Nutr [Internet]. 2014;27(2):205-16. https://doi.org/10.1590/1415-52732014000200007

33. Coelho DEP, Bogus CM. Vivências de plantar e comer: A horta escolar como prática educativa, sob a perspectiva dos educadores [Internet]. Saúde e Sociedade 2016;25:761-71. https://doi.org/10.1590/S0104-12902016149487

34. Bourdieu P, Passeron J-Claude. Reprodução: Elementos Para Uma Teoria Do Sistema De Ensino. 7ª.ed. Rio de Janeiro: Editora Vozes.; 2014.

35. Castro IRR de, Souza TSN de, Maldonado LA, Caniné ES, Rotenberg S, Gugelmin SA. A culinária na promoção da alimentação saudável: delineamento e experimentação de método educativo dirigido a adolescentes e a profissionais das redes de saúde e de educação [Internet]. Revista de Nutrição 2007;20:571-88. https://doi.org/10.1590/S1415-52732007000600001

36. Diez-Garcia RW, Castro IRR de. A culinária como objeto de estudo e de intervenção no campo da alimentação e nutrição. Cien Saúde Colet.[Internet] 2011;16:91-8. https://doi.org/10.1590/S1413-81232011000100013

37. Menezes MFG, Maldonado LA. Do nutricionismo à comida: a culinária como estratégia metodológica de educação alimentar e nutricional. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto [Internet] 2015;14. https://doi.org/10.12957/rhupe.2015.19950

38. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira [Internet]. 2. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2014 [acesso 3 dez. 2022]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf

39. FAO, IFAD, UNICEF, WFP, WHO. The stateof food securityandnutrition in the world 2023 [Internet]. Roma: FAO; 2023. https://doi.org/10.4060/cc3017en

40. Oliveira MFB de, Castro IRR de. Autonomia culinária: um modelo conceitual multinível de culinária doméstica saudável [Internet]. Cad Saúde Pública 2022;38:EN178221. https://doi.org/10.1590/0102-311xpt178221

41. Doria C, Azevedo E. Banquetaço [Internet]. [Acesso 6 nov. 2022]. Disponível em: https://DiplomatiqueOrgBr/Banquetaco-Ativismo-Alimentar/

42. Freire P. Política e Educação: Ensaios / Paulo Freire. vol. 23. 5a ed. São Paulo: Cortez; 2001.

43. Freire P. Pedagogia da Tolerância. 3a ed. São Paulo: Paz e Terra; 2014.

Publicado

2025-08-30

Como Citar

1.
Almeida Viveiros de Castro M, Oliveira V. Educação Alimentar e Nutricional como estratégia de promoção da Segurança Alimentar e Nutricional: análise de ações divulgadas nas redes sociais de instituições não governamentais atuantes no combate à fome. DEMETRA [Internet]. 30º de agosto de 2025 [citado 23º de outubro de 2025];20:e83955. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/demetra/article/view/83955

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais em Alimentação