As habilidades culinárias do responsável pelas refeições na residência estão associadas com marcadores de consumo alimentar de crianças de 2 a 6 anos?
DOI:
https://doi.org/10.12957/demetra.2025.79149Palavras-chave:
Alimentação infantil. Alimentos ultraprocessados. Consumo alimentar.Resumo
Objetivo: Investigar as habilidades culinárias do responsável pelas refeições na residência e sua associação com marcadores da qualidade do consumo alimentar de crianças de 2 a 6 anos. Métodos: Estudo transversal realizado em Botucatu – SP, com alunos de escolas públicas (n=115). Foi aplicada escala validada que avalia a confiança do entrevistado em suas habilidades culinárias, gerando índice variando de 0 a 100 pontos. Marcadores do consumo alimentar da criança foram investigados e agrupados para criar um escore de consumo saudável (frutas, hortaliças, feijão) e de consumo não saudável (bebidas adoçadas, doces/guloseimas, macarrão instantâneo, embutidos). As associações foram investigadas por regressão linear e regressão de Poisson. Resultados: A média do escore de habilidades culinárias do responsável foi 80,11. Quanto ao escore de consumo saudável, a média foi 13,50 e o escore de consumo não saudável médio foi 10,35. Cada ponto a mais no escore de habilidades reduziu em média 0,28 ponto o escore de consumo não saudável. Não houve associação entre o escore de habilidades e marcadores do consumo saudável. Pela análise de regressão de Poisson múltipla, crianças com responsáveis no menor tercil do escore de habilidades culinárias tiveram mais chance de consumir macarrão instantâneo 4 ou mais vezes por semana (RP = 3,56; IC95% = 1,01-12.50), em comparação com aquelas com consumo menos frequente. Conclusões: Crianças cujos responsáveis eram menos confiantes em suas habilidades culinárias apresentaram escore de consumo não saudável maior e maiores chances de consumirem mais frequentemente um alimento marcador de consumo não saudável, o macarrão instantâneo.
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