Consumo alimentar de pacientes oncológicos: onde estão as inadequações?
DOI:
https://doi.org/10.12957/demetra.2024.68454Palavras-chave:
Qualidade da dieta. Efeitos colaterais. Alimentação saudável. Nutrição.Resumo
Introdução: Os hábitos alimentares podem influenciar diretamente no estado de saúde do indivíduo, e modulam o risco para doenças crônicas não transmissíveis, como o câncer. Objetivo: Avaliar a qualidade da dieta de indivíduos em tratamento oncológico. Métodos: Estudo transversal descritivo, com 50 indivíduos adultos em tratamento oncológico. Para a avaliação da qualidade da dieta, foram analisados os Recordatórios de 24 horas e aplicado o Índice de Qualidade da Dieta associado ao Guia Alimentar Digital - IQD-GAD. Foi avaliada a correlação do IQD-GAD com as variáveis de estudo por meio dos testes t-Student, ANOVA e coeficiente de correlação de Pearson. Resultados: A amostra do estudo apresentou predominância do sexo feminino (68%), com média de idade igual a 58 anos ± 12,0 anos. O tipo de neoplasia mais ocorrente entre as mulheres foi de mama (32%) e entre os homens, de intestino (6%). De acordo com o IQD-GAD, a maioria da população estudada foi classificada com qualidade da dieta intermediária (66%), enquanto 28% foram classificados com baixa qualidade e apenas 6% com boa qualidade. Do total da amostra, 48% dos pacientes estavam com excesso de peso e o sintoma mais relatado foi hiporexia, seguido de náuseas e vômitos. Conclusão: A qualidade da dieta de pacientes oncológicos foi classificada como intermediário, o que indica a necessidade de intervenções focadas em mudanças alimentares combinadas à minimização dos sintomas gastrointestinais para melhorara ingestão dietética e a resposta ao tratamento.
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